2024, assim como os anos anteriores, trouxe uma trilha sonora bem variada que dialogou com nossa vida pública e privada. É impossível compreender o caos e a beleza deste ano que passou sem olhar para fenômenos como Brat, de Charli XCX ou Caju de Liniker. E o que dizer de Sabrina Carpenter, o funk mineiro, o rap feito por MCs como MC Luanna, Tasha & Tracie e Duquesa?
Mas listas são também momentos em que o jornalismo cultural engata uma luta de faca com os algoritmos dos streamings, que muitas vezes impedem que sons totalmente novos possam surpreender o ouvinte. Por isso também trazemos nomes que podem ter passado despercebido por muita gente, caso de nomes como o cantor canadense de ascendência palestina Mustafa, a paquistanesa Arooj Aftab, a banda do Níger Mdou Moctar e mesmo o hit “Turri Jandi”, de Shazia Manzoor.
Aproveitem a lista e ouça na íntegra (e na contagem regressiva desse post) em nossa playlist no Spotify.
Edição: Paulo Floro. Textos: Antônio Lira, Alexandre Figueirôa, Isabela Ferro, Paulo Floro. Arte: Felipe Dário.
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50
Caribou – “Volume”
Dan Snaith remodelou o clássico das pistas “Pump Up The Volume”, do M|A|R|R|S que dialoga muito com sua nova fase em que busca a nostalgia dos beats clássicos do eletrônico. Uma das primeiras faixas a explodir em popularidade no dance, esta homenagem do Caribou em “Volume” injeta frescor com elementos do house nos levando a um lugar totalmente novo ao mesmo tempo em que nos convida a dançar a partir de uma batida altamente reconhecível e popular. – Paulo Floro.
49
Alessandra Leão part. Sapopemba – “Exu Ajuô”
A pernambucana Alessandra Leão construiu uma carreira tendo a cultura popular como combustível e em “Exu Ajuô” conta com a participação de Sapopemba, artista e pesquisador alagoano, que lançou seu primeiro disco aos 72 anos. A faixa conta com os vocais potentes de Sapopemba e traz um interessante diálogo com a cultura afro ao mesmo tempo em que traz o canto declamado de Alessandra. Uma faixa que entrecruza passado e futuro a partir das referências da religiosidade afrobrasileira. – PF
48
DJ Anderson do Paraíso part. MC Magrella – “PATY TREM BARBIE”
Assim como quase todas as outras faixas do álbum O Queridão, “PATY TREM BARBIE” não foi produzida em 2024, mas foi neste ano que alcançou audiências maiores – inclusive internacionais – e demonstrou a personalidade do funk de Belo Horizonte dentro das vertentes que existem hoje. Além, claro, da produção do DJ Anderson, MC Magrella também tem sua importância dentro da faixa como uma mulher, no funk, cantando livremente sobre sexo e liberdade. – Antônio Lira.
47
MC Luanna part. Drik Barbosa, iamlope$$ e Mello Santana – “Dualidade”
“Dualidade” representa bem o espaço pessoal que MC Luanna criou dentro do álbum Sexto Sentido. Em um disco que fala sobre a trajetória da rapper, a faixa é um aprofundamento das nuances da pessoa por trás da figura da “MC Luanna”. Normalmente as rappers são mulheres fortes e livres com seus corpos e discursos, mas esta faixa penetra um pouco o revestimento para falar sobre a fragilidade. – AL.
46
Shazia Manzoor part. Hasan Raheem – “Turri Jandi”
Popular no Paquistão e Índia, Shazia Mnzoor e o rapper, também paquistanês, Hasan Raheem gravaram juntos esta bela canção que mescla o estilo folk de Shazia com a pegada moderna de Hasam cujas composições têm um toque de R&B, hip hop e indie pop. O resultado é uma deliciosa mistura que evoca a riqueza musical do oriente fluindo com leveza e harmonia com uma sonoridade contemporânea. – Alexandre Figueirôa.
