Filme pernambucano “Filhas da Noite” vence mostra Caleidoscópio no Festival de Brasília

Longa-metragem de Henrique Arruda e Sylara Silvério narra as memórias de seis performers veteranas das noites recifenses.

Copia de Copia de Post Noticias 2024 12 09T151807.880
(Divulgação)

Filhas da Noite, longa-metragem de estreia de Henrique Arruda e Sylara Silvério, conquistou a 57ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, considerado um dos três principais festivais do país.

Narrando a história das lendárias e veteranas performers Raquel Simpson, Sharlene Esse, Paloma Pitt, Márcia Vogue, Christiane Falcão e Suelanny Tigresa, o documentário foi o vencedor da Mostra Caleidoscópio desta edição, trazendo para Pernambuco o Troféu Candango de Melhor Filme da edição.

Aclamadas desde a premiére nacional da obra, que ocorreu na quarta-feira (04), no Cine Brasília, as Filhas da Noite cumpriram uma agenda intensa de entrevistas desde então, que contou com coletiva de imprensa pós-sessão, e depoimentos para o Canal Brasil, TV Lilke, e Plano Geral. O prêmio, anunciado no palco do Cine Brasília, durante o encerramento do festival, foi recebido com muita alegria por todas elas, que discursaram ao vivo durante a cerimônia.

“Eu sou devota de Nossa Senhora da Conceição, e ela me disse que a gente iria ganhar esse prêmio. Foi a primeira vez que andei de avião, e senti, desde quando entrei lá, que a gente iria conquistar vocês”, afirma a Filha da Noite Suelanny Tigresa, símbolo do Morro da Conceição, pelo seu intenso trabalho com escolas de samba e quadrilhas juninas.

filha da noite frame 2
(Divulgação)

“Minha mãe, dona Elizabeth, mulher evangélica, de 87 anos, que sempre me apoiou, me ligou hoje de manhã, e disse que iria ter mulher trans no palco do Festival de Brasília sim”, complementou a Filha da Noite Christiane Falcão, arrancando palmas do público.

Todas entre 50 e 65 anos, as Filhas da Noite, possuem uma histórica importância para a cena cultural e noturna recifense, sendo pioneiras de uma revolução ainda em curso, iniciada por elas desde a década de 70.

De curta para longa-metragem

Filmado ao longo dos últimos três anos, o filme foi aprovado originalmente como curta-metragem, e conta com recursos do Governo do Estado de Pernambuco, através do Funcultura Audiovisual, e da Prefeitura do Recife, através do Fundo de Incentivo à Cultura.

“Seria simplesmente impossível contar a história dessas seis mulheres totalmente complexas e distintas em 15 minutos, então a nossa missão desde o nascimento do projeto foi batalhar muito por mais apoios e oportunidades que tornasse possível realizarmos esse projeto como ele merecia ser: um longa-metragem à altura do talento e profissionalismo dessas mulheres que são, e sempre serão, as nossas maiores inspirações”, reforça Henrique Arruda, diretor do filme.

Para a diretora, e diretora de fotografia do longa, Sylara Silvério, a sensibilidade com a história das seis personagens começou desde a primeira etapa do projeto, que pode ser acessada no site filhasdanoite.com.

Cartaz de Circulacao baixa
Cartaz do filme (Divulgação)

“Inicialmente nós conhecemos a fundo a vida dessas seis mulheres, e realizamos os ensaios fotográficos que compõem o site homônimo, lançado em 2022, e isso foi essencial para enxergarmos o filme como esse híbrido entre ficção e documentário, a partir do que elas próprias viveram, e gostariam de reviver”, explica. 

“Temos mais de 40 anos de noite, e não tínhamos sentido até agora uma emoção como essa, porque o filme vai muito além das nossas vidas, ele é um retrato de tantas de nós espalhadas por aí, eu estou muito feliz”, conta Raquel Simpson, que no filme interpreta uma versão visceral de “Mudanças”, da cantora Vanusa.

Produzido pela produtora pernambucana, Filmes de Marte, o filme segue em circulação por Mostras e Festivais ao longo de 2025, e tem previsão de estreia no circuito comercial brasileiro para o segundo semestre do próximo ano.