Aqui na Revista O Grito! sempre nos posicionamos contra o retrocesso em todas as frentes. E agora, às vésperas das eleições de 2018, viemos aqui deixar ainda mais acesa nossa defesa da democracia. O candidato Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas de intenção de voto, é uma grave ameaça ao país no que diz respeito aos direitos conquistados por trabalhadores e minorias. É um convite ao retrocesso da democracia.
Esta sempre foi uma eleição disputada com o fígado. Quase tudo se baseia no imaginário e as discussões quase nunca saem do campo subjetivo. As últimas semanas deixaram claro que o ódio disseminado pelo candidato e sua campanha inviabilizam qualquer debate mais racional, baseado em fatos. Grupos de WhatsApp e hashtags no Twitter são repositórios de frustrações, raivas e sentimentos da pior espécie.
Bolsonaro é fruto do antipetismo cultivado por anos. Esse sentimento é alimentado por um ódio de classe que nunca deixou de existir e que esteve adormecido nos anos de bonança, lá no início da década passada. Esse rancor e ódio acabam atingindo setores oprimidos da nossa sociedade, como as pessoas trans, quilombolas, usuários de programas sociais, LGBTQs em geral. Sem falar que tanto Bolsonaro quanto seu vice já deram declarações misóginas.
Não há nas propostas de Bolsonaro nem uma única linha de defesa dos princípios democráticos e nada que garanta uma melhoria ou manutenção dos direitos conquistados. Ele também não se mostra interessado em trabalhar questões de raça, classe e gênero, que são essenciais em uma sociedade ainda bastante desigual como o Brasil. Na realidade o que vemos é o acirramento do sentimento de violência, autoritarismo, um paradigma que remonta a um saudosismo da ditadura militar.
Como a campanha de Bolsonaro se apóia no campo do sensível fica difícil convencer seus eleitores de que sua eleição significa o vislumbre de um país ainda mais desigual e injusto. Um país sem respeito por uma grande parcela da população.
Se o discurso antidemocrático já não fosse horrível, no campo da economia, o retrocesso será igualmente violento. Significa um projeto político de entreguismo, possível perda de direitos como o 13º salário, privatizações e queda nos investimentos públicos. Seu principal assessor econômico Paulo Guedes, já disse que é preciso “vender tudo” rápido e prevê aumento de impostos.
Defendemos aqui uma opção que respeite as minorias, defenda os princípios democráticos da Constituição de 1988 e que pense um futuro para o Brasil que alie desenvolvimento e avanços sociais.
A indústria do entretenimento e os espaços de debate da arte, que cobrimos há mais de dez anos, sempre foram palcos de embate – ideológicos, políticos, culturais.
Nosso olhar sempre se preocupou em encontrar essas frestas, essas mensagens que livros, filmes, discos e quadrinhos, sempre trouxeram, e que nos levaram a discussões interessantes. Estivemos aqui denunciando o lado tóxico dos fãs de HQs de heróis, irritados com a maior representatividade LGBTQ+ nas histórias, ou falando sobre o racismo institucionalizado, ou ainda quando abrimos espaço para que jovens ativistas pudessem falar suas pautas. A cultura pop e a arte são importantes espaços para avançarmos nesse debate.
Em todas as eleições, sempre escolhemos um lado. E é isso que seguiremos fazendo, independentemente de quem vencer essas eleições. Comunicação é também proporcionar um espaço livre de debates, o que é cerne de qualquer sociedade democrática. Essa eleição será histórica: é a chance de mostrar que queremos uma sociedade mais justa e sem ódio.
Os editores