curta na serra2
Público no festival, que é gratuito e realizado em um anfiteatro. (Foto: Felipe Souto Maior/Divulgação).

Cobertura Curta na Serra: Os desafios e conquistas de um festival

Curta na Serra é um exemplo de como a descentralização da cultura beneficia as comunidades do interior do estado

Serra Negra, Bezerros (PE)

Um dos desafios para a realização do Curta na Serra, realizado em Bezerros, no Agreste pernambucano, é o processo de curadoria diante do grande número de obras inscritas – 660 este ano – e a grade do evento com espaço para apenas 32 curtas.

Para o curador Vitor Búrigo o principal critério adotado para um evento aberto e gratuito como o Curta na Serra é “pensar que é um festival acompanhado por famílias, crianças, então o processo curatorial não pode perder esse aspecto de vista. Com isso mesmo bons filmes não são selecionados e alguns são colocados no site Panorama Especial para exibição apenas on-line”.

Búrigo confessa que dá um desespero quando vê a quantidade de filmes, mas que, ao final, ele consegue montar várias listas as quais vai burilando aos poucos até obter um consenso. “Quando vou chegando na lista final eu começo a pensar na questão da formação de público que é um dos objetivos deste festival e da importância de ter uma diversidade de modo a contemplar documentários, filmes de ficção, animação, experimentais, mas vejo também a questão da regionalização, de filmes dirigidos por mulheres, com temática LGBTQIA+, etc”.

Fã do cinema pernambucano e já há alguns anos acompanhando os festivais e a produção locais como o Curta Taquary tanto como espectador quanto curador, Búrigo diz ficar empolgado em ver “o encontro de novos realizadores com os consagrados e perceber o encontro e mistura de gerações, com os filmes recentes trazendo no seu processo de criação referências e influências dessa geração mais antiga”. 

Marlom Meirelles Foto Felipe Souto Maior 1
Marlom Meirelles, idealizador do festival. (Foto: Felipe Souto Maior / Divulgação).

Para o coordenador do festival, o cineasta e produtor cultural Marlom Meirelles, uma das conquistas do Curta na Serra foi envolver a população local no evento não só para acompanhar as exibições, mas também estimular a produção audiovisual da região. “Nas primeiras edições não tínhamos muita representatividade local, mas com o passar dos anos a partir das oficinas realizadas e do acesso ao cinema que foi sendo criado, passamos a ter diversas pessoas produzindo filmes em Bezerros”, diz Marlom.

Marlom destaca que neste ano a Mostra tem produções locais em competição fruto dos editais de incentivo ao audiovisual como o videoclipe Serra Negra, o filme performance Onde Cabe em Nós e o curta Emocionado, todos rodados na cidade, usando seu cenário natural, principalmente a própria Serra Negra.

O editor Alexandre Figueirôa viajou a convite da organização do festival.