E chegou a hora de revisar o ano na cultura com as nossas listas de final de ano. E já começamos com a lista dos livros mais interessantes que nossa equipe leu ao longo de 2024. E que ano incrível viveu o mercado editorial do Brasil.
Títulos best-seller de enorme repercussão conviveram com narrativas experimentais na linguagem e na abordagem, ao mesmo tempo em que vimos novos autores e autoras ganhando espaço com temas ainda pouco explorados.
Ao contrários das demais listas, a seleção de livros não segue um ranking e são baseadas nas impressões de nossos críticos, repórteres e colaboradores. A nossa ideia foi elencar títulos que trazem histórias interessantes e que conseguem emocionar e envolver o leitor nessa busca em compreender, a partir da leitura, um pouco mais da vida e do mundo em que vivemos.
E não esqueçam de acompanhar a nossa seção de Livros aqui no site, sempre com notícias, críticas e entrevistas. Boa leitura!
De onde eles vêm, de Jeferson Tenório
Companhia das Letras
Depois do best-seller O Avesso da Pele, o gaúcho Jeferson Tenório volta a tratar das complexas relações sociais no Brasil a partir das vivências da pessoa negra. Desta vez, o autor usou como gancho a experiência da primeira geração de estudantes que usaram as políticas de cotas raciais para ingresso nas universidades. Dizer que o livro esquadrinha o racismo no país seria reducionista, ainda que as violências cotidianas estejam bem presentes na obra. De onde eles vêm é um trabalho universal e bastante humano que foca em um jovem que encontra uma saída a partir da literatura, apesar de todas as adversidades que uma pessoa negra brasileira enfrenta. – Paulo Floro. | Compre: Amazon.
Tese sobre uma domesticação, de Camila Sosa Villada
Companhia das Letras
No romance Tese Sobre Uma Domesticação, Camila Sosa Villada continua a expandir os limites da narrativa tradicional, explorando temas de identidade, marginalização e os complexos laços familiares. Camila parece ainda mais madura do que nos livros que antecedem Tese sobre uma domesticação. Existe, na obra, uma voz mais firme, não que nos outros não tivesse, mas essa especificidade da narrativa que inquieta e incomoda em alguns momentos constrói um romance onde nada falta e tudo se encaixa perfeitamente. Leia a resenha completa. – Tanit Rodrigues. | Compre: Amazon.
Mudar: método, de Edouard Louis
Todavia
Estrela da FLIP este ano, o francês Édouard Louis narra em Mudar: Método o processo de amadurecimento do jovem Eddy Belleguele, nascido na classe operária, com uma infância permeada por violência até se transformar em um dos nomes mais celebrados da literatura atualmente. Trabalho mais íntimo do autor, aqui ele segue expondo pessoas que o marcaram em sua vida (seus familiares e amigos), mas agora faz uma viagem interior, tentando lidar com suas contradições, medos e anseios. Um trabalho sobre os desafios de se reinventar, com todas suas dores e delícias. – PF. | Compre: Amazon.
Asma, de Adelaide Ivanova
Nós Editora
“BORA SER QUENGA ou BORA SER SÁBIA”.
Hoje um dos nomes mais importantes da poesia brasileira, a escritora pernambucana Adelaide Ivánova cria um livro experimental, quase como um mosaico, onde traz diferentes referências, estilos, quase como um caleidoscópio. A protagonista da obra, Vashti Setebestas, empreende uma viagem para fugir da opressão, numa migração eterna, sempre malquista, mas sempre insubmissa. Nesse épico, a personagem entra em contato com nomes tão díspares quanto Amy Winehouse e Homero, passando por Virgínia Woolf a Chico Science. É um livro maximalista, em que a cada leitura encontramos novas sensações, epifanias, detalhes, o que torna a experiência única na literatura BR hoje. – PF | Compre: Amazon.
