Vencedora do Prêmio Prio do Humor em 2023 pelo espetáculo “Bye Bye Bangu” e vice-campeã da terceira temporada do Lol Brasil – Se Rir, Já Era do Amazon Prime, Suzy Brasil presenteia o público do Recife com toda a sua graça nesta sexta-feira (14), no Teatro Luiz Mendonça, em Boa Viagem, na Zona Sul da capital pernambucana. No stand up comedy Made in Brasil, a queen relembra divertidas histórias dos seus mais de 25 anos de vida artística e mais de 40 anos de vida do seu criador.
Suzy Brasil é a drag queen do ator, comediante e roteirista Marcelo Souza, conhecida por programas do Multishow como A vila, com Paulo Gustavo, e Ferdinando Show, com Marcus Majella, e de filmes como Carlinho e Carlão, com Luís Lobianco. Ele ainda foi roteirista de famosos programas como Xilindró, Baby e Rose, Treme Treme e Ferdinando.Doc, além de atuar em inúmeras peças de teatro. “É uma drag escrachada, sem papas na língua, que desconstrói a figura glamorosa da drag queen. Ela faz uma coisa mais popular, mais povão, mais engraçada, é uma drag comediante, que tem o foco principal nas suas temáticas com a comunidade LGBTQIAPN+. A Suzy é quase que um palhaço drag”, destaca.
Made in Brasil é um divertido show biográfico com músicas e passagens hilárias de perrengues bastante divertidos que vivi desde a infância, passando por shows em boates, aulas no presídio, festas de casamento e o dia em que foi uma das “paquidrags” e dividiu o palco com a Xuxa em uma festa famosa no Rio de Janeiro.
O início da jornada artística foi sem grandes pretensões. O então adolescente de 17 anos estreou em uma peça com temática espírita sem imaginar que a experiência viraria profissão. “Na verdade, me montei pela primeira vez para fazer uma apresentação numa festa de um grupo de teatro infantil que participava, uma confraternização de final de ano”, lembra.
Marcelo é pai de Jonathan e de Guilherme, frutos de uma relação de amizade. “Tenho muito orgulho dos meus dois filhos por isso. Os dois são muito libertos dessas mesquinharias da sociedade. Eles querem se divertir, estudar, crescer e ser felizes”, conta orgulhoso.
Os ingressos para o espetáculo desta sexta estão à venda no site. Em entrevista exclusiva, Marcelo conta detalhes da sua trajetória à Revista O Grito! Confira:
Marcelo, como o seu trabalho como roteirista e atuando como Suzy Brasil tornaram-se um sucesso?
Na verdade, a Suzy é um personagem de sucesso, sempre fez muito sucesso nas boates por causa do humor muito escrachado, do visual muito desconstruído, diferente das drags tradicionais. O sucesso como roteirista – que eu nem acho que é sucesso todo – mas a oportunidade de trabalhar como roteirista veio porque era isso: Marcus Majella e Paulo Gustavo me assistiam na boate Le Boy, no Rio, antes deles fazerem sucesso. Quando eles tiveram a oportunidade, precisaram de um roteirista que entendesse desse universo LGBT e me indicaram. Mas assim, não digo que sou um roteirista de sucesso, até porque roteirista para mim é segundo plano. Trabalho nessa função, mas a minha dedicação maior é para a Suzy, que é o meu foco.
Gosto de criar e de escrever, mas curto muito mais estar na frente atuando. Então faço com muito tesão quando estou escrevendo. Faço com muita vontade, criatividade, pesquiso, enfim, mas se disser que amo fazer um roteiro, não é verdade. Assim, curto, é um trabalho, me dá dinheiro, mexe com o meu criativo, mas gosto de estar na frente, no palco, e me dá ainda uma sensação. Não consigo ficar muito tempo parado fazendo uma coisa num lugar, então quando se escreve, você perde horas ali parado, na frente do computador, isso me dá um nervoso muito grande. Eu levanto 500 vezes escrevendo. Mas é isso: foi a Suzy que me deu a carreira de roteirista.
Hoje, o povo conhece o Marcelo como roteirista, mas tudo começou por causa da Suzy escrevendo o Ferdinando Show, que foi a indicação de Marcus Majella e do Paulo Gustavo. Uma aposta, porque eu nunca tinha escrito nada assim para programa e nem para roteiro de peça. Eles só pensaram: “Se a Suzy fala aquelas loucuras todas no improviso, no palco, se ela botar isso no papel, já dá um programa”. E aí deu super certo!
Quando e como começou a se montar como drag queen?
