Melhores 2007: 25 Quadrinhos do Ano

Assim como 2006, o mercado brasileiro de quadrinhos em 2007 assistiu ao crescimento do número de títulos tanto em bancas, quanto livrarias, sem que isso tenha aumentado o público leitor. Com tiragens ainda pequenas, os lançamentos são consumidos por um público fiel e maduro. Mas há surpresas no caminho. Obras como Fun Home e Black Hole ousam ultrapassar esse espaço. Se afirmam até mesmo fora do nicho “hq adulta”, ganhando espaço como verdadeiras obras de literatura que são.

No saturado gênero de ação, de super-heróis, mais boas novidades. Na histeria de reformulações que parece mover as gigantes DC e Marvel, a minissérie Guerra Civil trouxe bons roteiros aliados à uma estratérgia de marketing inteligente. Pra completar, discutiu política com os leitores. Outros bons roteiristas nessas editoras criaram boas obras, entre eles Warren Ellis, Grant Morrison e Mark Millar.

Destaques para o sucesso do relançamento da obra completa de Calvin e Haroldo e do lançamento de HQ’s que abordam temas políticos, com um misto de denúncia e subjetividade, casos de Persépolis, de Marjani Satrapi e Pyongyang, de Guy Delisle.

O GRITO! convidou jornalistas especializados, blogueiros, colunistas e artistas para elegerem, ao lado dos editores da revista as 25 melhores obras deste ano, que publicamos abaixo, em ordem decrescente. Nosso intuito é elaborar a mais importante lista do gênero entre os veículos que cobrem a nona arte. Agradecemos a todos que nos enviaram listas, opiniões e comentários sobre o que mais gostaram este ano.

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DESENHANDO QUADRINHOS
Scott McLoud

O americano Scott McCloud se especializou em criar quadrinhos sobre quadrinhos. Sua importância vai bem além de um simples autor que ensina HQ’s, como um manual barato. Em Desenhando Quadrinhos, McCloud confirma seu talento em uma obra que explora com criatividade a metalinguagem e todas as possibilidades da nona arte. Desenhando… é a melhor aula da série lançada pela M.Books, que já publicou Desvendando os Quadrinhos (1993) e Reinventando os Quadrinhos (2000).

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SETE SOLDADOS DA VITÓRIA
Grant Morrison e Frank Quitely

Obra monumental de Morrison, lançado em 8 edições pela Panini, Sete Soldados da Vitória é um dos melhores momentos do autor escocês, que contou a história de sete personagens e fez uma minissérie em quatro partes pra cada um: Bulleter, Cavaleiro Andante, Frankestein, Guardião de Manhattan, Klarion, Senhor Milagre e Zatanna. Confuso, hermético e truncado, a obra foi aclamada pela crítica e até hoje rende teorias e especulações em diversos fóruns dedicados a ela.

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SANDMAN – VIDAS BREVES
Neil Gaiman e Jill Thompson

O projeto de reedição da saga de Sandman já é um dos maiores empreendimentos da indústria de quadrinhos brasileira. Vidas Breves, o sétimo volume da saga é focado na irmã de Sonho, Delírio e para muitos é o ponto chave de toda a trama dos Perpétuos. É ilustrado por Jill Thompson, artista revelada na série, e hoje mais conhecida por seu trabalho em especiais de Morte. Gaiman aborda o tema das mudanças na vida, através da personalidade dos personagens Destruição, Delírio e o próprio Morpheus.

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PIRATAS DO TIETÊ – A SAGA COMPLETA
Laerte

Ótima oportunidade para conhecer um Laerte que não existe mais nas tiras diárias, nem nos álbuns inéditos como Laertevisão. Principal obra da carreira do desenhista, Piratas do Tietê ganha reedição de luxo pela Devir, em dois volumes. Caótico, escrachado e com doses enormes de um humor negro direto, Piratas é um clássico dos quadrinhos brasileiros e os mais marcantes personagens do autor, que filosofava com os nonsenses piratas, enquanto pilhava, matava, destruía. É um Laerte bruto e genial.

