O Teatro do Parque lotou para ver a estreia de Consuella, documentário em curta-metragem dirigido por Alexandre Figueirôa (editor de O Grito!), que conta a história da famosa artista trans que foi pioneira em uma época de poucas políticas públicas e muito preconceito contra pessoas LGBTQIA+.
A partir de relatos de amigos de Consuella, o filme reconstitui a importância e memória da artista, que se consolidou como maquiadora de TV e teatro do Rio de Janeiro. Ela iniciou sua transição de gênero na Europa, onde acabou fazendo uma carreira de sucesso nos famosos cabarés de Paris. De volta ao Recife, causou furor nos bailes de Carnaval e na sociedade como um todo.
O curta também apresenta os bastidores da vida pessoal da artista e do impacto que ela teve na vida de jovens trans nos anos 1980 e 90. Márcia Vogue, uma das entrevistas e que esteve presente na première, lembra que Consuella foi uma figura materna importante. “Mammys, como eu chamo, era única. Eu não conheço outra artistas que foi mais pioneira do que Consuella antes da minha geração”, disse. “A travesti é pioneira, pois na época de Consuelo não existiam políticas públicas. O corpo da travesti era a política pública”.
Paulo Carvalho, que também conviveu com Consuellá, também esteve presente no evento e falou da emoção de ter vivenciado diferentes momentos da vida da artista.”Toda essa liberdade que temos na internet e fora dela eu vivi uma época que ninguém tinha. Eu vi Consuelo levar corrida da polícia, subir correndo em prédio, éramos perseguidos pela ditadura. Então, temos que agradecer por estarmos vivos e vendo tudo isso.”
A première do filme no Teatro do Parque contou ainda com o apoio da ONG Amotrans (Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco), que realizou arrecadação de alimentos para a organização.
Consuellá é uma realização da Revista O Grito! e tem direção de fotografia de Jonatan Oliveira e produção de Túlio Vasconcelos. A montagem é de João Maria.
Nova sessão de Consuella
Consuella terá nova exibição dia 18 de setembro, às 19h30 no Cinema da Fundação – Derby, seguido de debate com o diretor Alexandre Figueirôa e o crítico e programador Luiz Joaquim.
