“Hoje em dia tenho paixão e desejo pela cultura fonográfica e me vejo pesquisando e querendo aprender dentro dessa área. Sempre com liberdade”, responde Ana Frango Elétrico ao revelar que a intenção inicial de seu primeiro disco pouco tinha a ver com a música em si.
Aos 26 anos, natural do Rio de Janeiro, Ana foi fisgada pela arte através da poesia e da pintura. Com o primeiro disco da carreira, Mormaço Queima (2018), mostrou o interesse de experimentar registros sonoros, tornando o experimento, uma das características mais marcantes.
As outras são irreverência e energia, presentes no posterior Little Electric Chicken Heart (2019) e também sentidas no atual Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua (2023). Este último traz na bagagem a maturidade e a vontade de versar sobre sentimentos, de maneira honesta. As bases das faixas bebem de referências na MPB oitentista mescladas ao pop alternativo e a disco music.
Com o disco de 2019, Ana Frango Elétrico chegou pela primeira vez ao palco do Rec-Beat no Carnaval de 2020. Neste ano, novo repertório e nova fase da carreira. Seu show acontece na segunda-feira (12).
Programação do Carnaval 2024
Shows no Marco Zero: Gilberto Gil, Ludmilla, Luísa Sonza, Alceu Valença
Rec-Beat: Letrux, Ana Frango Elétrico, Urias
Praça do Arsenal e Pátio de S. Pedro: Rubel, UANA, Marcelo D2
Olinda, praça do Carmo: Nação Zumbi, MC Tocha, Siba
Olinda, Guadalupe: Conde Só Brega, Dany Myler, Abulidu
A Revista O Grito! conversou com a atração às vésperas do Festival. Confira:
Qual sua relação com a música dos anos 80 e como isso influenciou na construção de Me Chama de Gato Eu Sou Sua?
Minha relação é principalmente através da timbragem, mas sou mais influenciada pelo final dos anos 1970, o começo da Disco Music. Tanto é que o motivo sonoro primeiro do álbum foi pegar uma timbragem de bateria mais setentista e botar gate reverb, processamento clássico dos anos 80. E também sobrepor certos samples à bateria orgânica gravada.
Você diria que essa relação remonta seu contato com a música? Como foi que se iniciou essa sua trajetória como artista?
Iniciei na minha adolescência gostando de poesia e pintura. Acho que a produção musical faz o link da música com uma área estética, quase como uma direção de uma peça de teatro.
Ana Frango Elétrico. De onde surgiu o vulgo?
Surgiu de uma pixação e brincadeira com meu sobrenome [Ana Faria Fainguelernt]. Referenciando o disco de Arrigo Barnabé, Clara Crocodilo.
Como fluiu a concepção do novo disco e qual fase da carreira artística ele representa para você?
Fluiu durante três anos de concepção e gravação. Os singles de pandemia “Mama Planta Baby” e “Mulher Homem Bicho” já eram experimentos relacionados a esse disco, tanto em sentido poético como novas sonoridades do que havia trabalhado até então. Acho que ele é o disco mais importante da minha carreira, que nele afirmo minha identidade tanto em sentido pessoal, quanto sonoro, quanto na produção musical. Um disco onde sabia onde queria chegar e tinha ferramentas de conhecimento pra chegar onde queria.
Desde o seu primeiro disco Mormaço Queima, percebemos uma dedicação em experimentar, mesclar sonoridades e até mesmo idiomas, o que torna a audição das suas músicas uma experiência de imprevisibilidade. Sempre foi uma intenção, usar da criatividade para construir obras imprevisíveis?
Acho que a intenção no primeiro disco não tinha nada a ver com música e fonograma, tinha a ver com poesia e experimento. Era quase um anti-disco de uma anti-cantora. Hoje em dia tenho paixão e desejo pela cultura fonográfica e me vejo pesquisando e querendo aprender dentro dessa área. Sempre com liberdade.
Suas faixas, principalmente dos dois primeiros álbuns, trazem letras irreverentes para temas nem sempre irreverentes. A irreverência é uma característica da pessoa física trazida para a pessoa artística? E seria uma forma espontânea de colocar para fora suas ideias?
Me sinto naturalmente irreverente sem fazer muito esforço, acho que Frango Elétrico puxa isso. Risos.
De onde vem as inspirações para as suas composições? Fazendo referência às suas letras, às vezes vem de um peteleco no mamilo, de observar uma falha no concreto da parede, de uma relação que precisa se insistir?
Totalmente, me inspiro muito no que leio e no que vejo. A poesia me inspira. Apesar de hoje em dia ir muito em referências do que quero produzir.
É sua segunda vinda ao Rec-Beat. Como foi a primeira experiência e quais as expectativas para esse ano?
A expectativa é muito grande. Amei muito tocar. E amo Recife, público e cidade quente, que gosta e faz música brilhantemente. Espero que gostem do meu show no meio de tanta coisa foda. O show vai ser o do novo disco.
Ouça Ana Frango Elétrico – Me Chama De Gato Que Eu Sou Sua
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