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PLANETARY
Warren Ellis e John Cassaday

Planetary é o mais sofisticado projeto de Ellis, que ao lado dos desenhos de Cassaday criou uma das mais inteligentes histórias de super-heróis. Com conspirações, História, intrigas e muito, muito mistério, a série originou uma legião de fãs, que por vezes esperam muito tempo por um novo número. Lançado no Brasil de forma confusa, finalmente ganha um tratamento de respeito pela Pixel, que a publica na seu título mensal Pixel Magazine. É cheia de mensagens e referências a diversas obras da cultura popular e dos quadrinhos, como Ellis adora.

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20
TALVEZ ISSO…
Marcelo Campos

Conhecido pelo seu trabalho como desenhista de super-heróis e pelo personagem Quebra-Queixo, Marcelo Campos surpreendeu com esta coletânea de tiras filosóficas. É um trabalho muito pessoal, e por isso, chega com facilidade ao leitor. Talvez Isso… diz muito da vida de Campos e seu processo artístico. É um dos mais belos trabalhos de tiras, lançados este ano.

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RAGU
Vários Autores

A Ragú já se tornou um dos melhores exemplos quando se tenta provar que os quadrinhos brasileiros são fartos em talentos e boas idéias editoriais. Antes lançada por editoras, entre elas a Via Lettera, este ano voltou à independência. Participam deste número Mascaro, que fez a capa, Osvaldo Pavanelli, Lelis, Guazzelli, Fabio Zimbres, Samuel Casal e do alemão Hendrik Dorgathen.

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ESTÓRIAS GERAIS
Wellington Srbek e Flávio Colin

Clássico do quadrinho nacional, vencedor do HQ Mix, Estórias Gerais recebe tratamento de luxo pela Conrad. A obra tem sua importância por diversos motivos, mas sua maior inovação foi na pesquisa linguística: os personagens reproduziam a fala nordestina com primor. Os desenhos de Colin, ainda hoje pouco reconhecidos, imitam xilogravuras é um dos atrativos principais. Contando a história do jornalista que investiga o cangaceiro Antonio Mortalma, Estórias Gerais faz eco aos grandes nomes da literatura que desbravaram o tema, entre eles Graciliano Ramos.

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PERSÉPOLIS
Marjani Satrapi

Marjani Satrapi é personagem de sua obra mais importante, Persépolis, que trata de fatos vividos em seu país natal, o Irã. A Companhia das Letras reúne em volume único a série que mostra desde a infância de Satrapi no Irã, até seu reconhecimento na França. Com forte teor político, a grande força do livro reside na delicadeza com que a autora retrata os dramas humanos e o cotidiano.

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16
ASTERIX E A VOLTA ÀS AULAS
Albert Uderzo e René Goscinny

Este livro reúne 14 histórias feitos sob encomenda para revistas francesas, como Elle, Le Monde e National Geographic. Os quadrinhos de Uderzo e Goscinny já conquistaram público e crítica no mundo todo, mas a cada álbum sempre impressiona a capacidade dos autores em inovar utilizando o universo de personagens. Neste livro, histórias publicadas em 40 anos da saga, mostra o quanto a capacidade de criar humor sem limite de idade pautou os franceses.

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BATMAN ANO 100
Paul Pope

O cultuado artista Paul Pope mostrou a sua visão do Cavaleiro das Trevas em Batman Ano 100, com um estilo cinematográfico. Um dos principais nomes dos quadrinhos alternativos americanos, Pope criou um Batman violento, animalesco e assustador. Ainda o trouxe para seu universo particular: cyberpunk, desolador, opressor. Uma das melhores histórias feitas com o homem morcego, também se enquadra na bibliografia de Pope, que sempre trata de perda das individualidades, violência urbana e terror psicológico, como em 100%.

