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Foto: Reprodução/YouTube (TheEllenShow).

Sean Diddy Combs: tudo o que se sabe sobre o caso do rapper acusado de tráfico sexual e associação criminosa

Após nova denúncia de abuso sexual, o rapper enfrenta um processo envolvendo uma rede de exploração de mulheres. Trata-se de um dos maiores escândalos da indústria musical em muitos anos

Atualizado no dia 02 de outubro de 2024

Sean Diddy Combs, também conhecido como Puff Daddy ou P. Diddy, encontra-se no centro de uma polêmica que abala a indústria musical e o mundo do entretenimento. O rapper e magnata da música norte-americano de 54 anos foi preso em Nova York no dia 16 de setembro, acusado de tráfico sexual, associação criminosa, promoção da prostituição e extorsão. O caso tem atraído atenção não apenas pela gravidade das acusações, mas também pela inclusão de nomes de outras celebridades e figuras influentes.

Combs se declarou inocente, mas a Promotoria de Nova York decidiu pela negação da fiança, mantendo-o preso enquanto as investigações prosseguem. Se condenado, o artista pode enfrentar uma pena mínima de 15 anos de prisão, com possibilidade de prisão perpétua.

A natureza das acusações: Os “freak-offs”

No centro das acusações estão os chamados “freak-offs”, festas sexuais organizadas em suítes de hotéis de luxo por Combs, que teriam sido abastecidas com drogas e outros elementos facilitadores das “performances sexuais elaboradas”, conforme descrito pelos promotores.

Segundo o governo, essas festas eram regadas a substâncias como ecstasy, cetamina e GHB, conhecida como “a droga do estupro”. As vítimas, muitas vezes debilitadas pelo consumo excessivo de drogas, necessitavam de fluidos intravenosos para se recuperar após as longas maratonas sexuais.

A acusação de 14 páginas descreve que Combs utilizava câmeras para gravar essas sessões, que eram posteriormente usadas para intimidar e chantagear os envolvidos, prevenindo que qualquer um deles denunciasse os abusos. As cenas filmadas, alegadamente, incluíam coerção física e psicológica das vítimas, que eram obrigadas a cumprir ordens do artista e de outros participantes.

Os promotores descreveram os “freak-offs” como eventos perigosos e planejados, que não apenas causavam danos físicos às pessoas envolvidas, mas também frequentemente deixavam as suítes dos hotéis em estado de destruição, sendo necessário acobertar os estragos por meio de subornos e outras ações criminosas.

Cassie Ventura: A primeira denúncia

De acordo com a Variety, as primeiras denúncias públicas sobre os supostos abusos de Combs surgiram no final de 2023, quando a cantora e ex-namorada do magnata, Cassie Ventura (artisticamente conhecida como Cassie), apresentou um processo judicial contra o rapper. No documento, ela o acusou de abuso físico, tráfico sexual e coerção durante seu relacionamento.

Cassie afirmou que era forçada a participar dos “freak-offs”, sendo drogada e abusada sexualmente por prostitutos a mando de Combs, que gravava os eventos e dava ordens enquanto assistia e se masturbava.

Um vídeo de segurança, divulgado em maio de 2024, deu mais força às investigações. A gravação mostra Combs agredindo fisicamente Cassie em um hotel, arrastando-a pelos cabelos enquanto ela tentava fugir do local. Apesar de a ação judicial ter sido resolvida em um acordo fora dos tribunais, o caso levou a uma enxurrada de novas acusações de agressão sexual contra o rapper, incluindo alegações de que ele estuprou uma mulher em 2018.

A defesa de Combs

Os advogados de Combs apresentaram uma defesa que descreve os “freak-offs” como encontros consensuais entre adultos e negam veementemente que tenha havido coerção, fraude ou violência. A defesa argumenta que, embora os encontros possam ser chocantes para algumas pessoas, tudo o que aconteceu foi com o consentimento das partes envolvidas, incluindo Cassie. Os advogados ainda ressaltaram que o relacionamento entre o artista e Ventura era complexo e conturbado, mas que isso não constitui crime.

Em um comunicado oficial, o advogado de Combs afirmou estar decepcionado com o que chamou de “acusação injusta” por parte da Promotoria dos EUA e reiterou que o rapper acredita em sua total inocência.

