All We Are traz brasileiro, norueguesa e irlandês em pop comedido
E mais: novos discos de Gaz Coombes (ex-Supergrass), The Dodos, Menace Beach e A Place To Bury Strangers
A banda de Liverpool All We Are, novidade no cenário independente britânico, sempre dinâmico, tem um toque brasileiro. O curitibano Luís Santos é parte da formação e assume guitarra e vocais. O tom globalizado do grupo é visto pelos outros dois integrantes, um irlandês, Richard O’Flynn (bateria e vocal) e a norueguesa Guro Gikling (baixo e vocal).
O disco de estreia chega repleto de boas ideias desses três personagens de origens tão distintas. É possível perceber certa melancolia tirada da música brasileira clássica, como a bossa nova e o choro. Já Guro traz o afinco pop das terras nórdicas. E claro, temos referências do rock inglês servindo como lastro. Há bons momentos que levam o ouvinte por uma viagem regada a psicodelia, mas falta energia às composições, sobretudo porque a banda trafega em uma cena muito competitiva, com diversas iniciativas que se atropelam na mesma estrutura e proposta.
Faixas como “I Wear You” e “Keep Me Alive”, no entanto, mostram que possuem potencial. [Paulo Floro]
ALL WE ARE
All We Are
[Domino, 2015]
Nota: 7,0
THE DODOS
Individ
[Polyvinyl, 2015]
Em seu sexto disco, a banda norte-americana The Dodos começa a sentir os efeitos do amadurecimento ao se mostrarem impecáveis sonoricamente e também mais comedidos no estilo “dance-rock” e guitarras estrondosas que experimentaram no passado. O que encontramos aqui é um conjunto de canções bem dosadas, que parecem buscar novos caminhos para livrar a banda da extinção. É o caso de “Competition”, uma das melhores faixas da carreira do grupo. Vamos aguardar para onde essa nova direção levará a banda. [Rafael Curtis]
Nota: 6,0
GAZ COOMBES
Matador
[Universal, 2015]
Gaz Coombes, até hoje conhecido como o líder do Supergrass, se arrisca em um álbum solo pela segunda vez. Em Matador, ele mostra que vive sua melhor fase como compositor. O disco começa em uma levada lenta e vai passeando por estilos mais pesados do rock, flertando com ecos do brit-pop, post-punk, eletrônica, mas sempre com uma chama pop acesa. A voz de Coombes funciona aqui como um instrumento essencial para a execução desse álbum que trata, entre outras coisas, sobre crescimento. O disco peca apenas pela tentativa de emplacar hinos, como já fez em sua antiga banda, o que desbanca para algumas obviedades. Mas é um trabalho sólido em um caminho certo. [Paulo Floro]
Nota: 6,5
MENACE BEACH
Ratworld
[Memphis Industries, 2015]
A estreia do duo Ryan Needham e Liza Violet acabou trazendo poucas novidades no indie-rock com pretensões punk e pouca imaginação. A dinâmica da dupla até funciona, mas as faixas carecem de alguma inovação ou mesmo força. Músicas como “Lowtalkin” e “Come On Give Up” mostram que a banda possui potencial, enquanto a maior parte aponta para um esgotamento e acendem a luz para uma busca por algo que os diferencie dentro do gênero que escolheram. [Fernando de Albuquerque]
Nota: 5,0
A PLACE TO BURY STRANGERS
Transfixiation
[Dead Oceans, 2015]
O Place To Bury Strangers segue sem novidades dentro da sua proposta de emular o noise-rock que já soou perigoso e desafiador em algum momento. Hoje, álbuns como Transfixiation soam nada além de saudosismo (ou fetiche). Em vez de buscar novos significados para o legado deixado por nomes seminais do rock, como fazem bandas como o Savages, o PTBS tropeça na pretensão de soar como herdeiros de algo grandioso, como faz o Viet Cong, por exemplo. Claro, há diversão, caso de “Straight”. Mas, a reprise nem sempre é tão empolgante.
Nota: 5,0