45
Doechii – “NISSAN ALTIMA”
Doechii já era um nomes familiar desde 2021, quando viralizou no TikTok com “Yucky Blucky Fruitcake”, mas Alligator Bites Never Heal é o trabalho que solidificou a imagem dela artisticamente e a colocou além das fronteiras do Rap. Em um álbum de narrativa terapêutica, com temas ligados às questões da vida da rapper, “NISSAN ALTIMA” é como se Doechii expusesse sem pudor suas impressões sobre si enquanto artista, chegando a se definir como “A nova Madonna do hip-hop” e “A Grace Jones do trap”. Com um flow imparável e versos afiados, parece impossível desafiar as afirmações da rapper. Assim como o disco do qual faz parte, “NISSAN ALTIMA” é fluida, honesta e acelerada. – AL.
44
Sofia Freire – “Minha Imaginação”
“Minha imaginação” é uma grande metáfora e exemplo da linguagem criativa que Sofia Freire adota dentro do disco Na Ponta da Língua. Através de suas composições a artista recifense coloca os próprios pensamentos e sensações no terreno do estranho, como se fossem algo confuso, borrando as linhas entre realidade e delírio. Além de tudo, tem toques na produção que permeiam o disco todo, como, por exemplo, os vocais distorcidos e os synths psicodélicos. Assim como outras músicas que entram nesta lista, essa faixa consegue ser, de certa forma, metalinguística dentro do disco. – AL.
43
Febem e CESRV -“RELÓGIO”
“RELÓGIO” é uma faixa honesta, talvez a mais honesta dentro do álbum ABAIXO DO RADAR. Dentro da linguagem do rap, Febem parece elaborar uma autobiografia nos seus versos, falando da importância do rap e da arte na mudança de sua perspectiva de vida e dos momentos em que dinheiro e princípios entram em conflito. No final, o próprio rapper dá a resposta e mostra que sua identidade sempre será sua prioridade.
42
Fabiana Palladino – “Stay With Me Through The Night”
“Stay With Me Through the Night”, assim como o álbum do qual faz parte, tem um tom quase nostálgico na sua produção, principalmente por ser um pop produzido com uma abundância de instrumentos orgânicos. Com a produção de Jai Paul, que já é um parceiro de Palladino na música, a cantora inglesa parece ter criado, neste ano, uma balada romântica clássica de cinco décadas de idade. – AL.
41
Fred again… e Anderson .PAAK – “places to be”
O produtor Fred again… se uniu ao cantor e multiinstrumentista Anderson .Paak nesta faixa que eletrifica de maneira surpreendente o R&B. E traz ainda uma base de drum’n’bass com produção assinada por Skrillex. “places to be” é uma música “good vibes” que cria uma atmosfera automática de entusiasmo desde os primeiros acordes. – PF.
40
Zé de Guerrilha e Jéssica Caitano – “Viver é um Perigo”
A parceria entre Zé de Guerrilha, da cidade do Crato, no Ceará e a multi-artista pernambucana natural do Vale do Pajeú Jessica Caitano rendeu um single dançante que une timbres eletrônicos, rap e a sonoridade do coco numa batida que não renega as raízes dos dois artistas. A letra evoca a paisagem do Nordeste, a luta do dia a dia com a vida na beira do abismo e o encontro entre o sertão do Cariri e do Pajeú. – AL.
39
Faye Webster – “After The First Kiss”
Dona de um vocal delicado e cheio de personalidade, a cantora norte-americana Faye Webster segue sendo um dos nomes mais interessantes no indie-rock hoje. “After The First Kiss”, com sua base que dialoga no mesmo nível com a guitarra e o piano descreve a descoberta de um novo amor, o que torna a letra reconhecível a qualquer ouvinte. – PF.
