Crítica – Filme: Sangue Azul, de Lírio Ferreira

sangueazul
Daniel de Oliveira e Carol Abras no papel de dois irmãos separados por um desejo. (Divulgação).
Daniel de Oliveira e Carol Abras no papel de dois irmãos separados por um desejo. (Divulgação).
Daniel de Oliveira e Carol Abras no papel de dois irmãos separados por um desejo. (Divulgação).

Sangue Azul: desejo e amores desfeitos no paraíso
Todo filmado em Fernando de Noronha, filme conta a história do amor proibido entre dois irmãos

Em Sangue Azul, que estreia nesta quinta (4), Lírio Ferreira está em sua melhor forma ao mostrar uma história de amor em Fernando de Noronha. Estrelado por Daniel de Oliveira e Carolina Abras, a trama fala ainda de memórias e mostra um acerto de contas doloroso com o passado.

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Aqui temos o diretor na sua melhor forma. Quem já viu seus filmes anteriores, como Árido Movie e Baile Perfumado (ao lado de Paulo Caldas), sabe o que vai encontrar: história cheia de ação e ritmo, música, certa verve punk, maconha e personagens sendo empurrados psicologicamente ao limite. Ao lado da fotografia de Mauro Pinheiro Júnior, que deu tons dramáticos à natureza de cartão postal de Noronha, Lírio nos brinda com um filme bem construído tanto estética quanto narrativamente.

Zolah, o personagem de Daniel de Araújo é um homem-bala de um circo que chega à Fernando de Noronha, local de onde foi embora ainda criança. Seu reencontro com sua mãe (Sandra Corveloni, como sempre incrível) vai reabrir feridas já suturadas ou, citando uma frase dela, “a vida vem cobrar o fiado”. Mas tudo complica mesmo quando ele redescobre a paixão incestuosa que nutre por sua irmã, Raquel (Carolina Abras).

O elenco ainda traz atores inspirados em seus papeis, muitos fora de sua zona de conforto, como é o caso de Milhem Cortaz, que interpreta um musculoso “homem mais forte da Terra” gay. Há ainda Paulo Cesar Pereio como um personagem enigmático que é uma figura paterna para Pedro e que acaba bastante afetado pela ilha. O elenco conta com Matheus Nachtergaele no papel de um atirador de facas e traz a cantora Lia de Itamaracá em uma participação especial. Em determinado momento do longa percebemos que Noronha acaba sendo um personagem do filme dado o impacto que causa na vida de todos os personagens.

Cena de Sangue Azul, de Lírio Ferreira. (Divulgação).
Cena de Sangue Azul, de Lírio Ferreira. (Divulgação).

Sangue Azul tem a força criativa e estética dignas de um autor ainda no auge, mas também exemplifica o quanto Lírio é um dos melhores contadores de história da cinematografia pernambucana. Depois de um longo período se dedicando a documentários, ele retorna como o melhor da safra até aqui.

SANGUE AZUL
De Lírio Ferreira
[BRA, 2015 /

8,5