Exposição de Lia Letícia discute através da arte a opressão e a desigualdade social

Mostra estreia neste sábado (15) no Rio de Janeiro

DESCULPE2 Adlaberto Oliveira
Foto: Adalberto Oliveira. (Divulgação).

“Desculpe atrapalhar o silêncio de sua viagem” é uma frase ouvida corriqueiramente nos transportes públicos por trabalhadores informais que buscam seu sustento exercendo essa atividade de comércio ainda que ilegal. Tal frase intitula não só um trabalho mas como toda uma exposição que reúne obras de Lia Letícia, artista gaúcha e radicada no Recife desde 1998. A curadoria é de Clarissa Diniz, nesta mostra que tem como objetivo apresentar singularidades do percurso de Lia e seu fôlego em representar corpos invisibilizados ou excluídos da história oficial da arte.

É que os transportes públicos também são palco para músicos, poetas, dançarinos e vários outros artistas, servindo como um mote para os contextos geopolíticos, que permeiam as desigualdades sociais e corpos oprimidos presentes na exposição que fica disponível a partir deste sábado (15) no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro.

Em cartaz até o dia 26 de agosto, com visitação de segunda a sábado, das 10h às 18h, e entrada franca, Desculpe Atrapalhar O Silêncio De Sua Viagem apresenta obras, práticas, intervenções e documentos que conectam os cenários em constante transformação do Rio Grande do Sul, Pernambuco e Rio de Janeiro.

“É nessa complexidade política, social e estética das formas de trabalho que se inscreve a obra de Lia Letícia. Nesse contexto, sua obra atua não apenas como denúncia, mas como uma provocativa, irônica, inventiva e bem-humorada terapêutica social. A exposição é um convite para a aproximação desses públicos às práticas da artista que também fará uma criação coletiva junto a doceiras da Saara”, destaca a curadora Clarissa Diniz. 

A obra que leva o nome da exposição foi um trabalho conjunto de Lia Letícia com o musicista Jessé de Paulo, que tocava nos coletivos de Recife, e atuou de forma ativa. Também integra Thinya (2015-2019), obra realizada pela artista a partir de duas residências artísticas, uma em Berlim, na Alemanha, e outra no Território Indígena Fulni-ô, agreste de Pernambuco.

“Lia é uma artista com uma trajetória longa, percorrendo muitas linguagens e interesses distintos. Apesar da complexidade e densidade de sua obra, ela não circulou tanto no Rio de Janeiro. A vontade foi a de compartilhar essa pesquisa de Lia com outros públicos, outros territórios. Esta exposição também nasce de minha admiração por Lia e pela vontade de retomar e expandir esse diálogo”, revelou Clarissa Diniz.

Confira algumas prévias das obras: