O Cine PE chega na sua terceira noite de exibições no neste sábado (08) e o segundo dia com a programação dividida em três segmentos: a Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Pernambucanos, a Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Nacionais e, por fim, a Mostra Competitiva de Longas Metragens, com uma seleção de filmes produzidos de forma quase artesanal.
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Desde de 2019 o Cine PE é apresentado pela atriz pernambucana Nínive Caldas, que abriu a noite com um agradecimento aos trabalhadores técnicos do audiovisual: motoristas, técnicos de luz e operadores receberam uma salva de palmas do público do Teatro do Parque.
A primeira obra exibida foi Das Águas, de Adalberto Oliveira e Tiago Martins Rêgo, um curta-metragem que aborda a negligência do poder público local com as comunidades pesqueiras do Recife, que sobrevivem em subsistência da pesca de animais que existem no Capibaribe, em recorte de uma década. Em seu discurso de agradecimento, Tiago Martins dedicou o filme à Mirtes Renata e Miguel Otávio, morto no dia 02 de junho de 2020.
Além de Tiago, Israel, que é um dos personagens do curta, também discursou no palco e denunciou o tratamento da Prefeitura do Recife, que segundo ele têm dificultado a sobrevivência das comunidades pesqueiras por conta das políticas do Porto do Recife. “A gente tem o Novo Porto do Recife, que tá começando, mas é um local que já apreendeu barcos, já apreendeu equipamentos de moradores ancestrais que aprenderam suas habilidades dentro da água e hoje em dia estão sendo proibidos de pescar porque está chegando o ‘Novo Recife’, é o que a prefeitura oferece às comunidades tradicionais pesqueiras, que são dez hoje no Recife.”, afirmou Israel enquanto era aplaudido pelo público.
Em seguida, a equipe de Náufrago, de Vitória Vasconcellos – que não pôde comparecer ao festival – apresentou o curta intimista que conta uma história de despedida e o processo de luto. Fechando a leva de curtas pernambucanos, a equipe de Emocionado, de Pedro Melo, que agradeceu a equipe e celebrou as produções que contem histórias LGBTQIA+. “Não é só sobre afirmar nossa identidade enquanto pessoas LGBTIQIA+, é também sobre brigar por esse espaço de viver bem, de viver com sonhos, com perspectivas, com paixões.”, afirmou.
A Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Nacionais foi aberta com a única animação da noite, Hoje Eu Só Volto Amanhã, que se passa no carnaval de Olinda e brinca com as questões de perspectiva enquanto mistura estilos diversos de animação. Outro título da Mostra é Sertão América, de Marcela Ilha Bordin, documentário que se apoia na linguagem imagética para por em perspectiva a existência do Parque Nacional da Serra da Capivara nos dias de hoje.
A Mostra também foi composta por outros dois curtas. Primeiro foi Sempre o Mesmo, de João Folharini, que constrói uma relação complexa entre pai e filho que vivem ainda seus conflitos enquanto vivem juntos o tratamento de Alzheimer do pai. O segundo e último filme entre os curtas-metragens nacionais é A Chuva Não Me Viu Passar, de Leonardo Gatti, que debutou nos circuito de festivais nesta exibição no Cine PE.
Encerrando a noite, o longa-metragem exibido foi Cordel do Amor Sem Fim, de Daniel Alvim, que esteve presente para apresenta o filme junto da atriz Helena Ranaldi, que é a protagonista e também assina a produção do filme em conjunto com Alvim. Inicialmente inocente e cheio de teatralidade, o filme é uma reflexão bonita e simples sobre as formas que o amor pode tomar, tanto para o bem como para o mal.
“Foi um processo de trabalho difícil diante das condições que a gente teve para realizar esse filme, mas ao mesmo tempo muito gratificante de poder, hoje, exibir o filme aqui nesse festival, é uma grande alegria. Quando a gente recebeu a notícia que tinha sido selecionado, nossa, foi uma emoção muito grande.”, disse Helena Ranaldi.
O Cine PE, sob a direção de Alfredo Bertini e Sandra Bertini, continua até o dia 11 de junho. Confira a programação completa.