Miyazaki LEsprit de la Nature de Leo Favier copiar
"Miyazaki, L’Esprit de la Nature” foi o filme de abertura do evento. (Divulgação).

Animage 2024 tem início com documentário em homenagem ao cinema de Hayao Miyazaki

Festival vai até o próximo dia 6 de outubro com exibições gratuitas em cinco espaços de cinema no Recife

A imaginação e inventividade do universo da animação toma conta do Recife até o próximo dia 6 de outubro em mais uma edição do Animage – Festival Internacional de Animação de Pernambuco, que chega à sua 14ª edição. Cada vez mais se consolidando com uma parada obrigatória no calendário nacional e global do gênero, o festival teve sua sessão de abertura na noite desta terça-feira (1º) no Teatro do Parque com a estreia latino-americana do longa francês Miyazaki, L’Esprit de la Nature, de Léo Favier. O documentário é uma homenagem à carreira do mestre japonês do cinema de animação, Hayao Miyazaki. 

O Animage este ano acontece em cinco locais de exibição no Recife: Teatro do Parque, Cinema da Fundação/Derby, Cinema da UFPE, Parque da Macaxeira e Praça da Lagoa do Araçá. Serão exibidos um total de 138 filmes entre curtas e longas, com entrada gratuita para todas as sessões. Mais de 40 países estão representados no festival divididos em mostras competitivas e especiais, como a Mostra Africana e a mostra comemorativa dos 100 anos da animação portuguesa. 2024 também marca o retorno da Mostra Parque, com sessões ao ar livre em espaços públicos da cidade. 

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Antônio Gutierrez, diretor do festival, na abertura do evento no Teatro do Parque. (Foto: Lara Valença/Divulgação).

“Estamos felizes que podemos realizar mais uma edição do festival que comprova a qualidade da nossa curadoria no cinema de animação de Pernambuco, do Brasil, e do mundo,” disse Antonio Gutierrez, diretor-geral do Animage, em seu discurso de abertura. 

“O Animage é um convite para uma oportunidade única de vivenciar a arte da animação em sua forma plena, com todos os detalhes evidenciados pela tela grande e realçados pelo som em potência máxima. Em nosso atual contexto social, sair de casa e encontrar pessoas para ver filmes no cinema é um passeio cada vez mais importante”, destacou o curador-geral do festival, Júlio Cavani. 

A abertura oficial do festival no Teatro do Parque evidenciou a relevância do evento na agenda cultural estadual com uma plateia praticamente lotada. Na sessão Expectativa foram exibidos três curtas que dão uma mostra do que vem por aí ao longo do festival: A Menina e o Pote (Brasil 2024) de Valentina Homem com a participação da co-diretora e premiada animadora alagoana radicada em Pernambuco, Nara Normande; Das Gavetas Nascem Sons (Portugal 2017), de Vitor Hugo; e Mee and Burd (Reino Unido 2023) de Greg McLeod. Logo em seguida o primeiro longa do evento foi apresentado, Miyazaki, L’Esprit de la Nature de Léo Favier. 

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Miyazaki, L’Esprit de la Nature apresenta a trajetória e discute relevância do estúdio Ghibli. (Divulgação).

Miyazaki direto e reto

Favier optou por realizar um documentário mais clássico, que de certa maneira se distancia um pouco da fantasia e criatividade do universo consagrado criado por Haiyo Miyazaki. O filme mais parece um material promocional dos estúdios Ghibli, mostrando de maneira bem direta toda a trajetória premiada de suas produções e o escopo criativo de seu criador mais conhecido.

O longa intercala clipes de todos os filmes do estúdio Ghibli com várias entrevistas tradicionais com pessoas importantes ou estudiosas da trajetória da produtora japonesa. Reservado, com uma carreira comprometida com o cinema desde 1979, o próprio Miyazaki não concede uma entrevista exclusivamente para o filme. O diretor, porém, utiliza imagens de arquivo e gravações do diretor em seu processo de criação.

Vemos Miyazaki em seu escritório e em sua residência, sem que ele fale exclusivamente para o filme, o que só ajudam a reforçar a sua aura mítica de artista hiperfocado em seu trabalho, avesso às vicissitudes da indústria.

O longa também destaca o compromisso de Miyazaki em demonstrar a relação da humanidade com a natureza. O filme percorre e explana os questionamentos e traumas do diretor marcados pela destruição da natureza pelo ser humano através de guerras e as consequências da cultura de consumismo.

Miyazaki, L’Esprit de la Nature é uma apresentação de linha do tempo compacta que facilmente se enquadraria como um especial de televisão. Mesmo que as imagens e sons exuberantes dos filmes de Miyzaki saltem na tela a cada cinco minutos, Favier cria uma distância entre os espectadores do seu documentário e o universo criado por Miyazaki pela ausência de parábolas e elementos de fantasia tão presentes em toda a filmografia dos estúdios Ghibli.  

Formação

Além da exibição de filmes, o Animage 2024 também oferece atividades formativas ao público. As oficinas artísticas tiveram suas inscrições encerradas em setembro, mas o público ainda pode comparecer gratuitamente ao painéis e masterclasses do festival iniciando a partir desta quarta-feira no cinema da Fundação do Derby as 14h30 com um bate-papo sobre Animação Africana e da Diáspora e uma masterclass com Fernando Garilto as 15h45.

Toda a programação do 14º Animage é gratuita com retirada de ingressos uma hora antes do início das sessões, nas bilheterias nos locais de exibição do festival. Valer lembrar que a distribuição de ingressos é sujeita à lotação. Duas sessões prometem esgotar suas entradas rapidamente: a exibição do clássico do cinema japonês, a animação Akira de Katsuhiro Ôtomo, baseada nos mangás homônimos e a sessão da Mostra Erótica, ambas no Teatro do parque, sexta (4) e sábado (5) as 20h20, respectivamente. 

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