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FETICHAST – PROVÍNCIA DOS CRUZADOS
J. Mario Nicolosi

16 anos após lançar o primeiro volume, Nicolosi volta a abordar a face cruel da televisão, através de seus quadrinhos. O livro é bastante imaginativo, com um cenário retro-futurista, onde se misturam cavalos no trânsito e televisores. O cuidado estético, com traços à lápis, diagramação e interlúdios mostrando crianças fugindo de uma televisão carnívora fazem parte da coleção de tiradas geniais do álbum. Pra completar, há o bom trabalho de pesquisa para reproduzir a fala dos personagens idênticos à vida real, das ruas.

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13
CALVIN E HAROLDO – E FOI ASSIM QUE TUDO COMEÇOU
Bill Watterson

Em suas primeiras tiras, Bill Watterson já era genial ao retratar a infância. E Foi Assim Que Tudo Começou é o segundo álbum de Calvin lançado pela Conrad, que planeja relançar toda a obra. Publicadas entre 1985 e 1986, este lançamento marca o início cronológico da coleção completa. Como mostra o início do personagens, muitos elementos ainda iriam ser utilizados, mas o carisma do personagem existia desde a primeira tira.

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12
PYONGYANG – UMA VIAGEM À CORÉIA DO NORTE
Guy Delisle

O canadense Guy Delisle passou dois meses no país mais fechado do mundo, a Coréia do Norte, e denunciou a crueldade do regime. Entre falta de acesso a itens básicos de sobrevivência, como eletricidade e proibições de ir e vir, Pyongyang é uma obra de denúncia que evidencia como a decadência dos regimes vermelhos ainda produzem sofrimento a milhões de pessoas. Mais um bom lançamento do ano a tratar de política como nenhuma reportagem seria capaz. O livro saiu pela jovem editora Zarabatana Books, que trouxe ótimos títulos em seu primeiro ano de vida.

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11
GUERRA CIVIL
Mark Millar e Steve McNiven

Com Guerra Civil a Marvel deu um salto de qualidade nos temas abordados. Millar encontrou a maneira ideal para movimentar todo o universo de personagens da casa sem precisar recorrer a clichês do tipo “estão destruindo a Terra”. A opinião sobre a lei de registros de super-humanos, polarizou dois grupos de heróis, liderados pelo Capitão América e Homem-de-ferro, mas dividiu também os fãs, que passaram a debater temas como liberdade, direitos e terrorismo através das HQ’s. É isto que coloca a minissérie acima de tudo que a Marvel lançou este ano: ela é relevante ao discutir política, mas não abre mão de boas sequências de ação e ótimos desenhos.

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10
BLACK HOLE – INTRODUÇÃO À BIOLOGIA
Charles Burns

A editora Conrad corre para ser a responsável por publicar as mais importantes obras dos quadrinhos mundiais. Black Hole, obra-prima de Charles Burns é mais um da lista. Retrata a juventude de maneira realista e, por vezes, cruel. O preto e branco reto e bem acabado dos desenhos casa com a atmosfera sombria da história de uma misteriosa doença venérea que provoca estranhas mutações. Em seu jogo pertubador de narrativa, Burns trata como nenhum outro quadrinhista temas como drogas e sexo.

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9
LOST GIRLS
Alan Moore e Melinda Gebbie

Lost Girls é a obra mais corajosa dos quadrinhos. Polêmica, a história de Alice, de Alice no País das Maravilhas; Dorothy Gale, de O Mágico de Oz; e Wendy Darling, de Peter Pan, é, segundo Moore, um gibi pornográfico. Então, nada de gastar linhas dizendo que se trata de uma forma de arte erótica, que não é vulgar. O que chama atenção na obra é como o autor liga séculos de história em diversas referências, como fez em A Liga Extraordinária e diversos outros quadrinhos. A arte de Gebbie lembra antigos livros de contos de fada, só que recheada de cenas de sexo. É um impacto visual impressionante. Proibida na França, acusada de pedofilia, ganhou no Brasil um belo trabalho editorial da Devir, ainda que não tenha sido lançada num volume único, numa caixa luxuosa, como na Inglaterra.