Comecei a me montar de drag tem muitos anos. Tem 30 anos que faço a Suzy e eu era de menor ainda, tinha 17 anos. Na verdade, me montei pela primeira vez para fazer uma apresentação numa festa de um grupo de teatro infantil que participava, uma confraternização de final de ano. Mas quando fui fazer teatro infantil, conheci vários gays. Um deles tinha um apartamento, era o único que morava sozinho. Dava “perdido” na minha família porque a gente se encontrava duas vezes por semana nesse apartamento e nesse grupo nosso que deviam ser uns 15 gays. Todo mundo que entrava para esse grupo era batizado com o nome de show, um nome de drag, mesmo que não fosse se apresentar.
Uma vez por mês nós fazíamos festas na casa desse amigo e metade do grupo fazia show e a outra metade assistia. Fui batizado com o nome de Jaqueline Fonteh, mas todas as vezes que fazia minhas performances, era muito “bagaceira” e tinha vontade de ser uma drag fina mesmo, elegante, bater cabelo, mas todas as minhas performances iam para o lado do humor e do escracho. Esse grupo me rebatizou de Suzy Brasil, porque “Suzy” era o nome de várias cachorras no Rio de Janeiro e “Brasil” é essa bagunça que a gente vive. Mas, ao mesmo tempo, essa diversidade e essa espontaneidade dessa alegria ficou Suzy Brasil.
O que define a Suzy?
Não sou bom pra essas definições não, mas a Suzy é uma drag escrachada, sem papas na língua, que desconstrói a figura glamorosa da drag queen. Ela faz uma coisa mais popular, mais povão, mais engraçada, é uma drag comediante, que tem o foco principal nas suas temáticas com a comunidade LGBTQIAPN+. A Suzy é quase que um palhaço drag.
Como sua família lidou com o início da sua carreira?
Sempre fui muito sutil na minha vida, não cheguei com o “pé na porta”. Não cheguei me assumindo e o meu trabalho de drag era visto na minha casa como uma consequência. Eles nem entendiam o que era uma drag, eu fazia teatro. Comecei fazendo teatro espírita no centro kardecista, depois fui fazer teatro infantil e conheci a galera do teatro. Em seguida, espetáculo adulto de teatro, e a drag surgiu paralelo a isso. Mostrava para eles a minha drag como se fosse de um personagem de teatro. É óbvio que, com o tempo, eles foram entendendo que tinha algo diferente, porque saía só à noite e, às vezes, só voltava quase de manhã para casa com figurinos sempre femininos.
Com isso, eles foram entendendo, conhecendo alguns amigos, percebiam que os amigos eram gays, eu não tinha namorada, de vez em quando tinha períodos que tinha um amigo muito grudado em mim, dormindo aqui em casa. Na verdade, era um namorado, que se passava por amigo, era um ficante. Então, durante um período, eles entendiam que estava rolando alguma coisa. Nunca falei explicitamente, só que fui fazendo aos poucos: um dia eu saía com a bolsa. No outro, mostrava um vídeo, mas não era um show na boate, era numa festa particular. Enfim, as coisas foram aos poucos, foi um processo devagar e eles entenderam. Porque acho que o grande medo dos pais é achar que o filho se veste de mulher, que ele está se prostituindo. Acho que esse é o grande medo dos pais e, depois eles entenderam que não era isso. Contribuía com dinheiro em casa, tinha minha independência financeira também.
Assim, eles entenderam que me jogava para frente, não me puxava para baixo. Mas a minha família sempre foi muito amorosa. Mesmo com os baques, com as surpresas. Mesmo eu sendo o primeiro gay na minha família, eles sempre reagiram de forma muito tranquila.
É verdade que você nunca teve a pretensão de se tornar transformista?
É verdade, nunca tive pretensão de ser uma drag famosa. Comecei fazendo teatro com os gays do teatro, a gente era um grupo de amigos muito fechado, estávamos sempre juntos. O meu desejo era fazer teatro, queria estar no palco e acho as portas que foram se abrindo para mim, as portas das boates.
Logo conheci a Rose Bombom, que me viu fazendo um show de graça no calçadão de Copacabana. Eu com 17 anos, ela me viu e falou que queria me testar. Ela me convidou para fazer um teste e participar de um show dela. Fiz o primeiro show, ela me deu umas dicas e, no segundo, já me soltei, foi maneiro. Já no terceiro show, vim com umas tiradas, umas respostas, uns improvisos que ela não esperava. Ela ficou louca, pediu para gente seguir juntos e começamos a trabalhar. Ela foi meio que me dirigindo, meio mãe, pegando a minha mão, me botando nos shows.
Com isso, começou a entrar dinheiro, que, a princípio, não podia mostrar em casa. Na época, era um dinheiro bom, porque a Rose não indicava a gente em furada. Depois, aquilo foi crescendo e fui virando uma dupla com a Rose: “Rose Bombom e Suzy Brasil”, onde uma estava, a outra também e isso foi tomando uma proporção muito grande.
