Parada LGBTQIA+ de São Paulo tomou a Avenida Paulista com luta e festa

Edição deste ano focou na luta por direitos e teve presença de nomes como Erika Hilton, Sílvio Almeida e atrações como Pabllo Vittar e Daniella Mercury

Parada LGBTQIA+.
Público bem variado lotou a Avenida Paulista. (Foto: Paulo Floro/O Grito!)

A Avenida Paulista, na região central da cidade de São Paulo, ficou tomada pelo público da 27ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ em um domingo ensolarado com um público bem variado, de drag queens incrivelmente montadas a famílias com crianças pequenas, passando por homens musculosos com harness de couro e muitas fantasias. Muitas pessoas chegaram enroladas em bandeiras do arco-íris e suas diversas representatividades: a bandeira bi, a bandeira gay, a intersexo, etc. Os 19 trios elétricos iniciaram o desfile em direção à Avenida Consolação e terminaram na Praça Roosevelt, tradicional reduto boêmio alternativo da capital paulista. Entre os nomes que se apresentaram na Parada este ano estão Pabllo Vittar, Daniela Mercury, Majur e Mc Soffia.ebcebc

No primeiro ano de parada pós-Bolsonaro, o tom de luta se fez presente nesta edição. O tema focou na reivindicação de políticas públicas para a comunidade LBTQIA+. “A maior parte dos seus planos, programas, projetos, serviços e benefícios são disfarçadamente direcionados às famílias e indivíduos cisgêneros e heterossexuais. Essas distorções ficam evidenciadas quando procuramos fazer parte desses programas”, diz o manifesto deste ano. A deputada federal Erika Hilton fez um dos primeiros discursos da parada e foi bastante ovacionada. Ela falou que o Brasil deve se preparar para ter uma presidenta travesti. “É preciso sonhar. Que a gente possa sonhar e construir outros imagéticos sobre nós. Chega de falar sobre LGBT sobre a ótica da mazela”, disse. Vamos preparar o Brasil para que ele tenha sim, uma presidenta travesti”.

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Parada LGBTQIA+ em São Paulo teve luta, mas também festa. (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Um dos primeiros blocos da parada reuniu as famílias das crianças intersexo. “São crianças que nascem com variações das características cromossômicas, anatômicas, hormonais e de fenótipo em relação ao sexo biológico”, explica Taís Emília, que ajudou a fundar uma associação para trazer visibilidade ao tema. “Tive um bebê intersexo. Ele ficou sem registro civil porque não era menino, nem menina. Eu, sem licença maternidade. Eu comecei uma luta em relação a isso”, lembrou.

O ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, também esteve presente e falou sobre a importância do orgulho, termo que marca o mês de luta pelos direitos LGBTQIA+. “

Soberba é algo negativo, algo que nos leva a ter um excesso de amor próprio e achar que nós somos mais importantes do que os outros. Outra coisa é o orgulho, e é esse que nós devemos ter”, afirmou. “Todas as pessoas que estão aqui devem ter muito orgulho sim […] porque estão vivas e porque existem apesar de um mundo que as violenta, as massacra e as tira a dignidade”.

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Crianças e adolescentes trans participam da 27ª Parada LGBTQIA+ de São Paulo. (Foto: Rovena Rosa/Divulgação)

“A luta por direito no Brasil, e eu quero dizer que o que se pede, o que se reivindica, o que se demanda aqui não é um favor, é um dever do Estado brasileiro, e eu estou aqui como representante do governo brasileiro, como representante do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e quero dizer o seguinte: é dever do Estado brasileiro zelar pela saúde, garantir educação, garantir que todas as pessoas tenham acesso a emprego e renda, de forma digna, e essa é a luta que nós temos que fazer, é o acesso aos serviços públicos de qualidade”, disse Almeida. “[…] saibam que é dever do Estado brasileiro garantir que vocês tenham o direito de existir, dignamente, o direito de existir e de amar como vocês devem amar, como vocês quiserem amar. Isso é a essência da liberdade, e é isso a liberdade que nos interessa, não é liberdade de agredir as pessoas, de ofender, é a liberdade de existir tal como nós queremos existir. Senhoras e senhores, viva o Brasil, viva a democracia. Viva o orgulho!”, completou.

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As montações super-produzidas. (Foto: Roberto Parizotti/Divulgação/Fotos Públicas).