Curtas Yanomami serão exibidos no 80º Festival de Veneza

Entre eles, está Mãri Hi – A Árvore Do Sonho, vencedor do É Tudo Verdade, que traz como protagonista o grande líder e xamã Yanomami Davi Kopenawa

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Entre as produções está Mãri Hi – A Árvore Do Sonho, de Morzaniel Ɨramari. (Foto: Morzaniel Ɨramari/Divulgação).

Por ocasião da 80ª edição do Festival de Veneza, a Isola Edipo, em colaboração com a Mostra Giornate degli Autori, reservou um dia especial para o cinema indígena. No dia 4 de setembro, acontecerá o Eyes of the Forest (Olhos da Floresta, na tradução para o português), que exibirá três curtas-metragens Yanomami, na Sala Laguna. Será um dia dedicado ao primeiro cineasta Yanomami Morzaniel Ɨramari e ao Cinema Indígena Yanomami no Brasil.

Entre as produções está Mãri Hi – A Árvore Do Sonho, de Morzaniel. Ganhador na categoria Melhor Documentário de Curta-Metragem Nacional, no Festival É Tudo Verdade de 2023, o filme conta com a participação do grande líder e xamã Davi Kopenawa, que apresenta o conhecimento dos Yanomami sobre os sonhos.

Também ganharão exibição os curtas Thuё Pihi Kuuwi – Uma Mulher Pensando e Yuri U Xёatima Thё – A Pesca com Timbó, ambos de Aida Harika, Roseane Yariana e Edmar Tokorino. Estes são os primeiros filmes dos cineastas e estão entre os primeiros filmes dirigidos por mulheres Yanomami que farão sua estreia em um Festival de Cinema Internacional.

“Nós, Yanomami, somos habitantes da floresta Amazônica. No Brasil, somos quase 30 mil pessoas. A terra-floresta é nossa mãe e cuida do povo Yanomami. Desejamos viver em paz, com alegria e fazendo nossas festas. Os napë pë (brancos, inimigos) gostam de destruir a floresta e pegar as riquezas da terra. Hoje o garimpo ilegal invadiu nosso território, estamos tristes por perder tantos parentes e ver nossas crianças morrendo por doenças. Nosso rio está sujo de lama e mercúrio, mas nosso território é forte por dentro. Com a árvore do sonho, nós sonhamos longe e os xamãs sonham ainda mais longe, conhecem o canto e a dança dos espíritos, o sonho do rio, o sonho do mundo”, destaca Morzaniel Ɨramari.

Os três curtas são uma produção Aruac Filmes com coprodução da Hutukara Associação Yanomami e produção associada da Gata Maior Filmes. Os filmes contam com o apoio institucional do Instituto Socioambiental e apoio de uma rede de fundações e instituições internacionais que trabalham diretamente com a Amazônia Brasileira.