De início, fazia muito sem pretensão, meu pai não podia saber. Ele era vivo ainda, tinha dias que não conseguia sair para espetáculos, outros que não conseguia sair de casa, porque não podia passar com a bolsa, por exemplo, pela sala com meu pai. Sair às 10 horas da noite carregando uma bolsa com roupa de show numa quinta-feira, aos 17 anos, ele perguntava, naturalmente, para onde eu estava indo.
Por isso, faltava os shows, tinha dias que não podia ir, porque meu pai estava na sala, não ia dormir e fui durante muito tempo chamado como Tim Maia do mundo gay, porque eu faltava. O público não tinha certeza se iria aparecer nos shows. Sempre fui fazendo muito aos “trancos e barrancos”, muito sem pretensão nenhuma do lado da Rose. Ela foi quem me deu uma visão profissional e demorei anos para entender que essa seria minha profissão.
A cantora Gretchen é uma grande inspiração na sua trajetória?
A Gretchen sempre foi uma inspiração, tenho um carinho imenso e acho que ela é uma figura de muito poder, porque, naquela época, uma mulher, entrar nos palcos de roupa curta, fazendo uma performance sensual – ela é uma mulher bonita, simpática, carismática – ela era uma verdadeira drag.
Não sabia que eu ia ser drag, mas aquilo estava dentro de mim, e mexia muito comigo ver a Gretchen se apresentando, ver o frisson que ela causava nas pessoas, ao mesmo tempo, era uma musiquinha chiclete. Isso é tudo muito legal até hoje, sou apaixonado pela Gretchen.
O gay se encanta com uma mulher empoderada: a gente tem a Anitta hoje, a Gretchen no passado, isso é uma evolução. A Anitta é uma evolução da espécie. Toda gay se inspira muito na figura da mulher empoderada, as pessoas falam que gay detesta mulher e é mentira. O gay, na verdade, é enlouquecido por mulher, ele ama. Gay não tem tesão na figura feminina, mas a admiração é total, as mulheres são as grandes inspiradoras dos gays.
Você é pai de dois rapazes. Como vivencia e como lida com a paternidade?
É outro presente que a vida me proporcionou: sempre tive um pai e um avô muito foda, muito presentes, maneiros. O meu pai morreu sem saber que eu era gay, mas tenho certeza de que, a princípio, seria um choque – choque não, porque o pai está vendo – mas acho que, com o tempo, ele encararia super “de boa”, assim como toda a família encarou. Tenho referências de figuras masculinas e paternas muito boas na minha vida e sempre tive vontade de ter um filho.
Tenho dois filhos incríveis assim: o mais velho é hétero, o mais novo é gay. São responsáveis e um deles está se formando em engenharia. Não consigo ser um terço do que o meu pai foi para mim e nem do que meu avô foi para o meu pai. Por outro lado, a gente tem uma liberdade para conversar e para se divertir juntos e essa conexão é muito boa.
O mais velho, que é hétero, é um jovem do futuro. Ele é livre de preconceito, é pela diversidade, não tem maldade. Então, isso é muito legal. Tenho muito orgulho dos meus dois filhos por isso. Os dois são muito libertos dessas mesquinharias da sociedade, querem apenas se divertir, estudar, crescer e ser felizes.
Você formou-se em biologia e começou a lecionar em escolas da rede pública e privada, bem como em presídios, mas jamais abandonou a carreira como drag. Como foi sua experiência em sala de aula? Tem saudades?
Gostava muito de dar aula, mas não tenho saudade, porque é um trabalho mal remunerado. Dizem que professor é coração, mas ninguém vive só da paixão, financeiramente você precisa. Hoje em dia, existe uma juventude também muito mal educada, então, realmente, fui muito feliz na sala de aula, mas não voltaria hoje. A gente vê muitos alunos respondendo, agredindo o professor. Não tenho essa paciência.
Amava dar a aula no presídio, evoluía muito, porque o professor dentro da sala de aula numa unidade prisional é meio que o contato com o mundo externo. A gente meio que conta coisas atuais, principalmente, em biologia que estão acontecendo aqui fora e que transportam um pouco eles para esse universo aqui do lado de fora. Assim, era muito respeitado dando aula no presídio. E por falar de saúde, de higiene e de vida. Era sempre uma aula muito produtiva e tinha muito respeito no presídio, a galera me perguntava quando estava com algum problema. Eu era meio que um Dráuzio Varella lá.
