E olhe lá! Resolvi tirar uma semana de folga após 3 anos e meio sem pausa de trabalho. Lisa que sou (quem manda resolver virar ‘jornalistinha de merda’? Antes tivesse feito um curso de administração!), resolvi pegar um vôo pro Rio de Janeiro, que continua lindo e visitar uma amiga queridíssima que se mudou pra lá ano passado.
Vamos contar primeiro a saga do vôo. Avaliem um vôo Recife – Rio de Janeiro que dure 10 horas. Isso mesmo: DEZ infindáveis horas.
Como?
Assim: Recife, com escalas em Brasília, Campo Grande, Cuiabá e Curitiba (!?) para, só então, chegar ao Rio de Janeiro.
Pois é. Pelos módicos R$ 330,00 ida e volta, não tenho nem direito de reclamar. Pelo menos serviram sanduíches no vôo o que, em dias de hoje, é um luxo.
Como não sou besta nem nada, tomei um Rivotrill e dormi linda. É exigir demais de uma jornalista – e fumante! – que eu fique parada e sentada por dez consecutivas longas horas. Não há palavras cruzadas que cheguem!
Ok. Chegando ao Rio, nada de Cristo Redentor, de bondinho da Lapa ou do Morro da Urca. Preferi um samba da Rua do Ouvidor (a cada 15 dias, aos sábados à tarde e ‘de grátis’, no centrão da cidade) e uma boa e velha praia do Leme.
Aliás, a praia do Leme é um ‘must’. As pessoas têm celulite e tomam cerveja Itaipava. Levam cães pra areia e adoram conversar com estranhos. Abaixo Copacabana e os corpos sarados, gente bonita em clima de paquera naquele click descontraído. Salve o Leme e o espetinho de rua, a tapioca da esquina e as depilações de sombrancelhas feitas com cera.
Fiz amizade com o barraqueiro. Aliás, barraqueiro bom é um luxo. O do pedaço em questão – o Oliveira – foi garçom a vida inteira e resolveu se aposentar olhando pro mar. Além da cerveja gelada, disponibiliza um chuveirão improvisado de bomba a motor e ainda dá de graça a saideira. Melhor do que isso só ter dinheiro pra beber Itaipava até cair.
Ok. Pra não dizer que não fiz nenhum outro programa fui à gafieira do Clube Democráticos, na Lapa. Entretanto, a alegria das curtas férias foi mesmo programa de pobre: praia.
Vamos lá: paga-se pelo aluguel da cadeira (R$ 2,00) e do guarda-sol (R$ 2,00). A cerveja custa R$ 2,00. Mas ainda é mais barato e relaxante do que tomar um chopp na Cinelândia (R$ 3,40!) ou no boteco da esquina (nenhum chopp no RJ custa menos do que R$ 3,00, socorro!). Tive até coragem de entrar no mar – o que, para mim, é um feito. Paraense da gema, já acho o mar de Boa Viagem gelado, avalia só!
Como eu não presto pra nada mesmo, ainda disseminei João do Morro em terras cariocas (conhece inda não?). Levei a bolachinha do moço, que foi a verdadeira sensação com as jornalistas de ocasião que, aliás, são super fãs de outra banda menos ortodoxa ainda: Tanga de Sereia.
Tive direito até a tiroteio, menino! Leia-se morros do Chapéu Mangueira (que fica atrás da casa da minha amiga) e Babilônia (também nessas bandas e que é alvo do filme Tropa de Elite). Só faltou mesmo foi ver o Wagner Moura vestido de fantasia sexual (leia-se Capitão Nascimento). Em compensação, os bofes do BOPE que montaram guarda na rua (considerada rota de fuga) durante um dia inteiro eram um verdadeiro ‘ixpetáculo’. Praticamente incomensuráveis.
Pois é. O Rio de Janeiro continua lindo. E eu, lisa. Divertimento de pobre é mesmo a praia, mais democrático dos espaços em território nacional. De norte a sul.
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rainhal@revistaogrito.com.
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