Lílian Rocha, cantora e compositora celebra suas origens com o lançamento duplo de “Raiz Forte” e “Gracinha”. As músicas, que chegam acompanhadas de visualizers, abrem caminhos para o primeiro disco de estúdio da artista, Do Nilo, e refletem sobre a identidade única de Lílian como uma mulher negra brasileira, nascida em São Paulo, com conexões profundas em Minas Gerais.
“Com essas canções, presto uma reverência à ancestralidade, que é o que sustenta o meu universo criativo, além de entregar um belo retrato musical da diversidade melódica, timbrística e rítmica do álbum que está vindo por aí”.
“Em ’Raiz Forte’ reflito sobre a continuidade da vida, uma parte intrínseca da minha existência que me mantém enraizada e me permite vislumbrar um futuro promissor. É como o princípio do Adinkra Sankofa: entender nossa herança para assumir com clareza nossa responsabilidade no presente e sonhar com o futuro. Já ‘Gracinha’, faz referência à minha matrilinearidade, sendo o nome da minha mãe. Traz no discurso sonoro conexões entre muitas matrizes que compõem o meu Orí, a minha cabeça, como, por exemplo, o toque dos tambores em menção ao Daró de Iansã, em diálogo com o alaúde árabe”.
A estreia dupla apresenta uma fusão sonora que mescla sutilmente influências da música popular brasileira, incluindo o Congado Mineiro, com as produções africanas e do jazz. A artista se utiliza do conceito aprendido com a intelectual brasileira Lélia Gonzalez, para pensar assim, uma concepção Amefricana em suas obras. Lílian enfatiza que pensar sobre sua herança não é um exercício de nostalgia, mas sim uma busca contemporânea pela memória, especialmente para os povos negros do Brasil.
A mensagem poderosa desse projeto lança luz sobre as perspectivas de futuro que surgem quando reconhecemos e valorizamos nossas próprias origens. Nesse trabalho, a cantora narra a história de personagens sábios que escrevem suas próprias histórias com graciosidade e poder de cura. Celebra a beleza e a potência das pessoas comuns, que irradiam força e atuam através da delicada arte de construir um legado coletivo.
As versões audiovisuais foram filmadas na Zona da Mata Mineira, região de origem das linhagens materna e paterna de Lílian. Na vila de Cotegipe, em frente à centenária estação de trem, a filgueira adornada com retratos de sua família simboliza a força de suas raízes. A direção de fotografia é de Marcella Calixto e a de arte de Julee Silva. A roteirização é de Beto da Mata e a assistência de produção de Camila Knop.
“Raiz Forte” e “Gracinha” contam com co-direção e co-produção musical do artista moçambicano Otis Selimane, que também assina as baterias de “Raiz Forte” e “Gracinha”. Nas percussões, o Rudson Daniel e Danilo Moura. Nas cordas, músicos de diversas linguagens como o Fábio Leal (guitarras), Vinícius Sampaio (violões) e Ian Nain (alaúde, em Gracinha). No contrabaixo elétrico Weslei Rodrigo. Nas teclas Fábio Leandro. Os sopros contam com a musicalidade de Sidmar Vieira (trompete), Thomaz Souza (saxofones) e Gláucio Sant’Ana (trombone). As vozes-instrumentais, de backing, são das cantoras Layla e Graciela Soares, junto a Lílian.