38
Matuê – “333”
“333” é uma das faixas mais experimentais do álbum homônimo de Matuê. Como parte da segunda metade do álbum, a canção sai do território do trap e pega uma série de referências do neo-soul e do jazz, além do tom bastante pessoal, que se agrava ao longo da reprodução do álbum. Com uma produção leve e uma letra crua nos seus versos, a canção conta uma história por si só, além de complementar a narrativa do disco como um todo. – Antônio Lira.
37
La Cruz – “FRÍO”
O reggaeton do venezuelano Alfonso La Cruz fala de amor, sensualidade e sexo entre homens. Abertamente gay, Cruz usa experiências pessoais como inspiração para as letras de suas músicas e Frio do EP El Nene é mais uma canção que reafirma sua atuação ativa junto a comunidade LGBTQIA+. Para dançar sem medo de ser feliz. – AF.
36
Yago Oproprio part. Patricio Sid – “La Noche”
Situações do cotidiano vividas pelo artista são a fonte de inspiração de La Noche. Nela o rapper da periferia da Zona Leste de São Paulo reafirma o rap melódico que marca o primeiro álbum de sua carreira. Sua música tem como referência o boom bap e tem a poesia urbana como marca principal. – AF.
35
St. Vincent – “Violent Times”
Em um disco totalmente produzido por ela, St. Vincent construiu um álbum de canções minimalistas com letras poderosas, construídas a partir de reflexões tão honestas sobre um mundo mutante que esbarram no niilismo. “Violent Times” é um desses momentos, com seus vocais dramáticos e cordas potentes. Como se, dentro das catástrofes, Annie Clark encontrasse o amor – já que ela mesma cita os amantes de Pompeia descobertos abraçados em meio às cinzas. – AL.
34
UANA – “Pelo Avesso”
Uma conversa bem afinada entre o pop e o brega funk resultou em “Pelo Avesso”. A faixa de Uana é uma das experimentações muito acertadas do Megalomania. Lenta e sensual, a faixa – que saiu como um single dois dias antes do lançamento do álbum – cumpre seu papel como uma música chiclete e rouba a atenção e os ouvidos de quem escuta. – AL.
33
Tems – “Love Me JeJe”
A cantora nigeriana Tems vivenciou um sucesso meteórico desde que estourou com a participação em “Essence”, ao lado de Wizkid. Depois disso conquistou uma indicação ao Grammy e um espaço de destaque no Coachella. “Love Me Jeje” faz um tributo a uma música famosa na Nigéria, gravada por Seyi Sodimu em 1997. “Jeje” quer dizer “suave”, “gentil” e descreve bem essa faixa, que traz uma instrumentação sofisticada na vibe do legítimo afrikan pop. – PF.
32
FKA twigs – “Perfect Stranger”
FKA twigs vem trazendo um preview de seu novo trabalho, Eusexua, que promete ser um manifesto pop experimental sobre não-binariedade e a fluidez de gênero (entre outros assuntos). “Perfect Stranger” traz de volta a estranheza que marcou os primeiros trabalhos da cantora, agora com um pé um pouco mais firme na eletrônica com ecos de industrial e menos R&B. Um belo indicativo do que vem por aí. – PF.
31
Beyoncé – “II Hands II Heaven”
“II Hands II Heaven” de Beyoncé é uma fusão intrigante de country com a estética característica da cantora, que explora temas de superação e identidade. A música se destaca ao mesclar influências do gênero com elementos contemporâneos, mantendo a profundidade lírica e a energia de sua produção. – Isabela Ferro.
30
The Cure – “Alone”
Primeira gravação original em estúdio depois de 16 anos ausentes, essa canção, segundo o próprio Bob Smith, abriu o caminho para o novo álbum do grupo: Songs of a Lost World. Ela traz de volta o The Cure dos bons tempos com sua melodia lenta e melancólica, sonoridade gótica e uma letra que evoca a tristeza de forma poética. – AF.