Ali, realmente, entendia que o aluno estava interessado, podia estar fazendo a diferença na vida de alguém, nem que fossem uns minutos. Fico pensando, assim, com as minhas palavras, porque sempre quando tinha uma oportunidade, dava uma palavra de incentivo, para transformar as vidas deles. A vida se transforma, porque biologia, a gente vê isso. A transformação, a evolução da espécie, da vida. Acho que se conseguir tocar no coração de um presidiário, já valeu. Mas o tempo que passei ali foi um tempo importante para eles e para mim. Entendi um monte de coisa, dentre elas, que a gente tem um sistema prisional podre, que não funciona e não ressocializa.
A pessoa está privada da sua liberdade, essa é a pena. Quem está lá não precisa estar submetido à comida podre e nem vivendo numa célula imunda com 500 pessoas dentro de um lugar. Quem está de fora fala que é isso mesmo e que bandido tem que morrer. Acho que o bandido tem que cumprir sua pena. Estar privado da liberdade já é a pena. Se for tratado igual a um monstro, só amplifica a violência. O Brasil não tem um sistema prisional que ajuda a ressocializar, que ajuda a integrar o indivíduo na sociedade. Foi um pingo d’água no oceano, mas nas aulas tentava o máximo trazer um pouco de dignidade. Porque na hora que essas pessoas conseguem relaxar e acreditar, você consegue chegar um pouco mais fundo nelas. E eu tentava fazer isso.
Quando os alunos souberam que você era drag, como eles e os pais lideram?
Na época, a Suzy já estava ficando bem famosinha e os alunos souberam. Sempre joguei muito aberto, não cheguei falando que era uma drag queen, mas na hora que alguém me perguntava, respondia com muita tranquilidade. Tive uma turma de alunos novinhos, uma galera muito parceira. Um dia, cheguei na sala e as cadeiras estavam todas na metade da sala para o fundo, um espaço enorme na frente. E perguntei o que estava acontecendo, todo mundo calado. Era preconceito, óbvio, comecei a passar matéria no quadro, a explicar e eles parados, estáticos, me olhando. Às vezes, tinha um coxixinho. Então, pedi para jogarem limpo: “vamos conversar!” e aí um aluno que era mais ligado a mim foi levantar a questão. E quando respondia com tranquilidade, quebrava eles. E aí virava, claro, um dia inteiro de hora das novidades, perguntando tudo: sobre fazer show, ser gay, minha família, meus filhos… Mas depois viraram meus defensores. Qualquer outro aluno que comentasse alguma coisa, tentando queimar ou me sacanear, eram eles que tomavam minhas dores.
Uma mãe com um filho recém-chegado no colégio, no 9º ano, entrou numa turma que eu acompanhava desde o 6º ano, dando aula de ciências. Sempre brinquei muito em sala de aula, buscava fazer uma aula divertida para chamar a atenção dos alunos mesmo. Numa reunião de pais, uma mãe reclamou de mim, falando que até podia ser bom professor, mas não podia levar o personagem que fazia fora para sala de aula. Quando ela falou isso, os pais começaram a tomar minhas dores na reunião, porque acompanhava os filhos já há quatro anos. A mulher não “se criou” na reunião, virou uma confusão e, se ela tivesse falado de mim na rua, ela ia tomar a “coça” dos pais.
O pessoal segurou a onda, me defenderam, compraram o “meu barulho”. A coordenação do colégio nem chegou a me falar, quem me contou toda essa história foi uma inspetora que era minha amiga. Quando cheguei no colégio para dar aula, ela detalhou esse “fuzuê” e que nenhuma mãe nunca mais ia falar de mim, porque os próprios pais, a galera foi em minha defesa, e a direção ficou felicíssima com o “ibope”.
Dei muita aula também para educação de jovens e adultos, uma galera que embarcava tranquilamente na história da Suzy. Tenho alunos que assistem minhas peças, que encontrava nas boates e outros que até hoje vão ver meus espetáculos teatrais. E é muito legal ver que a galera tem orgulho. Posto algo e as pessoas estão embaixo comentando: “meu professor”, “melhor professor que eu tive…”, “fiz biologia por causa dele!”.
Marcelo, eu sou seu fã: vi vários stand-ups, vídeos no youtube, o programa “The Queen Brasil”, na qual você é jurada, etc… Como é a tarefa de julgar o desempenho de outras garotas no programa apresentado pela Samara Rios?
Na verdade, não estou julgando as drags, quem sou eu. Hoje em dia, assisto, tem gente muito mais talentosa do que eu, mas estou meio que como uma pessoa que viveu anos fazendo isso. Eu tenho vasta experiência, me apresentei em todas as boates do Rio de Janeiro, viajei o Brasil fazendo show e vivi diferentes épocas da noite LGBTQIAPN+ carioca. Então, estou ali [como jurada] me deliciando.
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