Ana Frango Elétrico explora todos os lados de uma paixão em “Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua”

Terceiro disco de estúdio da cantora celebra o encontro do pop brasileiro atual com a MPB oitentista

ana frango eletrico
Ana Frango Elétrico explora todos os lados de uma paixão em “Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua”
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Ana Frango Elétrico
Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua
Risco, 2023. Gênero: Pop, MPB

Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua explora as facetas de uma paixão. O novo álbum da cantora, compositora e produtora Ana Frango Elétrico navega pela sensualidade, as relações platônicas e as despedidas em relacionamentos sob a sonoridade de um pop que remete à MPB da década de 1980. O álbum abre já com a dançante “Electric Fish”, um aceno extrovertido e enérgico ao disco e todas as suas camadas sonoras.

Já “Dela”, parceria com o rapper carioca JOCA, flerta com a bossa nova e seus sons amenos, mas moderniza o ritmo ao introduzir os versos da rap na canção o que resulta em uma faixa melódica e divertida. A partir da terceira faixa, “Nuvem Vermelha”, o disco entra em uma fase sonoramente mais calma.

“Camelo Azul” é o destaque neste momento de do álbum. A balada mistura os sons dos instrumentos de sopro com a sobriedade da percussão e uma letra sensível e íntima, inspirada nas conversas que surgem nas madrugadas entre duas pessoas que não escondem nada entre si. Em seguida, “Insista em mim” mantém o nível alto da faixa anterior e expõe, mais uma vez, uma letra extremamente pessoal. A canção é uma declaração de amor de uma pessoa completamente rendida ao sentimento, comprometida a felicidade de um outro alguém que claramente não corresponde os sentimentos na mesma intensidade.

Chegando ao final, o disco dá outra guinada e finaliza com músicas mais enérgicas e pop, como a faixa de abertura. “Dr. Sabe Tudo” é uma canção divertida e leve, com uma letra sagaz que ironiza a falta de autoquestionamentos e certezas.

Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua apresenta a maturidade de Ana Frango Elétrico com um disco divertido que aborda questões apresentadas, na maioria das vezes, apenas de forma melancólica. A dor da paixão se confunde com os arranjos “para cima” das canções. O disco comprova o ecleticismo da artista carioca, além do bom gosto em retomar tendências passadas da MPB e incorporá-las no pop brasileiro atual.

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