29
Billie Eilish – “Birds of a Feather”
Billie Eilish traz uma sonoridade leve e refrescante, marcando uma nova faceta da cantora. Com guitarras sonhadoras e um beat pulsante, a música transmite uma sensação de romance intenso e ousado. Com letras carinhosas, mas sombrias, a música destaca-se pela combinação de leveza melódica e profundidade emocional, mantendo a essência de Billie em sua entrega vocal e sonoridade. – IF.
28
Adrianne Lenker – “Sadness As A Gift”
Inspirada pelo folk tradicional estadunidense, a vocalista do Big Thief Adrianne Lenker retornou este ano com seu novo disco solo em que explora um Lado B da estética americana geralmente romantizada no country. “Sadness As A Gift” traz sua interpretação vocal original e uma letra contundente sobre o fim de um relacionamento (e o que podemos tirar disso). – PF.
27
Jamie xx com Kelsey Lu, John Glacier e Panda Bear- “Dafodil”
Nesta faixa – assim como no álbum In Waves como um todo – Jamie xx soube utilizar bem a criatividade. O pop alternativo dos norte-americanos Kelsey Lu e Panda Bear, que se conecta com o rap de John Glacier, e isso tudo construído a partir de uma interpolação produzida por Jamie utilizando duas versões da mesma música, “Touching You”, nas vozes de J.J Barnes e da brasileira Astrud Gilberto. Descrever todas essas conexões é apenas uma maneira de falar sobre como o músico britânico é criativo nas suas produções, mas para entender perfeitamente, só escutando a música. – AL.
26
Tyla – “Truth or Dare”
A sul-africana Tyla é o maior exemplo da contribuição que o pop africano vem fazendo para a indústria da música pop ao trazer frescor de novas batidas e arranjos. Depois de explodir com “Water”, Tyla seguiu com ótimos hits, como é o caso dessa deliciosa “Truth or Dare”, em que expande os horizontes do afrobeat com uma interpretação vocal bastante original. – PF.
25
Tyler, The Creator part. Lola Young – “Like Him”
“Like Him“, de Tyler, The Creator, com a participação de Lola Young, apresenta uma construção musical que mescla introspecção e tensão emocional de forma sofisticada. À medida que a música avança, a introdução de elementos como bateria, hi-hats e guitarra distorcida adiciona uma complexidade sonora. A produção, caracterizada por uma progressão cuidadosa e estratégica, reflete a jornada emocional do artista, equilibrando o uso dos instrumentos de maneira sutil, mas eficaz. – IF.
24
Duquesa part. Tasha e Tracie, Go Dassisti e THS – “Disk P@#$%&!”
A segunda parte de Taurus, de Duquesa, foi um dos grandes destaques do rap nacional este ano. “Disk P@#$%&!” é um dos pontos altos do disco e faz uma espécie de cypher com a presença de Tasha e Tracie, Go Dassisti e THS para falar da segurança que a mulher negra tem no sexo e o incômodo que isso ainda traz. Uma letra irônica e honesta levada por uma batida pesada e cadenciada que é viciante. O sample de “Atoladinha”, de Bola de Fogo, logo no início, tira uma onda é a cereja do bolo da faixa. – PF.
23
Tz da Coronel part. Ryu, The Runner e Nagalli – “Qual é o seu desejo?”
Escolhida como single do segundo álbum de Tz da Coronel, Direto da Selva, “Qual é o seu desejo” foi uma das músicas mais tocadas do ano de 2024 no Brasil, se mantendo duas semanas no topo da parada Top Songs Brazil, do Spotify. Fora todo o volume dos streamings, o hit de Tz da Coronel tem seu lado lírico e os versos, dentro da linguagem do rap, que narram as inconsistências do próprio rapper na sua maneira de se relacionar após os danos causados pelo dinheiro e reconhecimento. – AL.