Ressuscitar Mamutes, de Silvana Tavano
Autêntica Contemporânea
Em Ressuscitar Mamutes, Silvana Tavano mistura ficção e memórias ao explorar a morte precoce de sua mãe. A narrativa é construída a partir de diferentes fontes, como estudos, citações e experiências pessoais, criando uma trama densa que investiga o tempo e a memória. A autora utiliza a metáfora do bordado para entrelaçar passado e presente, resultando em uma história que reflete sobre a perda, a identidade e a construção das lembranças. – IF. | Compre: Amazon.
Bambino a Roma, de Chico Buarque
Companhia das Letras
Chico Buarque desenvolve uma narrativa nostálgica sobre a infância do autor em Roma nos anos 1950. A obra, ficcional e íntima, reflete o olhar ingênuo de uma criança diante da cidade, distante das complexidades de outros livros do autor. Com uma prosa simples e afetiva, Buarque revisita suas memórias com melancolia e ternura. – Isabela Ferro | Compre: Amazon.
Neca, de Amara Moira
Companhia das Letras
Neca, de Amara Moira, é um romance escrito em bajubá, a língua das travestis, que narra a vida de Simona, uma prostituta, com humor e crítica social. A obra aborda questões de identidade de gênero e sexualidade, refletindo sobre as dificuldades enfrentadas pela comunidade LGBTQIA+ no Brasil. Com estilo irreverente, o livro propõe uma reflexão sobre liberdade e resistência. – IF | Compre: Amazon.
Casa de Família, de Paula Fabrio
Companhia das Letras
Paula Fábrio constrói uma reflexão sobre as dinâmicas familiares e a construção da identidade. A autora aborda de maneira incisiva a invisibilidade das mulheres no trabalho doméstico, destacando as desigualdades sociais que perpassam essas interações. O romance se configura como uma crítica às estruturas familiares e sociais, explorando as contradições e limitações impostas às mulheres. – Isabela Ferro. | Compre: Amazon.
Krakatoa, de Veronica Stigger
Todavia
Dando vozes a personagens cósmicos e elementares (a terra, o sol, o pântano, tsunami, o vento), Veronica Stigger cria em Krakatoa uma narrativa inovadora e corajosa, que vai fundo em searas ainda não testadas da literatura brasileira. Misto de fabulação com observações pessoais, quase como um diário de viagem, a autora cria uma narrativa permeada pela estranheza, mas altamente envolvente. O livro dialoga com a crescente “ficção climática”, com autores que trazem para o campo artístico discussões urgentes sobre os rumos do planeta. – PF. | Compre: Amazon.
Essa Coisa Viva, de Maria Esther Maciel
Todavia
Essa Coisa Viva é uma narrativa corajosa que busca lidar com questões cristalizadas na sociedade sobre a maternidade e as relações familiares. Maria Esther Maciel traz uma escrita cortante e por vezes dura, mas ao mesmo tempo muito afetiva, sobre uma mulher que reexamina sua infância e adolescência ao lado de sua mãe marcada por humilhações e violências. Leia a resenha completa. – PF | Compre: Amazon.
Nevada, de Imogen Binnie
Todavia
A partir de referências da cultura pop e com uma estética punk que permeia sua narrativa, Nevada traz uma história de autodescoberta de uma mulher trans que decide romper com a bolha em que vive para partir de Nova York até a Califórnia de carro (roubado de sua ex-namorada, diga-se). Imogen Binnie tem um texto fluido, que remete aos fluxos de pensamento dos beatniks e constrói uma personagem cheia de camadas que envolve o leitor desde o primeiro contato. Um livro que foge dos lugares-comuns de narrativas do gênero. – PF | Compre: Amazon.
Limite de caracteres: Como Elon Musk destruiu o Twitter, de Kate Conger e Ryan Mac
Todavia
Kate Conger e Ryan Mac examinam a aquisição de 44 bilhões de dólares do Twitter por Elon Musk em 2022. Através de entrevistas e fontes exclusivas, os autores oferecem uma visão crítica do bilionário, retratando-o como volúvel e impulsivo, com impactos significativos na direção da rede social. – IF | Compre: Amazon.
