Crítica-Disco: Shopping e o foda-se o sistema genérico do pós-punk

shopping
Divulgação.
7

SHOPPING
The Official Body [FatCat Records, 2018]
Produzido por Edwyn Collins

O grupo inglês Shopping chega a esse terceiro disco com o mesmo espírito pós-punk que começaram, uma longevidade considerável sem mover um milímetro no estilo que escolheram. As linhas de baixo e a bateria bem marcada seguem minimalistas e inspiradas em sonoridades do final dos anos 1970, início dos 80. The Official Body segue bastante tradicionalista aos arranjos do rock, sem apostar em nenhuma variação minimamente experimental.

É um trabalho quase ortodoxo, mas ao mesmo tempo, com bastante frescor e com convite a uma catarse a cada faixa dada a familiaridade com um som muito demarcado dentro da história do rock. Essa proposta de fácil assimilação é também o ponto fraco do Shopping, que segue sem incomodar ou causar qualquer reverberação na cena atual musical.

As faixas trazem diretas para temas políticos importantes como o preconceito racial (“My Dad’s A Dancer”), hipocrisia (“Shave Your Head”) opressão mas o grupo faz questão de dizer que não tem nenhum direcionamento político (não sabemos como isso é possível, mas ok) e que sua música atende a diversas matizes em busca apenas de uma transcendência pelo rock puro e simples. É um “foda-se o sistema” genérico que hoje já não é uma proposta assim tão contundente.