Fotos: Brug.
Uma drag queen não é nada sem palco e plateia. E quem proporciona esse encontro são as festas voltadas para a apresentação das artistas. Antes restritas à cena LGBTQIA+, elas vêm atraindo diversos públicos. Um exemplo disso é o Phenomena Drag, evento voltado para quem ama a arte drag que ocorre neste sábado (12), no Clube Metrópole, no bairro da Boa Vista, na área central do Recife.
A festa contará com performances, apresentações de comédia e interações com o público, em um show com talento e criatividade. A primeira edição reúne as queens Mia J, Lea Farsaid, Norman Bancks, Mayven Hoax, Lola Bllum e Flor de Xarque, que queriam criar uma balada para dar visibilidade a este tipo de arte nos eventos locais. “A missão é proporcionar um palco diverso, onde as artistas possam explorar sua criatividade”, afirmam.
O sexteto é responsável por toda a pré-produção: de arregimentar as artistas até preparar o local das apresentações. São necessárias aproximadamente 25 pessoas trabalhando, incluindo drags, produção, técnicos, DJs, entre outros.
Sem dúvida, a internet e o programa RuPaul’s, uma competição que desafia drag queens em provas sobre costura, dublagem, improviso e maquiagem, ajudaram a transformar a cena brasileira para o que é atualmente. A mudança é percebida nas festas e pelas próprias artistas. “Sem dúvida, programas como RuPaul’s Drag Race e Drag Race Brasil abriram muitas portas e deram mais visibilidade à arte drag no Brasil. No entanto, ainda é um caminho longo e difícil”, pontuam.
Batemos um papo com as seis rainhas sobre o Phenomena Drag, que agita este fim de semana e promete ser um dos eventos mais badalados da cena drag pernambucana. Confira:
De onde surgiu a ideia de criar a Phenomena Drag?
A ideia do Phenomena Drag surgiu da observação da cena drag de outros estados, onde formatos diferentes já vêm sendo explorados com sucesso, e também da percepção da falta de diversidade nos eventos locais. No Recife, muitas festas acabam limitando as performances drag ao universo pop, deixando de fora drags que exploram linguagens cômicas, dramáticas ou experimentais. Além disso, o interesse do público por eventos exclusivos com temática drag, como shows e watch parties, demonstrou que havia demanda por algo novo e mais focado.
Quais são as principais propostas do evento?
O Phenomena tem como proposta principal ser um espaço criado por drags e para drags, oferecendo liberdade artística, visibilidade e oportunidade de crescimento. A missão é proporcionar um palco diverso, onde as artistas possam explorar sua criatividade, construir portfólio profissional e alcançar novos públicos, especialmente aqueles que valorizam a arte drag além do entretenimento de festa.

E quais tipos de apresentações o público vai poder curtir?
A ideia do Phenomena é romper com o formato engessado e permitir liberdade total de criação. Você vai ver performances cômicas, teatrais, camp, dramáticas, com referências a clássicos da música nacional e internacional. É uma deliciosa salada de frutas, onde cada sabor faz sentido.
O evento é muito focado no lip-sync, mas vai além disso: também teremos espaço para drags que estão além da figura tradicional de performer. Drags que queiram tocar, cantar, fazer stand-up ou qualquer outra forma de expressão artística também terão espaço para brilhar. O palco é aberto para que cada drag mostre sua arte da forma que quiser.
E quais são as queens que vão participar dessa primeira edição?
As queens em destaque na primeira edição do Phenomena são também as produtoras do evento: Lea Farsaid, Mayven Hoax, Lola Bllum, Mia J, Norman Bancks e Flor de Xarque.
O evento também apresenta o Debut Drag, um espaço dedicado a dar visibilidade para artistas que nunca se apresentaram oficialmente. Nesta primeira edição, estamos trazendo Asla Atroz, Drynna Vox e Titania The Witch. O elenco inclui também G Amazone como door e Glory Holly como DJ nos intervalos.
Tendo um olhar para a arte drag, hoje há mais espaço e oportunidades para as queens?
Sem dúvida. Programas como RuPaul’s Drag Race e Drag Race Brasil abriram muitas portas e deram mais visibilidade à arte drag no Brasil. No entanto, ainda é um caminho longo e difícil. A arte drag segue sendo marginalizada em muitos espaços e falta reconhecimento enquanto forma de expressão artística legítima. O avanço existe, mas ainda há muito a ser conquistado.
Qual leitura de vocês da cena drag pernambucana?
A cena drag pernambucana é rica e criativa, mas ainda enfrenta limitações. Muitas artistas encontram espaço apenas em festas, e é justamente isso que o Phenomena quer mudar. A proposta é criar ambientes dedicados especificamente à arte drag, onde o foco seja a performance, a estética, a narrativa… e não apenas o entretenimento para quem está na pista de dança. Precisamos de espaços para quem realmente aprecia e consome drag como arte.
Quais os planos para o futuro próximo vocês têm para a Phenomena Drag?
O plano é dar continuidade ao Phenomena com novas edições temáticas e expandir o alcance do projeto. Queremos abrir cada vez mais espaço para artistas drags da cena local performarem, além de estruturar um modelo sustentável que possibilite o pagamento de cachês justos e o crescimento profissional das participantes. A ideia é transformar o Phenomena em um movimento contínuo de valorização e visibilidade para a arte drag em Recife.
Serviço
Phenomena Drag
Sábado (12), a partir das 16h
Clube Metrópole: Rua das Ninfas, 125, Boa Vista – Recife
R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda antecipadamente na internet; e R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda no dia do evento