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Fazer listas é criar cápsulas do tempo. Por isso, do ponto de vista editorial, esses especiais de final de ano também ajudam a refletir o estado do mundo e da arte no período. O que esses discos falam? Qual a urgência de seus temas? O que eles trazem de novo ao gênero do qual fazem parte?
A equipe da Revista O Grito! discute tudo isso na feitura das listas. E é um tal de bota disco, tira disco, faz contas, sobe e desce posições. Poucos anos foram tão difíceis quanto 2025. É um ano em que o pop brasileiro deu um salto gigantesco – sobretudo na inventividade sonora. Apostamos que trabalhos comoRock Doido, de Gaby Amarantos e Carranca, de Urias irão envelhecer super bem e se posicionarão como novos clássicos.
E o que dizer de Jadsa e seu trabalho altamente complexo? O ano acabou e sentimos que ainda estamos “descobrindo” o disco. O mesmo vale para excelentes trabalhos como os de Don L, BK e Luedji Luna, que seguem surpreendendo a cada audição.
Entre os internacionais, muito experimentalismo: Rosalía, FKA twigs e Bad Bunny buscaram referências tradicionais e as colocaram em diálogo com ritmos modernos, o que gerou resultados surpreendentes. E tem muitos outros discos na lista que, com certeza, você irá descobrir.
A nossa lista, como você bem sabe, não distingue artistas brasileiros de estrangeiros. Boa leitura!
Especial Melhores de 2025

30
Batucada Tamarindo – Olóri – Agbáyé
Há algum tempo que “ancestralidade” e “raízes” se tornaram termos bem frequentes na música brasileira – do mainstream ao alternativo – com recortes temporais e territoriais diversos, mas quase sempre seguindo a lógica de que o ancestral existe como uma relíquia, sem ser tocada ou adaptada ao contemporâneo. Em vez disso, o grupo Batucada Tamarindo trata sua ancestralidade como matéria sob a qual se constrói algo novo. Olóri – Agbáyé, segundo álbum do grupo, tira inspiração das manifestações populares da Zona da Mata de Pernambuco – sobretudo o Maracatu Rural – e as reveste com grooves, instrumentos eletrônicos, instrumentos de corda elétricos e percussões, ao mesmo tempo que todos esses elementos modernos incorporam os pontos de jurema cantados pelas mestras populares. – Leia a crítica completa.

29
Amaarae – Black Star
A bandeira de Gana estampa a capa do novo disco de Amaarae, cantora que tornou-se um dos expoentes da renovação do R&B e do pop ocidental. Nascida em Nova York, filha de pais ganenses, a artista cresceu no país africano onde iniciou sua carreira. Ao se colocar como a estrela negra no centro da bandeira, a cantora reforça o seu interesse em ampliar a sua pesquisa afrodiaspórica em suas diversas intersecções com a eletrônica e o pop. – Paulo Floro.

28
Ventura Profana – Todo Cuidado é Pouco
Cinco anos depois, em Todo Cuidado É Pouco, a pastora e multiartista baiana faz uma mudança de paradigma, e passado o conflito, agora canta sua vitória. Se antes as letras eram guiadas por uma urgência combativa, agora sua música tem uma atmosfera mais contemplativa e reflexiva. Ventura Profana tem uma poesia certeira, com uma habilidade especial para construir imagens para quem a escuta. Aqui ela consegue ir além da denúncia social e dos gritos de guerra para explorar o seu trajeto de vida do jeito mais humano possível. Leia a crítica completa. – Antônio Lira.

27
Gomes – Puro Transe
Puro Transe é descolado, com uma pegada cheia de frescor que remete ao bedroom pop em alguns momentos (apesar de contar com um time na produção musical) e que lembra levemente Dua Lipa nos seus primeiros trabalhos lançados, ou Pinkpantheress se formos pensar em referências mais atuais. Todas essas nuances vêm através da produção coesa que passeia pelos gêneros da música eletrônica na maior parte do tempo, quase permanecendo por lá. O álbum trabalha bem os encontros entre pop, música eletrônica e funk, e chega ao limite dessa mistura que, junto com as letras, tem uma pegada que se aproxima de uma espécie de sofrência pop feita para as pistas de dança. Leia a crítica completa. – Antônio Lira.