22
NewJeans – “Supernatural”
O grupo NewJeans segue sendo um dos exemplares mais interessantes e originais do fenômeno do k-pop. Caminhando por espaços mais alternativos do espectro pop, o grupo faz um som viciante como seus colegas do gênero e são perfeitos em seguir a cartilha de excelência do gênero, mas faixas como “Supernatural” mostra que o grupo tem interesse em explorar com mais criatividade batidas eletrônicas que fogem do óbvio. – PF.
21
Charli XCX – “Sympathy is a Knife”
Na sonoridade, “Sympathy Is A Knife” é a faixa que mais dialoga com trabalhos antigos de Charli XCX, sobretudo da fase do EP Vroom Vroom, amado pelos fãs. A letra, no entanto, é totalmente ligada ao imaginário de Brat, com sua inadequação social, raiva contida e niilismo. Sem falar que é uma das mais incríveis faixas do pop a dialogar com o electroclash em muitos anos. – PF.
20
Cátia de França – “Fênix”
Wil Cor & Eletrocores cantam que Nossa Senhora Cátia de França nunca vai nos deixar na mão. E não vai mesmo. Ela continua potente e inspirada. Aos 77 anos, a cantora, compositora e instrumentista paraibana renasce forte e vibrante no disco No Rastro da Catarina. “Fênix” é mais uma canção que mostra o espírito militante da artista que nunca ficou presa ao regionalismo e caminha por várias sonoridades do rock ao bumba meu boi. – AF.
19
Liniker – “Caju”
“Caju”, a faixa homônima que abre o disco novo de Liniker já antecipa muito do que encontraremos ao longo do trabalho: uma autodescoberta a partir da escuta sincera dos próprios sentimentos. Levado pela interpretação original da cantora, que aqui passeia por diferentes timbres e variações, a música mistura pop com pitadas de R&B e samba para falar das intrincadas tramas de uma paixão. – PF.
18
Kim Gordon – “BYE BYE”
Kim Gordon faz uso de repetições e um imaginário de banalidades ligados aos estereótipos femininos nesta faixa abrasiva, de vocais ríspidos e muita distorção de guitarras. “BYE BYE” é o reencontro com a Kim cool e distante dos primeiros discos do Sonic Youth, mas aqui com uma produção que dialoga com a eletrônica. – PF.
17
Mundo Vídeo part. Putodeparis – “AMANTE DA PAZ”
Sempre bom encontrar uma faixa que gera a reação “o que danado é isso que tô ouvindo?”. A união do rock experimental do Mundo Vídeo com a revelação caricoa Putodeparis em “AMANTE DA PAZ” tem exatamente essa energia. Faixa de letra proibidona misturado com eletrônica eletro-house que de repente busca inspiração no pop brasileiro oitentista. Uma salada boa. – PF.
16
Kendrick Lamar – “Not Like Us”
“Not Like Us” de Kendrick Lamar é uma crítica contundente à indústria do rap e à cultura pop. Na faixa, Lamar desafia diretamente artistas como Drake, questionando sua autenticidade e lançando acusações sobre comportamentos imorais. Além das críticas pessoais, a música aborda a exploração cultural, com Lamar chamando certos artistas de “colonizers”, acusando-os de se apropriar de culturas sem respeito. – IF.
15
Brittany Howard – “Prove It To You”
Brittany Howard decidiu explorar novas searas sonoras no seu novo disco e “Prove It To You”, com sua batida eletrônica misturada ao rock, é uma prova disso. Com uma letra otimista sobre se jogar num novo amor de maneira mais aberta, sem medos, a música tem uma energia encorpada que preenche o ambiente completamente, de uma única vez. – PF.
14
Sabrina Carpenter – “Espresso”
A música se tornou um hit nu-disco descontraído, com uma batida dançante e guitarras marcantes, criando uma vibe de praia. Produzida por Julian Bunetta, a faixa evoca mais sentimento do que significado, lembrando canções dos anos 1980. O videoclipe, com Sabrina em trajes de banho, reflete a atmosfera solar e despreocupada da música, que se tornou um verdadeiro ritual matinal para muitos. – IF.
