Crítica: Blink 182 | Neighborhoods

blink182

HORA DA GRADUÇÃO
Mais maduro, o trio tenta renovar a sonoridade e se afastar das piadas e espírito adolescente que os fizeram famosos

Por Paulo Floro
Da Revista O Grito!

Ainda há alguém por aí?, podem perguntar os integrantes do Blink 182 logo após o lançamento deste novo álbum, Neighborhoods. Depois de um hiato de oito anos, o grupo punk pop amado pelas paradas e que dividia fãs com ídolos adolescentes retorna com um disco que apregoa maturidade. E, de fato, a premissa é verdadeira. Mas, eles retornam num cenário estranho àqueles do qual saíram após o CD homônimo em 2003.

De fato, os últimos anos não foram tão felizes para o trio. Eles tiveram diversas brigas durante turnês, saída de um dos integrantes, Tom DeLonge (ele voltaria mais tarde), enfrentaram a morte de um antigo produtor e amigo, Jerry Finn, responsável por grande parte dos hits da banda. Em 2008, Travis Barker e o colaborador Adam Goldstein se envolveram em um acidente de avião que matou quatro pessoas e deixaram apenas os dois como sobreviventes.

Some-se isso à pressão da gravadora Geffen para que o novo disco finalmente saísse. Tudo isso pode ter definido a maturidade deste novo trabalho. É interessante ver um grupo tentando provar que não precisa mais viver do passado e que podem até mesmo compor músicas que sejam mais do que piadas e situações cômicas rimadas. Mas, a pose de “músicos sérios” é um risco para um grupo que ficou famoso por fazerem clipes pelados e parodiarem boybands (com quem dividiam fãs, é bom repetir).

O disco remete a uma familiaridade para quem conhece a voz de Tom DeLonge, mas o som está claramente mais pesado e consistente. Parecem soar a todo momento como garotos que se graduaram. E se por um lado não temos as pérolas de dois minutos e meio com batidas aceleradas e piadas, agora temos um interessante single como “Up All Night”, que coloca distorções e “After Midnight”, uma pequena pérola pop com batida punk-rock disfarçada de balada. Pena que o resto do disco ainda represente um momento de transição para o Blink 182.

São momentos sem muita inspiração, com repetições de ideias que tira a personalidade das músicas em separado. Mas, é um bom caminho este que a banda segue. E, agora adultos, o grupo pode enfrentar as dificuldades do mundo que encontraram após tanto tempo longe. É um cenário totalmente novo esse de 2011 e cada vez mais complicado alcançar todo o sucesso que se conseguia apenas emplacando primeiros lugares em paradas da MTV.

BLINK 192
Neighborhoods
[Interscope, 2011]

NOTA: 5,0

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