26
Deafheaven – Lonely People With Power
A banda californiana Deafheaven explora novas propostas sonoras neste novo trabalho, Lonely People With Power, mas sem deixar de lado sua assinatura inconfundível, como o paredão sonoro de guitarras e os vocais guturais do vocalista George Clark. A estética do grupo ainda aplica a fórmula dos trabalhos anteriores, com as interpretações atormentadas em canções que trazem um estilo emocional, agressivo, mas ao mesmo tempo soturno. Mas o fã mais atento vai notar um refinamento nessa proposta, ainda que o disco guarde semelhanças com a brutalidade metaleira de New Bermuda (2015), um dos clássicos da banda. Há, por exemplo, aproximações com o death metal, de sons absurdamente pesados e vocais gritados, mas agora convivendo com vocais cantados, quase singelos. Essa dicotomia por vezes aparece na mesma faixa, com um resultado excelente, como é o caso de “Heathen”. Leia a crítica completa. – Paulo Floro.

25
Milo J – La Vida Era Más Corta
O cantor argentino Milo J fez desse segundo álbum solo o seu trabalho mais ambicioso. A ambição aqui é ampliar seu alcance para explorar outras propostas sonoras, sem deixar de lado o verniz pop acumulado por sua trajetória no rap/trap. Com letras intimistas e interpretações permeadas por uma variação impressionante, o disco se baseia em reminescências de sua infância, mas busca ainda discutir temas mais amplos, como amizade e morte. O modo como Milo conseguiu agregar referências da música tradicional latina é outro ponto forte. – Paulo Floro.

24
Stefani – Bunmi
Demorou 20 anos para que Stefanie lançasse este primeiro disco de estúdio. Mas isso não impediu a MC e compositora carioca de construir uma sólida e influente carreira no rap. Com um estilo de rimar cheio de personalidade e letras que retratam suas vivências, a artista faz desse trabalho uma celebração de sua história. O cenário do rap se faz presente aqui, o que evidencia sua estatura no hip hop BR: Luedji Luna, Emicida, Rashid, Nega Gizza, Cris SNJ e Mahmundi são alguns dos nomes que participam da obra. – Paulo Floro.

23
Baianasystem – O Mundo dá Voltas
O Mundo Dá Voltas é uma celebração à identidade do BaianaSystem. Ao investir em um disco inteiramente colaborativo e com uma sonoridade desacelerada, a banda nos mostra a capacidade de reinventar sua própria fórmula sem perder a essência. Se por um lado há um distanciamento da efervescência de seus trabalhos anteriores, por outro, há uma riqueza musical que valoriza as influências e os diálogos sonoros que sempre marcaram sua trajetória. No fim, o álbum se apresenta como um convite para escutar o BaianaSystem sob uma nova perspectiva, sem perder de vista o que os tornou tão reconhecíveis. Leia a resenha completa. – Paulo Floro.

22
Sophia Chablau e Felipe Vaqueiro – Handycam
O disco colaborativo de Sophia Chablau e Felipe Vaqueiro delineia com precisão a intersecção da música de cada um deles. Suas canções encontram, de modo muito natural, o rock na música brasileira, bem como a música brasileira no rock. O fazem a partir da intimidade de seus temas, remontam cenários pessoais, confessam angústias e descrevem paixões. Inventam imagens de um mundo muito real, outro muito sonhado, exatamente como uma câmera na mão. – Pedro Antunes de Paula.

21
Lia de Itamaracá e Daúde – Pelos Olhos do Mar
Lia de Itamaracá e Daúde celebram neste disco a potência das matriarcas da cultura brasileira. Misturando canções inéditas e clássicos como “A galeria do amor” e “Quem é”, as duas artistas misturam axé, ciranda, samba e coco, o álbum traz letras que perfazem a dor e a delícia das mulheres negras no Brasil. A voz rústica de Lia e a grave de Daúde rendem um intercâmbio muito bonito em um disco belamente arranjado. Entre os compositores do trabalho estão nomes como Karina Bühr, Chico César e Emicida. – Paulo Floro.

