O Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte (FIQ BH) este ano celebra sua 12ª edição entre os dias 22 e 26 de maio no Minascentro. Realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte em parceria com o Instituto Periférico, o evento é considerado o maior do gênero na América Latina. Trata-se do mais importante evento ligado inteiramente às HQs e por isso movimenta toda o setor, de quadrinistas a profissionais ligados à área de produção gráfica, editoração, logística, entre outros.
A Revista O Grito! fará uma cobertura do evento a partir da quarta (22), com conteúdos no site e nas redes sociais. Também estaremos lá com o nosso selo O Grito! HQ como convidados na Rodada de Negócios, uma parceria do FIQ com o Sebrae.
Com o tema Onde cabem os quadrinhos?, o FIQ BH 2024 propõe uma reflexão sobre as diversas dimensões e possibilidades oferecidas pela arte sequencial. Segundo Eliane Parreiras, Secretária Municipal de Cultura, o evento reafirma o compromisso do prefeito Fuad Noman na implementação das políticas públicas do município para o setor.
“O FIQ BH é um ponto de convergência entre o público, os profissionais e os pesquisadores do campo dos quadrinhos, proporcionando um ambiente propício para a interação e o intercâmbio de experiências artísticas, formativas e reflexivas sobre a linguagem da arte sequencial. Desde a sua concepção, o FIQ BH tem desempenhado um papel fundamental na formação e no impacto sobre múltiplas gerações de artistas de quadrinhos na cidade”, diz Parreiras. “A continuidade desta iniciativa, mediante uma programação diversificada e inteiramente gratuita, reforça a política pública cultural estabelecida pela Prefeitura, fundamentada na premissa da democratização do acesso à arte e à cultura”, afirmou.
O FIQ BH recebe talentos nacionais e internacionais. Entre os convidados estrangeiros, estão nomes como Paolo Bacilieri, um dos maiores quadrinistas italianos da atualidade. Além dele, artistas como Jenny Jordahl, da Noruega, e Ángel de la Calle, da Espanha, estarão presentes para compartilhar suas experiências. A jovem revelação britânica Zoe Thorogood, que tem dois quadrinhos publicados no Brasil, também participa do festival.
O franco-brasileiro Matthias Lehmann, que lançou recentemente a elogiada HQ Chumbo, sobre a ditadura militar, marcará presença no evento, assim como a ilustradora coreano-brasileira Ing Lee, responsável pela identidade visual do festival. Outro destaque brasileiro é Gabriela Güllich, nome importante do jornalismo em quadrinhos do Brasil e autora de uma das HQs de Fato, da Revista O Grito!.
Além dos convidados internacionais, o FIQ BH contará com a participação de aproximadamente 400 artistas brasileiros, entre quadrinistas, ilustradores, roteiristas, editores e pesquisadores. Durante os cinco dias de evento, os visitantes terão acesso a uma vasta gama de atividades, incluindo mesas-redondas, debates, bate-papos, sessões de autógrafos, exposições, oficinas, duelos de HQs, rodada de negócios e uma mostra de cinema com obras relacionadas ao universo dos quadrinhos.
Gabriela Santoro, diretora-presidente do Instituto Periférico – que tem suas ações pautadas em projetos e iniciativas que promovem a diversidade cultural e o desenvolvimento humano -, comenta sobre o atual cenário do mercado de quadrinhos frente à transformação digital: “Entendemos que esse mercado sofreu muitas adaptações no contexto das plataformas digitais, principalmente quanto à distribuição. Essa transposição, de um mundo físico das bancas de revista para a cena virtual, trouxe dinamização na circulação e comercialização das HQs, além da renovação e diversificação no público de leitores, sem falar no crescente número de seguidores de quadrinistas e ilustradores”, diz Santoro. “Hoje assistimos a um movimento diferente: num panorama em que as bancas de revista são espaços cada vez mais raros, e temos um alto consumo dos quadrinhos primeiro pela internet, o FIQ vem como possibilidade de vivenciar as trocas presencialmente com autores nacionais e internacionais. E ainda conhecer e experimentar o contato físico com as obras.”
A proposta do tema do evento este ano é discutir as noções de espacialidade no universo das HQs a partir da provocação em torno da palavra caber: “Vamos lançar o olhar para questões que cercam os quadrinhos e seus espaços, sejam narrativos, sociais, de venda, de circulação e afins. Afinal, existe um lugar para quadrinhos? E quais lugares e temáticas as páginas de uma HQ podem comportar? Todo plural é pouco para descrever as histórias em quadrinhos. A linguagem já foi odiada, censurada, elogiada e explorada em toda a sua diversidade. Afinal, onde cabem os quadrinhos: existe um lugar, espaço ou tema que os pré-determine?”, conta Gabriel Nascimento, um dos coordenadores artísticos do festival, ao lado de Afonso Andrade e Yuri Mesquita. A curadoria este ano é do pesquisador e psicólogo Lucas Ed e da quadrinista e jornalista Amma.
Os homenageados do FIQ
Outro destaque da programação é a presença dos artistas homenageados. A gaúcha Ana Luiza Koehler, ilustradora e mestre em arquitetura, que já participou de várias edições do FIQ, inclusive como curadora, se destaca, desde 1993, no mercado editorial impresso e digital, na produção de histórias em quadrinhos e na ilustração científica no campo da arqueologia. Entre os trabalhos mais relevantes está sua pesquisa de mestrado sobre becos, que resultou na HQ Beco do Rosário, em que narra a modernização de Porto Alegre, na década de 1920. A obra foi agraciada com quatro troféus HQMix, em 2021.
Alves é o outro homenageado: talentoso e premiado cartunista, também assina como quadrinista, ilustrador, poeta e mestre em Geografia pela UFMG, sendo autor de vários livros, como A Rua de Lá (Ed.Grafitti, 2012), Cerrado em Quadrinhos (Ed. Peirópolis, 2024), Lobo-Guará & Lobeira (Amazon, 2020) e Material Poético (Ed.Brasa, 2023). Ao longo de sua carreira, publicou quadrinhos, charges, ilustrações e cartuns em diversas revistas nacionais e internacionais.
Os artistas homenageados recebem a exposição Do Beco ao Cerrado: O Espaço Reimaginado de Ana Koehler e Alves. Em um ambiente cuidadosamente planejado, o público terá a oportunidade de imergir na atmosfera do início do século XX, refletida no delicado espaço urbano da obra de Ana, enquanto também contempla a vastidão poética da paisagem do Cerrado de Alves.
O FIQ tem entrada gratuita. Veja a programação completa no site do evento.
Serviço:
12ª edição do Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte – FIQ BH 2024
Data: 22 a 26 de maio
Local: Minascentro – Rua Guajajaras, 1022
Horário: Quarta-feiraa sexta-feira, das 8h às 20h; sábado, de 9h às 21h, e domingo, de 9h às 19h.
Classificação: livre
Para mais informações e inscrições para oficinas, acesse o Portal Belo Horizonte.