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8
JUSTIÇA
Alex Ross, Jim Krueger e Doug Braithwaite

Os ícones do universo DC já foram retratados por diversos autores em inúmeras obras, algumas magistrais, outras constrangedoras. O fato é que ninguém imagina melhor a Liga da Justiça quanto Alex Ross. Seu carreira parece ser dedicada a mostrar novas visões dos “maiores heróis do mundo”. A obra não tenta ser definitiva, mas traz um bom argumento e boas doses de aventura. Mesmo explorando o lado clássico dos personagens, o roteiro questiona o heroísmo ao colocar um inimigo que nem mesmo a Liga pode deter.

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7
RED ROCKET 7
Mike Allred

A obra de Mike Allred é cria direta da influência de Andy Warhol nas artes. O lado pop do trabalho deste autor americano traz felicidade para fãs de quadrinhos e também aficionados por música e roqueiros descolados. Criador de Madman, o mais iconoclasta super-herói já criado, Allred já teve uma divertida fase na Marvel, criando os X-Táticos. Red Rocket 7 é sua obra mais importante. Aqui temos um desfile de personagens do rock contracenando com diversos nomes da história do rock, Elvis, Beatles, Stones, The Who, David Bowie, a lista é imensa. A obra é um delírio visual, como só a mente pop de Allred poderia conceber.

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6
A SAGA DO MONSTRO DO PÂNTANO
Alan Moore e Steve Bissete, Dan Day e John Totleben

Moore modificou a origem do Monstro do Pântano, deu outro direcionamento criativo ao roteiro e reformulou o modo como as HQ’s eram vistas pelo público. A partir de sua passagem pelo personagem que surgiu a idéia de se criar o selo Vertigo, voltado para adultos. A Pixel lançou o livro com um cuidado editorial impressionante. Foi feito até pesquisa entre os leitores para lançar em cores ou não. Com Moore, o Monstro se tornou um ser angustiado, de personalidade rica, deixando para trás o misto de horror primal e clima de filme B da época de Len Wein e Bernie Wrightson.

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5
GRANDES ASTROS SUPERMAN
Grant Morrison, Frank Quitely e Jamie Grant

A idéia da série All Star era convidar autores consagrados para contar histórias dos maiores heróis da DC sem se preocupar com a cronologia. O resultado mais eficaz e criativo foi o Superman de Morrison. Sua homenagem ao super da Era de Prata é genial e não deixa passar nenhum detalhe: até o super cão Krypto dá as caras, quer dizer, as fuças. O equilíbrio é o ponto chave desta HQ. Diferente de outras obras mais autorais de Morrison, truncadas e cheias de código, Grandes Astros Superman é apenas uma história muito bem contada, repleta de humor, aventura, ficção científica e tudo mais que se espera num gibi do Homem de Aço.

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4
LIBERTY MEADOWS – LIVRO UM – ÉDEN
Frank Cho

Conhecido por suas mulheres sensuais em revistas de super-heróis, no Brasil, pouca gente conhecia o ótimo trabalho de humor de Frank Cho. Liberty Meadows é uma tira criada por Cho e publicada em diversos jornais norte-americanos. A reserva ambiental que dá nome à HQ é repleta de animais que perderam seu habitat natural, entre eles Ralph, um urso anão ranzinza e Leslie, um sapo-boi hipocondríaco. A versatilidade do desenho de Cho é impressionante, bem distante de Shanna, a Mulher-Demônio, publicada na revista Marvel MAX. As idéias encontradas para abordar o relacionamento entre os animais e habitantes humanos da reserva também são muito criativas. A edição da HQ Maniacs é cuidadosa, trazendo o guia de referências, algo necessário já que Cho faz vários links com séries de tv, filmes e música.

