Júlio Samico lança disco solo aos 60 anos: “música é família”

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Foto: Beto Figueirôa/ Divulgação.

Mesclando memória, afeto, amigos e família, o músico e produtor Júlio Samico lançou seu primeiro álbum no início do mês de setembro. Aos 60 anos, o cantor e compositor deu vida ao psicodélico Júlio Samico e o Circo Voador, elaborado em parceria com seus dois filhos, que também são músicos.

Música foi algo que sempre esteve presente na vida de Júlio. “A música é uma família, você tocar sozinho é uma coisa, você tocar com outra pessoa já é diferente.”, brinca, contando também que seu primeiro contato com a música foi a partir de um violão que ganhou do tio aos nove anos: na verdade, era um presente para o irmão, que nunca se interessou pelo instrumento. A mãe cantava, o tio (que também se chamava Júlio) era compositor de marchinha de carnaval e os irmãos tinham uma banda. Tudo isso acontecia em meio aos anos 1970, quando Júlio também começou a compor seus primeiros acordes e canções, algumas delas presentes no disco recém-lançado. Ainda adolescente, Júlio entrou para a Baden Powell Violão Clube, uma escolinha de violão da época. Ali, saiu das canções românticas de Roberto Carlos, aprendeu a tocar Beatles, virou professor e até teve a oportunidade de tocar para Tim Maia. “Mas Tim Maia não escutou muito a gente não. Ele era muito doido, escutou nada”, relembra.

Passando do samba carioca até o rock dos ingleses da Led Zepellin, Júlio é inspirado pelos mais diversos ritmos musicais. “Músico de Pernambuco tem uma coisa diferente, não dá pra ser igual.”, defende ele, enquanto fala em como também foi influenciado pelos ritmos daqui, como o caboclinho e o frevo, que é um dos seus favoritos até hoje. Toda essa mistura de sons sempre fez parte da vida do músico e acabou resultando na produção um tanto quanto psicodélica, como ele mesmo define o seu álbum.

O amor pela música foi passado de pai para filho. Júlio, que sempre gostou de ensinar violão para criança, mostrou os primeiros acordes quando Rodrigo e Rogério ainda eram pequenos. Os meninos cresceram ouvindo e tocando as canções do pai e atualmente são dois nomes importantes no cenário musical pernambucano. Diferente de Júlio, que nunca encarou a música de forma profissional, os filhos se profissionalizaram e pode-se dizer que foram os principais incentivadores para que o pai lançasse o projeto musical.

A relação de pai e filhos, somada a memória afetiva dos meninos resultou num álbum com um arranjo bem cuidado, “feito com zelo”, como bem define um amigo da família. As canções do disco foram quase todas compostas por Júlio juntamente com alguns amigos. Muitas delas surgiram quando Rodrigo e Rogério ainda eram crianças, para eles, participar de forma tão ativa da elaboração do disco foi como se sentir em casa. “O Circo Voador”, canção que dá título ao álbum e é uma das principais faixas, foi composta durante uma apresentação escolar do filho mais velho, Rodrigo. Ele conta que os filhos adoravam fazer parte daquelas músicas do pai.

Além da família, Júlio diz que o apoio dos amigos também pesou bastante para que o disco começasse a sair do papel: eles já não estavam mais satisfeitos com as rodas de música, queriam ver aquilo tomando forma, queria guardar em casa as canções de Samico, ouvir no rádio. Seis das canções presentes no álbum foram compostas em parcerias com seus antigos amigos, abordando temas como a natureza e vivências de longas datas. Feliz por ter concluído este projeto, perguntei a Júlio se ele estava se sentindo realizado. Ele me respondeu que ainda não. Aos 60, o músico psicodélico disse que só iria ficar completamente realizado quando tivesse um LP com seu nome estampado na capa.