Grande Recife
Ambientado no bairro olindense, o longa Rio Doce, de Fellipe Fernandes, mostra o protagonista Tiago (Okado do Canal) também em trânsito por outros espaços da RMR. (Foto: Divulgação/Vitrine Filmes).

5X: Os bairros do Grande Recife no cinema

Cinco filmes brasileiros que exploram diferentes paisagens e realidades da Região Metropolitana do Recife

De Rio Doce, em Olinda, a Muribeca, em Jaboatão, diversas são as realidades e paisagens que a Região Metropolitana do Recife, o Grande Recife, abriga. E essa pluralidade é um prato cheio para o cinema produzido no estado, que ao longo dos anos tem se valido desse leque de possibilidades para articular tensionamentos sociais e políticos ou explorar a potência cultural e artística em frames.

É por isso que na estreia da nossa nova lista 5X separamos cinco filmes que trazem diferentes bairros e regiões do Grande Recife para as telas.

Veja a lista de filmes “estrelados” pelos bairros do Grande Recife:

Rio Doce (2023), de Fellipe Fernandes

Protagonizado pelo ator e rapper Okado do Canal, Rio Doce acompanha a trajetória de Tiago, morador do homônimo bairro olindense e, a partir da vivência dele, costura um vivo e afetuoso retrato desse território e seus habitantes. Enquanto circula por Rio Doce e outros pontos do espaço urbano, o longa articula temas ainda caros a nós enquanto sociedade como racismo, conflitos de classes e modelos de paternidade e masculinidade.

Aquarius (2016), de Kleber Mendonça Filho

A orla de Boa Viagem, nas imediações do Pina, serve como pano de fundo para mostrar a luta da protagonista Clara, vivida por Sônia Braga, para manter de pé o edifício onde morou a vida toda depois que uma construtora insiste em demoli-lo. Ao articular a memória como uma importante dimensão do direito à cidade, Aquarius denuncia os efeitos nocivos da predatória especulação imobiliária na capital pernambucana.

Muribeca (2023), de Alcione Ferreira e Camilo Soares

O documentário resgata a história do Conjunto Habitacional Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, e leva às telas a resistência dos moradores para manter a comunidade e a memória do local vivas. Nomes como o quadrinista Flavão e o saudoso poeta Miró da Muribeca integram o rol de depoimentos que escancaram, além da dimensão do afeto, a verve artística e cultural do lugar.

Amor, Plástico e Barulho (2013), de Renata Pinheiro

O bairro de Brasília Teimosa é o cenário da envolvente trama que mergulha na romântica e sensual cena brega do Recife. No longa, Nash Laila vive Shelly, uma jovem dançarina que sonha ser cantora, e Maeve Jinkings é Jaqueline, uma experiente cantora que amarga o declínio da carreira. Sem pudores, o filme explora a atmosfera erótica que permeia a produção brega, ao mesmo tempo em que articula questões como rivalidade e empoderamento feminino.

O Som ao Redor (2012), de Kleber Mendonça Filho

A classe média do bairro de Setúbal, na Zona Sul do Recife, é o centro da narrativa neste que é o primeiro longa de ficção de Kleber Mendonça Filho. Na trama, uma milícia é contratada pelos moradores da região, sob a promessa de oferecer tranquilidade e segurança particular a todos, mas a presença dos guardas é motivo de tensão para alguns.

Grande Recife.
O Som ao Redor (2012) destaca as contradições na paisagem. (Foto: Victor Jucá/Divulgação).