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3
FUN HOME – UMA TRAGICOMÉDIA EM FAMÍLIA
Alison Bechdel

A maior contribuição de Fun Home para os quadrinhos é aumentar o público para além dos que acompanham os lançamentos de HQ’s. O livro é um dos maiores êxitos editoriais desde que venceu o Eisner Award e foi eleito livro do ano pela revista Time. A autora, lésbica assumida, relembra a infância e adolescência vivida numa funerária (daí o nome de livro, uma abreviação de Funeral), junto ao pai, gay enrustido. A narrativa é tocante e delicada, contada de maneira simples a partir de fatos ocorridos no cotidiano. Para a autora, que perdeu o pai logo após assumir a homossexualidade, revisitar o passado foi um processo difícil. Isso fica claro no decorrer do livro, onde percebemos o misto de ódio e amor que Alison nutria pelo pai. A autobiografia em quadrinhos é uma forma popular, onde até mesmo os leitores conseguem expurgar certos sentimentos. Revelador, Fun Home, se situa entre obras como Maus de Art Spielgeman, pela maneira realista e sem concessões com que retrata a família e o passado. O livro causou polêmica em uma biblioteca americana pelo seu conteúdo adulto. Não há motivo para controvérsia: Fun Home é apenas franco em debater consigo mesmo relações humanas de maneira verossímel. No mais, é um livro sobre descobertas.

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O MUNDO É MÁGICO – AS AVENTURAS DE CALVIN E HAROLDO
Bill Waterson

Em 31 de dezembro de 1995, Calvin e Haroldo se despediam do público. Foram dez anos de aventuras do imaginativo Calvin e seu tigre de pelúcia, publicados em jornais no mundo todo. Watterson conseguiu mais do que criar uma tira de humor. Seu personagem fazia de sua inocência o canal para que o autor mostrasse tiradas filosóficas, reflexões e críticas ao cotidiano. É impossível não ser saudosista ao ler as peripécias da infância de Calvin, seja brigando com a vizinha Susie, massacrando a professora Wormwood ou mesmo brincando com bolas de neve. Nada é muito diferente do que acontece com a infância de todos, mas apenas Watterson conseguiu chegar tão perto e retratar com tamanha honestidade. Ainda encontrava espaço para pequenas epifanias, geralmente em conversas despretensiosas entre Calvin e Haroldo. Assim como a criança que retratava, o autor foi puro em seu projeto: não mudou o estilo de desenhar, não fez merchandising da obra, não permitiu adaptações para outras mídias. Estes detalhes só aumentaram a tez de clássico que Calvin e Haroldo construiu em dez anos. O Mundo É Mágico é o último volume da série, e foi o volume escolhido pela Conrad para dar início a republicação de toda a obra.

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LAERTEVISÃO – COISAS QUE NÃO ESQUECI
Laerte

Os bastidores de Laerte estão presentes em Laertevisão – Coisas Que Não Esqueci, lançado pela Conrad. No estilo que o autor tomou nos últimos anos, é a obra mais representativa de sua atual fase, marcada não mais por personagens famosos, como Overman, Piratas do Tietê, etc, mas sim por pequenas reflexões, experimentalismo e filosofia. Aqui, Laerte revisita sua infância, adolescência e juventude, em busca de coisas que o ajudaram a moldar o que é hoje. Não há intenção em soar engraçado, não é uma HQ de humor, como se espera que sejam todas as tiras, mas é uma deliciosa leitura, que proporciona uma viagem por episódios e detalhes do passado brasileiro. Ainda é entrecortado por fotos de família, colagens de revistas antigas e manuscritos “históricos” da biografia do autor. A Televisão é o fio condutor das memórias, desde a chegada em 1950 ao advento das cores. Na sua TV, Laerte se expõe para o leitor de maneira sincera, e muito simples. A comoção é instantânea. Pra completar, a Conrad ainda realiza um dos mais belos projetos gráficos do ano.

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ENTREVISTA LAERTE
CRÍTICOS COMENTAM OS MELHORES QUADRINHOS DO ANO