Durante sua entrevista à Ana Maria Braga na última quinta (13), no Mais Você, Xuxa revelou mais nuances da relação problemática que viveu durante 19 anos com sua ex empresária, produtora e diretora Marlene Mattos. A cada momento de confissão diante da mídia, a rainha dos baixinhos surpreende o público com detalhes peculiares desse elo tóxico.
Na ocasião, Xuxa, que defende assiduamente os animais, é vegana e preserva desde muito tempo uma alimentação saudável, conta que seus hábitos irritavam a empresária que chegou a sugerir uma “morte precoce”. O argumento era o de que “ídolos morrem cedo”, que ela estava ficando velha e que a vida sem beber, fumar e etc da loira estaria na contramão desse destino comum a figuras marcantes como Freddie Mercury, Marilyn Monroe e Elvis Presley.
Esses e outros ídolos tiveram sua carreira e biografia contadas por terceiros, em períodos póstumos as suas presenças em vida, em produções audiovisuais (documentários, filmes de ficção). Xuxa, em seus plenos 60 anos, livre dos controles e influência da ex produtora problemática, eternamente consagrada como um ícone da cultura pop brasileira, de fato vai na contramão desse sistema usual em seu documentário, contando sua história com sua própria voz.
A série homônima Original Globoplay, produzida pela Endemol Shine Brasil e com direção geral de Pedro Bial traz cinco episódios a serem lançados semanalmente nas quinta-feiras, às 18h, exclusivamente no streaming. O primeiro capítulo, marcando a estreia, veio nesta última quinta (13).
Intitulado “Supernova”, o episódio volta no tempo, com apoio ilustre de imagens de arquivo, resgatando a Maria das Graças modelo, de mais de mil capas de revista à jovem loira, moleca e rodeada de crianças num programa de TV líder de audiência, a Xuxa. É um recorte detalhado dos primeiros anos das quatro décadas de carreira.
Se a beleza de Xuxa foi o que lhe consagrou nos cliques da modelagem, também fora o que lhe levou a televisão. Uma beleza que representava um padrão da época que ressoa até os dias de hoje. Fator pontuado pela própria artista, quem entende ter aproveitado a oportunidade numa época a qual corpos como os seus eram requeridos para ocupar tais espaços.
Apesar de ter crescido e se formado nos anos 1980, tempos quando tantas problemáticas sociais regidas pelo machismo, racismo e gordofobia de representatividade na TV eram extremamente presentes porém velados, Xuxa apresenta uma consciência dos contextos. A loira admite que aprendeu errando e se compreende como um produto do meio.
No Fantástico, uma prévia do momento face a face da apresentadora com Marlene, presente na íntegra nos episódios futuros da série documental, repercutiu nas redes sociais e outros programas onde Xuxa concedeu entrevistas. No Quem Pode Pod, apresentado por Giovanna Ewbank e Fernanda Paes Leme, a rainha dos baixinhos ponderou a relação tóxica, atribuindo para si uma parcela de culpa dos abusos sofridos. Em suas palavras, ela permitiu toda essa invasão de Marlene pela confiança desmedida de que a diretora sabia o que era melhor. Neste primeiro episódio acompanhamos prévias de relatos adiantando que essa invasão mexia tanto nas questões profissionais quanto pessoais.
Da vida pessoal de Xuxa, a estreia relembrou seu primeiro relacionamento com o jogador Pelé, mas focou ainda mais nos bastidores de seus programas, o inicial Clube da Criança na TV Manchete, e posteriormente o Xou da Xuxa, na TV Globo. A relação de confiança que a apresentadora desenvolvia com os pequenos, como se fosse também ela uma criança, os desafios de engendrar uma carreira com o público infantil sem saber ao certo como fazer, a chegada das paquitas, toda a construção do mundo mágico que era o programete, o sucesso e a presença pungente na indústria musical, as multidões nos shows e o fanatismo são os destaques da primeira leva dessa jornada.
A prévia do próximo episódio adianta o alcance da artista excedendo as fronteiras e arrastando público na Argentina, assim como seu período na televisão estadunidense. Dentro das comemorações dos seus 60 anos, completados neste ano, a série é um olho mágico para milhares de “baixinhos” que cresceram fãs da loira relembrarem seu percurso, assim como é um registro desbravador para as demais gerações que não presenciaram, como naqueles tempos, a ascensão de um ídolo.
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