Dez anos se passaram desde que milhões de brasileiros e brasileiras tomaram as ruas em Junho de 2013. Mas, mesmo após todo esse tempo, entender o significado dessas manifestações para a vida política e os rumos do país, sobretudo, dado o caráter pulverizado das pautas e reivindicações, não é tarefa simples.
As mobilizações, apelidadas de Jornadas de Junho, inauguraram uma década turbulenta, que testemunhou eventos como o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, a ascensão do lava-jatismo (e seu posterior declínio), além da eleição de Jair Bolsonaro.
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Por conta disso, ainda hoje é comum surgirem teses equivocadas, como a do “ovo da serpente”, que atribui a eclosão dos protestos à extrema-direita, quando, na realidade, eles foram inicialmente impulsionados pelas demandas do movimento Passe Livre e outras pautas progressistas. O que explica, então, a posterior apropriação dessas reivindicações?
Para ajudar nessa compreensão, essa edição da nossa lista 5X apresenta cinco obras que podem lançar luz sobre esses eventos e seus ecos na vida política brasileira. Veja abaixo:
1. Cidades Rebeldes: Passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil, de Vários Autores
Publicada em 2013 pela editora Boitempo, a coletânea fornece análises contaminadas pelo calor do momento e dos impactos das manifestações, já que os textos que a compõe foram escritos entre junho e julho daquele ano. Entre os nomes que contribuem estão Leonardo Sakamoto, Mauro Iasi, Ruy Braga, Venício A. de Lima e Raquel Rolnik. A obra reúne ainda reflexões do geógrafo britânico David Harvey e do filósofo esloveno Slavoj Žižek. | Boitempo, 212 páginas, 2023, R$ 20. | Compre.
2. Sintomas Mórbidos: A encruzilhada da esquerda brasileira, de Sabrina Fernandes
A partir de uma perspectiva marxista, a socióloga, economista e militante ecossocialista, Sabrina Fernandes, destrincha as manifestações de Junho de 2013 e suas consequências no cenário político nacional. A obra, respaldada em uma vasta pesquisa de campo, discute a fragmentação das esquerdas e a ascensão da extrema-direita naquele cenário. A publicação é da editora Autonomia Literária. | Autonomia Literária, 387 páginas, 2019, R$ 64 | Compre.
3. A Razão dos Centavos: Crise urbana, vida democrática e as revoltas de 2013, de Roberto Andrés
A obra, que saiu este ano pela editora Zahar, é resultado de mais de uma década de ativismo e pesquisa do urbanista e professor Roberto Andrés. Para ele, a crise urbana é elemento central para compreender as manifestações que eclodiram dez anos atrás. Percorrendo a história da urbanização brasileira, o autor atualiza o debate sobre o Junho de 2013 através de diversas fontes, dados e estudos. | Zahar, 512 páginas, 2023, R$ 114,62 | Compre.
4. Junho de 2013: A rebelião fantasma, de Breno Altman e Maria Carlotto (org)
A coletânea, organizada por Breno Altman e Maria Carlotto, reúne nove artigos e um ensaio visual. O lançamento, que é da Boitempo, traz diferentes perspectivas sobre as ondas de mobilização, mas desta vez com um certo distanciamento dos acontecimentos. Com contribuições de Jones Manoel, Raquel Rolnik, Vladimir Safatle, Roberto Andrés, entre outros, o livro conta com prólogo escrito pela própria ex-presidenta Dilma Rousseff e fotografias das manifestações feitas por Maikon Nery. | Boitempo, 128 páginas, 2023, R$ 45 | Compre.
5. Amanhã Vai Ser Maior: O que aconteceu com o Brasil e possíveis rotas de fuga para a crise atual, de Rosana Pinheiro-Machado
Em Amanhã Vai ser Maior, a professora e antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, analisa o cenário político e social do Brasil desde as Jornadas de Junho, em 2013, até a eleição de Bolsonaro, em 2018, através de uma linguagem de fácil compreensão. | Planeta, 192 páginas, 2019, R$ 56,90 | Compre.