20
Oneohtrix Point Never – Tranquilizer
A música de Oneohtrix parte de um pressuposto muito objetivo: o de que sons carregam em si, por sua própria vida cultural, sensações de tempo. Utilizar samples de arquivos de uma década específica, ou seja, modelos sonoros do que seria moderno em sua época, é materializar isso de forma muito direta. O arquivo, neste caso, funciona como uma cápsula do tempo, ou o próprio tempo enclausurado nesses sons. Disso, a obra de Daniel Lopatin parece brincar com ponteiros, assimilar anacronismos ou mergulhar em nostalgias. Leia a crítica completa aqui. – Pedro Antunes de Paula.

19
Geese – Getting Killed
A banda nova-iorquina apresenta um trabalho que, em uma primeira escuta, pode soar caótico, mas contém muita força na doçura de suas passagens, mesmo que ela esteja embalada pelos berros da voz extravagante de Cameron Winter ou pela bateria potentíssima de Max Bassin. “Getting Killed” emociona pela crueza de suas letras e, ao mesmo tempo, sua capacidade de construir cenários estranhos, situações imperfeitas. Seu trabalho de instrumental oscila entre a agressividade descompassada e uma simplicidade muito eficiente. – Pedro Antunes de Paula.

18
Marina Sena – Coisas Naturais
Em Coisas Naturais, felizmente, a artista decidiu se voltar para aquilo que a alimenta artisticamente e produzir a partir disso: a música latina e a música brasileira. Em seu espectro de influências passam Zé Coco do Riachão, músico e rabequeiro do norte de Minas Gerais, o funk carioca, o reggaeton e, claro, a MPB dos anos 1960. O resultado é um álbum que sabe fazer “Mágico”, um disco-pop à la Marcos Valle, conversar com os elementos da bossa nova em “Ouro de Tolo”, o brega de “Lua Cheia” e rock psicodélico em “Numa Ilha”. Leia resenha completa. – Antônio Lira.

17
Luedji Luna – Antes Que a Terra Acabe
Em um ano altamente prolífico (com dois discos lançados), Luedji Luna ampliou o alcance de seus interesses artísticos. Após se tornar uma das principais vozes do pop em trabalhos como Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água, a cantora passou a experimentar em ritmos como jazz, afrobeat, funk e neosoul nesse Antes Que a Terra Acabe. Sua poética segue investigando os percalços da busca incessante de amar e ser amada. – Paulo Floro.

16
Wednesday – Bleeds
Um dos nomes mais interessantes da renovação do rock atual, a banda Wednesday segue aprofundando sua mistura de indie, country alternativo e noise com letras que falam de dor, desejo e rupturas de maneira muito direta, mas profunda. O caldo de referências se amplia nesse disco, mas o norte segue sendo o som nostálgico dos anos 1990, mas com uma lírica muito fincada nas questões dos dias atuais. A interpretação da vocalista Karly Hartzman segue sendo um dos pontos fortes. – Paulo Floro.

15
Hanne Lippard, Ellen Arkbro e Hampus Lindwall – How do I know If My Cat Likes Me?
Há discos que funcionam como coleções de músicas, faixas agrupadas por recortes específicos, temáticos ou temporais. Porém, há propostas que parecem extrapolar os sentidos primários da música e conseguem conceber novos ambientes de linguagem. Uma imersão em mundo novo de sentidos, semelhante a deparar-se com universos ficcionais. “How do I know if my cat likes me?”alcança com precisão esse estado criativo ao satirizar um cotidiano ultraprotocolar, o delírio que uma sociedade hipercapitalista torna realidade. Leia a crítica completa aqui. – Pedro Antunes de Paula.

14
FKA twigs – EUSEXUA
FKA twigs afirmou que EUSEXUA, disco trabalhado pela artista desde o meio do ano passado, era um “estado de espírito”. Mais do que apenas papo de marketing para trabalhar o conceito da obra, a afirmação faz sentido pelo que o trabalho tem de sensorial e sinestésico. Unindo batidas eletrônicas que fogem do convencional, o disco aprofunda o interesse da artista em explorar diferentes paisagens do pop, alinhadas ao seu vocal agudo e com muito alcance. As letras discutem problemáticas de um mundo pós-tudo, em que as antigas convenções sobre sexualidade, desejo e corpo se tornam cada vez mais desconstruídas. – Paulo Floro.

