Liniker faz estreia na passarela em encerramento da temporada do SPFW

Cantora desfilou pela marca Apartamento 03, do estilista Luiz Cláudio Silva

Liniker SPFW
O kanekalon, tipo de material utilizado para fazer tranças de cabelos, foi o grande destaque da peça usada por Liniker. (Foto: Marcia Fasoli/Agência Fotosite).

Em um desfile carregado de simbologia e ancestralidade, o estilista mineiro Luiz Cláudio Silva, diretor criativo da marca Apartamento 03, encerrou, na noite desse domingo (20), a temporada do São Paulo Fashion Week (SPFW) ao apresentar sua coleção Áureo. Na ocasião, a cantora Liniker, primeira artista transgênero brasileira a vencer o Grammy Latino, fez sua estreia na passarela.

Inspirado nas passagens do livro Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves, o estilista resgatou saberes históricos em uma ode à resistência. Diante da imagem de Oxum, assim como a protagonista do livro, Kehinde, ele se inspirou na orixá, uma entidade que representa sabedoria e poder feminino, para criar as peças.

“Eu gosto muito da matéria-prima, eu fico olhando-a e entendendo o que é possível; as minhas construções nascem assim. Essa foi a primeira vez que usei marrom na cartela de cores, que eu já queria muito fazer, e também usei o kanekalon”, conta Silva. O kanekalon, que ganhou destaque em seis peças do desfile, um deles usado pela cantora Liniker, é um tipo de material utilizado para fazer tranças de cabelos, escolhido por remeter às memórias de infância do estilista.

Para Liniker, desembarcar no Brasil direto para o desfile teve um significado ainda mais especial. “Eu sou uma pessoa que amo moda e é muito legal quando a gente consegue juntar cultura, moda e sociedade, em um dia tão importante como hoje, onde temos falado de repensar o que é a Consciência Negra. Acho o Luiz Cláudio um artista incrível e fico muito feliz de poder estrear no SPFW numa semana tão importante pra mim, após ter ganhado um Grammy”, contou a cantora.

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(Foto: Marcia Fasoli/Agência Fotosite).

Nos tecidos do desfile, o linho surge em marrom, usado pela primeira vez na marca, e em branco com aplicações do desenho de Ouroboros, a serpente que engole sua própria cauda, caracterizando um ciclo contínuo da vida. A cobra também pode ser vista em obras de arte de artistas negros que são inspirações para o estilista, como Abdias Nascimento. Essa mesma imagem está presente na estampa-chave da coleção, que recebe uma sobreposição tramada, causando um efeito visual quase que holográfico nas peças.