13
Ana Tijoux – “Bailando Sola Aquí”
Um dos retornos mais interessantes deste ano, Ana Tijoux trouxe em “Bailando sola aquí” uma nova miríade de interesses criativos. Conhecida por seu trabalho como rapper, a artista retorna falando de relacionamentos, amizade e temas mais intimistas, mas sem deixar de lado seu ponto de vista de mulher latina. Essa faixa, com uma batida viciante e uma produção elegante de pop latino, fala de autocuidado e do poder que é passar a gostar de si mesma. – PF
12
Pabllo Vittar – “São Amores”
A regravação do hit do Forró do Muído pela voz de Vittar se tornou um fenômeno incontestável dentro e fora do Brasil. Por conta de uma dança viral, tomou as redes sociais brasileiras e de nossos vizinhos latinos da Venezuela, Argentina, Peru e até no México. Contudo, para nós aqui no Nordeste, a música – e o projeto Batidão Tropical como um todo – tem, além do tom nostálgico, a capacidade de introduzir no forró vozes que estão de fora da heteronormatividade e colocar figuras queers enquanto artista e público dentro do gênero. – AL.
11
Fontaines D.C. – “Starburster”
“Starburster“, do Fontaines D.C., é uma faixa que captura a tensão do caos moderno através de uma sonoridade agressiva e introspectiva. Com vocais angustiantes de Grian Chatten e uma batida pulsante, a música reflete o impacto de um ataque de pânico vivido pelo vocalista. A mistura de rock, eletrônica e trip-hop cria uma paisagem sonora inquietante, enquanto a letra aborda o desespero e a busca por algo precioso em meio ao apocalipse. – IF.
10
Chappell Roan – “Good Luck, Babe”
Chappell Roan aborda um amor secreto, marcado pela negação e pela heterossexualidade compulsória. A canção explora a dor de um amor não correspondido, onde os sentimentos são reprimidos devido às pressões sociais. Chappell reflete sobre a luta contra as expectativas heteronormativas e o desejo de um amor aberto e recíproco. – Isabela Ferro.
09
Magdalena Bay – “Image”
Na história de conflitos internos e fragmentação subjetiva contada no álbum Imaginal Disk, “Image” é um dos primeiros capítulos, aliás, é nesta faixa que temos a transformação do eu lírico do disco em sua versão “melhorada”. Por dentro da sua produção leve e melódica, a canção pinta a paisagem mental dos movimentos entre aquilo que somos e nosso novo Eu: poderoso, confiante, mas muito frágil. – AL.
08
Nilüfer Yanya – “Like I Say (I runaway)”
“Like I Say” não foi escolhida como single do álbum My Method Actor à toa. Essa é uma música que toma seu espaço na mente de quem escuta, seja pela produção densa, de cordas marcantes e um toque nostálgico, ou pela letra afiada e sincera. “Like I Say” é como um lembrete de que não existe demora onde também não há desejo. – AL.
07
Paulete Lindacelva part. Badsista – “Guabiraba Itaquera”
Assim como todo o EP da pernambucana Paulete Lindacelva (Guabiraba Chicago), essa faixa “Guabiraba Itaquera” é repleta de camadas e sutilezas que revelam as subjetividades presentes ao longo de todo o trabalho. É uma faixa que remete ao sentimento de estar em trânsito (metafórico e pragmaticamente) e que celebra o poder da house music em te fazer viajar. A participação de Badsista na produção tornou tudo ainda mais sofisticado. O ponto mais alto da música eletrônica brasileira este ano, sem dúvida. – Paulo Floro.
