Resenha: Otto é um romântico assumido em Ottomatopeia

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7.5

Otto busca inspiração no cancioneiro popular e faz uma mistura de brega e rock em seu disco mais pessoal

Otto está ainda mais romântico neste seu novo disco, Ottomatopeia, o primeiro em cinco anos. Aprofundando ainda mais as referências do cancioneiro popular, com destaque para o brega, o pernambucano retorna com um trabalho mais íntimo e direto, distante da proposta conceitual do anterior, The Moon 1111.

Aqui ele trata sobretudo de sentimentos, sua relação com o mundo, amor, crescimento. Entre as participações estão Roberta Miranda, Céu, Manoel Cordeiro, Felipe Cordeiro, Andreas Kisser e Zé Renato. Longe de ter a inovação e força de Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos, ainda o melhor álbum da discografia de Otto, este novo álbum tem um conjunto de canções que mostra a segurança do músico em se aproveitar da tradição romântica e popular. Produzido por Pupillo, da Nação Zumbi, Ottomatopeia reflete nas letras a compreensão do músico sobre diversas coisas, sendo o romantismo o fio condutor.

Em “Bala”, o primeiro single, ele discute as benesses da solidão após desilusões amorosas. Em “Soprei” e “Atrás de Você”, com uma base roqueira forte, ele tenta encontrar a autoestima necessária para um fim de relacionamento, espantando o banzo do fim. “Eu cansei de correr atrás de você / O amor me deixou / Não quer mais”. “Carinhosa”, uma das baladas mais bonitas já feitas por Otto, é fruto da primeira parceria dele com Zé Renato, um dos mais importantes compositores brasileiros hoje.

E tem “Dengo”, versão da faixa de Roberta Miranda, musa romântica, que divide os vocais com o cantor. Em “Teorema”, Otto busca inspiração nos sons do Pará e conta com a participação dos mais interessantes embaixadores paraenses, Manoel Cordeiro e Felipe Cordeiro. O disco termina bem pesado, com rifes de guitarra encorpados, culminando com “Orumilá” que tem participação de Andreas Kisser.

É o disco mais maduro de Otto e também o mais eclético. Ele encontrou dentro de seu estilo próprio, construído ao longo de mais de vinte anos, as possibilidades estéticas para experimentar. Romântico sem pudor, Otto fica ainda mais gigante dentro do pop brasileiro.

otto 2017