DE VOLTA AO NOVO METAL
18 anos depois, Metallica lança o disco que pode substituir o famoso “álbum preto”
Por Iúri Moreira
DEATH MAGNETIC
Metallica
[Universal, 2008]
Passaram-se quase 18 anos desde o Black Album, aquele que é considerado por muitos como o último disco com cara de Metallica da banda. Para os mais puristas, aliás, a espera é mais longa – desde “…And Justice For All”, de 1988. Depois de quase duas décadas nas quais renegou o passado, virou figurinha carimbada da MTV e afundou na própria armadilha do passageiro sucesso pop, o Metallica resolveu voltar a honrar seu nome, com um disco pesado e sem frescuras.
Portanto, Death magnetic faz a ponte entre Kill ‘em All; Ride the Lightning; Master of Puppets e os já mencionados …And Justice For All e o da capa preta sem nome. Load, Reload e St. Anger, apesar de alguns poucos momentos bons, a gente faz de conta que são de outra banda, ou de um Metallica de algum universo paralelo, que chegou até aqui através de uma dobra no tempo e espaço, a mesma que levou a banda original para Tattoine.
Mas o problema é justamente esse. Já faz muito tempo. Apesar de ser legal escutar novamente o Metallica tocando thrash metal, Death Magnetic tem muito menos força que os antigos trabalhos da banda. A produção de Rick Rubin ajuda, mas não faz mágica. Lars Ulrich voltou a usar pedal duplo, mas não é sombra do grande baterista que já foi. Em compensação, as guitarras vão muito bem, e James Hetfield está bem mais experiente como vocalista, o que se traduz em uma melhor colocação dos vocais.
Mas.. o disco tem ótimos momentos sim. As três primeiras músicas – “That was just your life”, “The end of the line” e “Broken, beat and scarred” são uma sequência violenta, para deixar sem fôlego. “The day that never come” dá uma desacelerada, mas já termina preparando terreno para “All Nightmare Long”, outra paulada.
“Cyanide” vem depois, seguida por “The unforgiven III”, fechando o ciclo que começou no Black Album, e continuou em “Reload”. “The Judas Kiss” é outra bela música, bem trabalhada com Hetfield cantando com raiva. Destaque para o solo de Kirk Hammet, usando e abusando do wah-wah. “Suicide & Redemption”, um instrumental, tem praticamente dez minutos de duração. É legal, mas só.
“My Apocalypse” encerra o CD. Quando escutei tive a nítida imperssão de já a ter escutado antes. Claro, ela é uma colagem de tudo o que o Metallica fez em suas melhores épocas. Lembra demais a época dos três primeiros discos. O refrão, então, de tão agressivo, lembra o Pantera da fase Vulgar Display of Power. Sem dúvida, a melhor do disco.
Dizer que Death Magnetic é o melhor trabalho da banda em quase 20 anos é chover no molhado. Tomara que os caras não desviem de novo do caminho. Quem sabe não voltam o velho status de antigamente? A turma de camisa preta agradece.
NOTA: 8,5