06
Sevdaliza part. Pabllo Vittar, Yseult – “Alibi”
“Alibi” foi um sucesso inesperado de três artistas vindas de espaços bem diferentes. Sevdaliza, artista irani-neerlandesa, passou quase uma década construindo carreira dentro da eletrônica e da música alternativa para, a partir de 2023, apostar firme no pop de influências latinas; um movimento certeiro da cantora para conquistar novos públicos. Já Yseult, nome pouquíssimo conhecido no Brasil, é uma artista com uma década de carreira na França que surgiu em um programa de talentos e perseverou durante seus primeiros anos na música como uma artista independente. E no meio de tudo isso, Pabllo Vittar divulgava o Batidão Tropical Vol. 2. O sucesso de “Alibi” abduziu esses três nomes e iniciou organicamente uma campanha globalizada que colocou três artistas “de nicho” em posição de destaque nas paradas mundiais e em um câmbio cultural. – AL.
05
Arooj Aftab – “Raat Ki Rani”
Cantando em urdu, a paquistanesa-americana Arooj Aftab explora diferentes referências sonoras nesta melancólica canção, começando com uma percussão minimalista (que curiosamente me lembrou maracatu) para entrar em um piano que explode para uma orquestra, sempre com ecos ligados à música tradicional paquistanesa. Aftab traz uma interpretação primorosa e utiliza auto-tune (com propriedade) pela primeira vez. A faixa foi lançada junto com um lindo clipe dirigido pela atriz Tessa Thompson, em sua estreia na direção. – PF.
04
Mustafa – “Name of God”
O cantor canadense de ascendência palestina buscou inspiração na sua cultura para compor essa delicada música sobre amadurecimento, em que questiona religiosidade, política, mas nunca de maneira óbvia ou literal. O uso do folk americano como base quase parece um corpo estranho à letra, mas sua interpretação emocionada tira força dos sentimentos universais relacionados ao direito à dignidade tirados dos palestinos ao longo das décadas. – PF.
03
Mdou Moctar – “Funeral for Justice”
O delicioso banquete guitarrístico do Mdou Moctar está de volta este ano. Apesar de abandonar o tom mais melancólico e passar a uma vibe mais incisiva e pesada, o grupo segue com letras duras contra o neocolonialismo e o racismo. “Funeral For Justice” representa o melhor que o rock produziu este ano e remete à energia que o gênero construiu ao longo dos anos 1970 e 80, com muita inspiração em Jimmi Hendrix e na tradição da guitarra do povo tuareg. A letra, cantada na língua tamasheq por Mahamadou Souleymane, desta vez fala diretamente aos líderes africanos e é um chamado à revolta contra a exploração europeia no continente. – Paulo Floro.
02
Charli XCX com Lorde – “Girl, so confusing featuring Lorde”
O remix de “Girl, so confusing”, ao lado de Lorde, parece encapsular a epítome do que representou Brat enquanto projeto artístico. Uma faixa sobre não se sentir parte de nada, ao mesmo tempo em que luta para se enturmar e participar de algo. É também sobre não conseguir corresponder às expectativas dos outros. A letra adicionada por Lorde tornou a música ainda mais contundente ao tratar sobre disforia e seu ódio autoinfligido. E tudo isso embalado por um pop afiadíssimo performado por duas das mais criativas vozes de sua geração (e que, por uma série de razões, compartilham as mesmas angústias). – PF.
01
Liniker – “Veludo Marrom”
Em “Veludo Marrom”, Liniker entrega uma canção que celebra a intimidade e a profundidade do amor. A música é uma declaração de afeto que floresce nos momentos de proximidade e quietude, quando o mundo exterior perde a relevância. O “veludo cor marrom” funciona como uma metáfora rica, evocando suavidade, acolhimento e familiaridade, um símbolo daquilo que o eu lírico deseja eternizar. A frase “sentir sua pele sem tua roupa” vai além do físico, sugerindo um nível de entrega e vulnerabilidade que une os dois de forma especial. Com lirismo e sensibilidade, “Veludo Marrom” é uma celebração do amor atemporal e traz uma das produções mais ricas e complexas que o pop brasileiro experimentou em muito tempo – Isabela Ferro.
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