13
Dijon – Baby
Dijon propõe neste disco uma fusão muito interessante entre R&B, folk e música experimental, com letras que ressaltam a vulnerabilidade de quem alcançou a maturidade da vida adulta. É um trabalho muito delicado sobre ficar em casa, relacionamentos, amizade e outras temáticas aparentemente banais, mas que são fascinantes quando abordadas com talento. As composições são pensadas para valorizar a escuta atenta, pois este é um disco que não tem o impacto instantâneo preconizado pelo pop mais comercial. – Paulo Floro.

12
caroline – caroline 2
O segundo disco da banda inglesa caroline tem na dessincronia e sobreposição de elementos o maior trunfo do trabalho. Algumas faixas aqui se comportam como cascatas sonoras, quebra-cabeças de tempo, montagens. Seu formato de oito integrantes transparece na quantidade de instrumentos articulados com independência e simultaneidade. Diversas faixas se apresentam como sugestões musicais de contornos borrados. Os elementos dispostos parecem querer escapar da vértebra das canções, trazem esse aspecto livre e elástico, mas nunca se perdem em sua indefinição. Um feito. – Pedro Antunes de Paula

11
Don L – Caro Vapor II – qual a forma de pagamento?
Don L é um dos mais ambiciosos rappers do Brasil hoje, musicalmente falando, mas sobretudo por seu interesse em levar o gênero a um espaço totalmente novo. Ou seja: é um desejo genuíno de fazer o rap dialogar de igual para igual com outros ritmos mais tradicionais. Este novo disco traz uma articulação muito fluida sobre temas como racismo, política e identidade, sempre com uma escrita marcada pela ironia. Um clássico moderno do rap enquanto crônica do tempo presente. – Paulo Floro.

10
Blood Orange – Essex Honey
Dev Haynes segue inspirado neste disco em que discute memória e identidade a partir de uma escrita altamente confessional. Suas letras carregam a vulnerabilidade que fazem com que seus fãs se reconheçam em diversas daquelas situações, sobretudo a partir de uma experiência negra no mundo de hoje. Essex Honey, é, portanto, também um manifesto político que coordena com maestria questões urgentes sem deixar a complexidade de lado. Musicalmente, Haynes segue investindo no R&B, mas agora com adições de soul e música ambiente. – Paulo Floro.

09
Perfume Genius – Glory
Em Glory encontramos Mark Hadreas em seu momento mais emocionalmente seguro. Isso trouxe uma musicalidade bem diferente em relação aos seus discos anteriores. As canções tratam de desejo, fragilidades, masculinidades e envelhecimento a partir de uma perspectiva mais assertiva. O Perfume Genius segue sendo uma crônica sobre a experiência queer no mundo moderno, sempre com muita nuances e de uma perspectiva muito íntima. Permeado por momentos mais intensos e outros mais introspectivos, esse novo álbum é o mais pesado deste ótimo projeto. – Paulo Floro.

08
EBONY – KM2
Inspirado pela sua cidade natal e rimando sobre suas experiências na infância, a rapper Ebony se mostra muito vulnerável e aberta neste ótimo KM2. Com beats secos e uma poética muito direta e contundente, a rapper fala de território, identidade, sobrevivência, além de superação de traumas e abusos. Tudo com um equilíbrio preciso entre reflexão e catarse. Um disco potente de uma das maiores vozes no hip hop nacional hoje. – Alexandre Figueirôa.

07
Rosalía – LUX
Tradição e futurismo se encontram neste novo projeto da espanhola Rosalía, que segue sendo uma das mais experimentais entre as artistas do primeiro panteão do pop. Com uma pesquisa que articula músicas tradicionais de diversas origens europeias, eletrônica e cancioneiro erudito, a cantora mostrou que é possível equilibrar um conceito estético ousado com apelo comercial. LUX traz uma produção muito bem azeitada e complexa que só alguém como Rosalía conseguiria dar conta. – Paulo Floro.

06
Smerz – Big City Life
Outro exemplo do bom momento do rock em 2025 é este disco do Smerz. O trabalho traz um jogo interessante entre silêncios e barulho em uma produção marcada pelo minimalismo. Os vocais trafegam pelo lo-fi, mas trazem uma das interpretações mais interessantes no gênero em muito tempo. Impossível não ser afetado pela experiência imersiva já nas primeiras audições. Suas letras traduzem a inquietude da vida contemporânea urbana, sobretudo o sufocamento causado pelo excesso de informação e a aridez afetiva das relações humanas. – Paulo Floro.