Indústria musical e outras celebridades

Desde a prisão de Combs, diversas teorias da conspiração surgiram nas redes sociais, envolvendo outras celebridades da música internacional. Nomes como Justin Bieber, Rihanna, Jay-Z, Mariah Carey, Nicki Minaj e Drake foram associados ao caso. As especulações aumentaram após rumores de que Combs teria vendido gravações dessas festas por US$ 500 milhões na deep web, onde figuras famosas seriam vistas participando dos eventos ou presentes nas “freak-offs”. Porém, até agora, nenhuma comprovação foi publicada, tampouco essas alegações apareceram nos autos da justiça estadunidense.

Em um vídeo resgatado de 2002, Combs aparece ao lado de um jovem Justin Bieber, então com 15 anos, oferecendo ao cantor um carro de luxo e uma casa. Embora nenhum envolvimento direto de Bieber tenha sido provado, a relação entre os dois passou a ser vista com desconfiança após as denúncias.

Outra teoria aponta que Rihanna, aos 16 anos, teria sido traficada por Combs para a indústria da música. Segundo especulações, a cantora teria sido levada de Barbados para Los Angeles e, numa madrugada, fechou um contrato milionário com Jay-Z, amigo próximo de Diddy. Jay-Z, em entrevistas passadas, admitiu que a jovem passou horas em seu escritório até que ele garantisse um contrato. A versão oficial da história, no entanto, não menciona coerção.

Nicki Minaj, por sua vez, fez publicações nas redes sociais insinuando que tentaram suborná-la para que ela não revelasse informações comprometedoras sobre a relação de Diddy com Jay-Z, o que levantou ainda mais suspeitas sobre a profundidade do envolvimento dessas celebridades (Rolling Stone Brasil). Nenhuma das alegações postadas por Minaj no X (antigo Twitter) foram comprovadas de maneira independente.

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A carreira de Sean Diddy Combs

Diddy é considerado um dos responsáveis por moldar o cenário do hip-hop global nas décadas de 1990 e 2000. Dono do selo Bad Boy Records, ele foi o mentor por trás de carreiras de estrelas como Notorious B.I.G., Mary J. Blige e Usher. Seu sucesso na música foi seguido por empreendimentos na moda, com sua marca Sean John, e nos setores de bebidas e televisão, com destaque para a vodca Cîroc e a Revolt TV.

Como artista solo, Diddy alcançou popularidade com o álbum No Way Out (1997), que contém o sucesso I’ll Be Missing You, uma homenagem ao amigo e rapper Notorious B.I.G., assassinado naquele mesmo ano. O álbum rendeu ao rapper três prêmios Grammy, consolidando sua carreira musical e sua posição como uma lenda do hip-hop.

Apesar de sua ascensão meteórica e sua contribuição para a indústria musical, as controvérsias que sempre estiveram presentes em sua trajetória pessoal e profissional agora tomam proporções muito maiores com as graves acusações de tráfico sexual e violência.

Novas acusações

De acordo com o advogado Tony Buzbee, Sean Diddy Combs é acusado de abuso sexual por mais de 120 pessoas, incluindo uma criança de 9 anos. As supostas vítimas entraram em contato com o advogado após a prisão do cantor e, segundo ele, essas vítimas planejam abrir processos individuais contra Diddy e possivelmente outros abusadores nas próximas semanas.

Entre as novas vítimas, 25 seriam menores de idade quando os supostos abusos ocorreram, entre 1991 e 2024. O advogado mencionou que uma das vítimas, que tinha apenas nove anos na época, foi supostamente abusada sexualmente por Combs e por várias outras pessoas no estúdio com a promessa de conseguir um contrato de gravação.

Em nota, a equipe jurídica de Diddy afirmou que as acusações são falsas. “O senhor Combs nega enfaticamente qualquer alegação de que ele abusou sexualmente de alguém, incluindo menores”, disse a advogada de Combs, Erica Wolff, em coletiva de imprensa, de acordo com o portal DailyMail. Ela complementou que ele espera provar sua inocência e se defender no tribunal, onde a verdade será estabelecida com base em evidências, não em especulações.