Atriz pernambucana Mayara Millane investiga as fronteiras entre o teatro e o cinema na peça-filme “Aguda”

Disponível de forma online e gratuita, obra propõe uma reflexão sobre os temas do amor, ausência e suas epifanias

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Obra é dirigida e estrelada por Millane, com participação de Joana Gatis. (Foto: Sara De Santis/Divulgação).

A atriz e realizadora pernambucana Mayara Millane lançou, na última terça-feira (20), sua mais recente produção, a peça-filme Aguda. A obra, dirigida e estrelada por Millane, com participação de Joana Gatis, busca provocar no espectador o estímulo à prática do amor como revolução pessoal e social, ao mesmo tempo em que investiga os elos entre o cinema e o teatro.

Disponível de forma online e totalmente gratuita, o trabalho pode ser assistido até a próxima quinta-feira (29), no site da Sementeira Produções e no canal do YouTube da produtora. A obra conta ainda com versão acessível com audiodescrição, legendagem descritiva e tradução em Libras.

Em Aguda, Mayara Millane mergulha no universo do amor, conduzindo a personagem por uma jornada que transcende o espaço e o tempo. A ausência, a dor aguda e a epifania são elementos que tecem a trama, levando o público a reflexões profundas sobre a complexidade desse sentimento universal.

“Quando amamos, algo se movimenta, começa de um jeito e termina de outro, o amor sempre transforma. Assim como a experiência teatral e cinematográfica do público ao assistir a obra, naquele instante da presença, algo acontece e se modifica”, conta a realizadora. 

A escolha do formato peça-filme para veio do processo de pesquisa da diretora, que é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no campo da Cena Expandida.

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Resultado de uma pesquisa sobre a cena expandida, a obra faz uma interseção entre a linguagem cinematográfica e a estrutura dramatúrgica do teatro. (Foto: Sara De Santis/Divulgação).

“A partir desse lugar, eu escolhi utilizar a linguagem cinematográfica – no sentido de filmar e ter um objeto pronto – como o caminho mais acessível para criar, e promover o estudo dessa linguagem. A linguagem cinematográfica vem como impulsionador, mas a estrutura dramatúrgica é do teatro”, explica a diretora.

Nas atuais pesquisas das artes da cena, Aguda se encaixa no que hoje está sendo compreendido como cena expandida: aquela que não se circunscreve apenas ao fazer teatral associado aos modos de produção e recepção convencionais, mas também se articula diretamente a áreas artísticas distintas, como as artes visuais, as mídias audiovisuais, a performance, a dança, a literatura e a fotografia.

“Como é uma obra de pesquisa de linguagem, eu sinto que tem pessoas que vão amar e tem pessoas que não vão entender, e questionar. Enquanto pesquisadora, eu estou bem feliz com o resultado da obra. Eu consegui chegar onde queria e espero que, aos poucos, o público do teatro e do cinema vá assistindo e dialogando com este trabalho”, complementa.

Em paralelo à temporada de estreia, o trabalho deve ganhar vida também na academia: ainda esta semana, a realizadora irá apresentar o trabalho no Simpósio Internacional de Artes da Cena, na Unicamp, em São Paulo. 

Aguda é uma realização da Sementeira Produções Artísticas, em coprodução com a Gasa Filmes; incentivo do Funcultura, Fundarpe e Governo de Pernambuco; e apoio da Clandestino Pós, Laboratório Cisco e Graave Comunicação.