O Oscar mais uma vez não contou com nenhuma mulher entre as indicadas a melhor direção depois de dois anos consecutivos com diretoras levando o troféu.
Diversas diretoras tiveram destaque de crítica e público no último ano e eram elegíveis para aparecer entre os indicados, como Sarah Polley (Women Talking), Gina Prince-Bythewood (Mulher-Rei), Maria Schrader (Ela Disse) e Charlotte Wells (Aftersun). Dessas, apenas Polley foi indicada nesta edição do Oscar, como melhor roteiro adaptado e melhor filme.
Duas mulheres levaram o Oscar nos dois anos anteriores, Chloé Zhao com Nomadland (2021) e Jane Campion com Power of The Dog, no ano passado.
Segundo a revista Variety, 573 membros da ala dos diretores na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas elegem os indicados nesta categoria. Os cinco diretores escolhidos foram Daniel Kwan e Daniel Scheinert (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo), Todd Field (Tár), Martin McDonagh (Os Banshees de Inisherin), Ruben Östlund (Triângulo da Tristeza) e Steven Spielberg (Os Fabelmans).
A associação Women In Film divulgou uma nota logo após o anúncio dos indicados condenando mais uma vez o silenciamento de diretoras mulheres no Oscar. “Mais uma vez, os votantes da Academia mostraram que não valorizam as vozes das mulheres, nos calando entre as indicações de melhor direção”, dizem no texto. “Um Oscar é mais do que uma estátua dourada, é um acelerador de carreira que pode levar a uma continuidade do trabalho e aumento nos ganhos. Por isso a WIF vai continuar lutando para que o trabalho de diretoras mulheres talentosas como Sarah Polley, Gina Prince-Bythewood, Maria Scharder, Chinonye Chukwu e Charlotte Wells sejam reconhecidos”, completam.
Em 95 edições do Oscar, apenas sete mulheres foram indicadas a melhor direção, com três vitórias – Kathryn Bigelow por Guerra ao Terror (2009), Chloé Zhao por Nomadland (2020) e Jane Campion por The Power of The Dog (2021). As outras indicações foram Lina Wertmüller por Pasqualino Sete Belezas (1976), Campion por O Piano (1993), Sofia Coppola for Lost in Translation (2003), Greta Gerwig por Lady Bird (2017) e Emerald Fennell por Bela Vingança (2020).
A falta de diretoras mulheres é um problema que vai além do Oscar e reflete o machismo que ainda impera na indústria de cinema em Hollywood. Segundo uma pesquisa do USC Annenberg, da Universidade do Sul da Califórnia, dos 111 diretores contratados para as 100 maiores bilheterias em 2022, apenas 9% eram mulheres. Esse número diminuiu em relação à 2021, que estava em 12,7%.
A entrega do Oscar acontece no dia 12 de março, com transmissão no Brasil pela TNT e Globoplay.