05
BK – Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer
BK’ é um dos rappers mais importantes do Brasil hoje. Com carreira sólida, o artista carioca gradualmente se converteu em ícone e cimentou esse posto com o disco Icarus (2022), que foi um projeto bem recebido tanto pela crítica quanto pelo público. Agora, em Diamantes, Lágrimas e Rostos Para Esquecer é, talvez, o primeiro álbum de BK’ onde tem consciência da relevância que ele tem. Esse é um movimento que me parece comum: artistas bem-sucedidos colocam a sua trajetória em perspectiva e percebem o legado que estão construindo. A partir da autorreflexão, fazem um disco onde olham para si. O DLRE é um álbum feito em primeira pessoa, e não só porque os versos são narrados na primeira pessoa, mas é porque tudo está associado a BK’. É um disco para dar vazão a autopercepção, com um tom confessional muito pronunciado. Leia resenha completa. – Antônio Lira.

04
Bad Bunny – DeBÍ TiRAR MáS FOToS
A sua herança porto-riquenha se mostra mais forte na produção do disco, que vai se afunilando nos ritmos e nas referências do cantor. Se no início somos bombardeados pelo Reggaeton e Dembow, ambos bem reconhecíveis, à medida que o disco se reproduz é que entramos cada vez mais em Porto Rico, e então aparecem ritmos típicos como a Salsa, a Plena e a Bomba, mas sempre contornados de uma produção modernosa, cheia de synths, auto-tune e elementos eletrônicos. As letras, extremamente pessoais, navegam pelos temas da paixão, da saudade e os relacionamentos interrompidos, quase sempre explicados em formas de metáforas com os lugares e costumes do arquipélago porto-riquenho; uma demonstração do aspecto indissociável entre o artista e o lugar. Apesar do lado politicamente crítico se tornar explícito em apenas uma faixa do disco, o tom social e a valorização histórica de Porto Rico aparece no disco inteiro através de elementos mais sutis. Bad Bunny faz um processo reverso: em vez de trazer elementos da música latina ao Pop, ele dobra o gênero e toma alguns de suas características para abrilhantar os sons de Porto Rico. Leia resenha completa. – Antônio Lira.

03
Urias – Carranca
Depois de fazer discos marcados pelo apelo às pistas, Urias mostra todo seu alcance como artista em um trabalho que articula MPB, funk, eletrônico, rap e soul para falar de racismo, afirmação trans e corpos diaspóricos no Brasil de hoje com muita segurança. Carranca é um dos trabalhos mais políticos do pop brasileiro este ano e discute com muito vigor temas como apropriação cultural, violência, sempre disposta para o combate, sem consenso. Seu lirismo é muito bonito, ricamente produzido, mas Urias recusa suavizações, pois é um trabalho que busca transformar em música toda a inquietação, raiva e urgência que refletem os tempos que correm no Brasil de 2025. – Paulo Floro.

02
Jadsa – big buraco
Em big buraco, Jadsa se firma como intérprete de sua própria obra. Ao passear por
seu universo musical, do reggae, neo-soul à música popular bem brasileira, impõe
sua voz e escrita com muita leveza, mas uma força que só se vê em grandes nomes da
nossa música. Suas letras são afetuosas, por vezes sarcásticas, acompanhadas de uma
instrumental limpo, quente, e com misturas muito bem desenhadas. É desafiador
encontrar um disco com mais charme que esse. – Pedro Antunes de Paula.

01
Gaby Amarantos – Rock Doido
O que é fazer pop no Brasil hoje? Esse questionamento está plenamente respondido neste novo trabalho de Gaby Amarantos. A resposta é tão simples quanto um bom hit deve ser: pode ser o que quiser. Rock Doido é uma injeção de autoestima no nosso jeito de fazer música pop, com alegria, inventividade, originalidade, sem nenhuma amarra às convenções que o gênero acumulou ao longo dos anos. É também um trabalho que celebra o poder da cultura do Norte do país, sobretudo de Belém do Pará. Mas Gaby liga seu radar para diversos ritmos latinos que se encontram e se transformam nas aparelhagens paraenses. As letras cheias de sagacidade abarcam um monte de temas, de desejo a identidade, mas sempre com muita personalidade. Um clássico moderno do pop BR. – Paulo Floro.