Da próxima vez, o fogo, de James Baldwin
Companhia das Letras
A luta antirracista é uma ação básica do processo civilizatório que requer atitude e vigilância permanente. Nesse sentido, a obra da próxima vez, o fogo, de James Baldwin, é uma contribuição imensurável para nos ajudar a refletir sobre os enfrentamentos que a questão racial impõe, sejamos leitores negros, ou não, dispostos a mudar o rumo das coisas. Leia a resenha completa. – Alexandre Figueirôa. | Compre: Amazon.
Virgínia Mordida, de Jeovanna Vieira
Companhia das Letras
Jeovanna Vieira aborda a violência contra a mulher dentro de um relacionamento abusivo, narrado pela perspectiva de Virgínia, uma mulher negra bem-sucedida. A trama explora sua relação com Henrí, um homem narcisista que representa o patriarcado. A obra reflete sobre o amor romântico e o poder das redes de apoio feminino. Embora a dicotomia entre os bons e maus seja simplificada, o romance é uma leitura instigante e relevante. – IF. | Compre: Amazon.
Vento Vazio, de Marcela Dantés
Companhia das Letras
Na Quina da Capivara, um Vento Vazio misterioso e enlouquecedor assusta moradores, levando-os quase à loucura. Marcela Dantés conta essa história a partir de quatro vozes, bem diferentes entre si, que reagem cada uma à sua maneira a esse vento penetrante que ninguém sabe bem quando chega. Com uma narrativa dinâmica, a autora discute questões como obssessões, segredos e o modo como lidamos com a perda da noção da realidade. Uma investigação da loucura feita de um modo criativo a partir de personagens complexos. – PF | Compre: Amazon.
Coelho Maldito, de Bora Chung
Alfaguara
Bora Chung reúne contos de terror que mesclam o sobrenatural com questões sociais, especialmente sobre as pressões sobre as mulheres. A autora utiliza elementos do folclore e ficção científica, explorando o mistério e o suspense com habilidade. A obra se destaca pela profundidade psicológica dos personagens e pelas reflexões sobre a condição humana, especialmente feminina. – IF | Leia resenha completa. Compre: Amazon.
Carlabê, de Isabela Noronha
Companhia das Letras
A obra de Isabela Noronha se destaca pela abordagem incisiva, utilizando áudios e cartas para desvendar uma amizade marcada por segredos e a turbulência da vida urbana. Com uma estrutura que desafia o leitor a reunir as peças de uma história inacabada, a autora mergulha nas dificuldades de se conectar no caos da cidade. – IF. | Compre: Amazon.
Água Turva, de Morgana Kretzmann
Companhia das Letras
Morgana Kretzmann explora o conflito entre preservação ambiental e interesses políticos, ambientado no Parque Estadual do Turvo. A obra mistura realismo e elementos míticos, destacando a importância da natureza como personagem central e provocando reflexões sobre as relações humanas e a luta por um futuro mais justo e sustentável. – IF. | Compre: Amazon.
Contos Céticos, de Adriana Lunardi
Record
Contos Céticos é difícil de classificar, o que só reforça a escrita original de Adriana Lunardi, dona de um estilo que foge de modismos e que encara escolhas narrativas e estilísticas difíceis. As histórias desse livro trazem como fio condutor o ceticismo e a dúvida, sempre buscando um tom mais introspectivo como já percebido em seus trabalhos anteriores (como Vésperas). São textos curtos, que fogem de epifanias e busca na incredulidade o suporte que nos ajuda a suportar o mundo com sagacidade. -PF | Compre: Amazon.
Projeto Querino: um olhar afrocentrado sobre a história do Brasil, de Tiago Rogero
Fósforo
Tiago Rogero propõe uma reinterpretação da história nacional, destacando a centralidade da presença negra na formação do país. A obra amplia os temas abordados no podcast homônimo e resgata figuras históricas silenciadas, evidenciando tanto os impactos da escravidão quanto a resistência do povo negro. – IF | Compre: Amazon.
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