A coroa de maior drag queen do país vai para o município de Carnaíba, no interior de Pernambuco. A majestade do glamour, da “montação”, é Ruby Nox, persona de Anderson Braz, de 31 anos, que venceu o reality show Drag Race Brasil, programa baseado no longevo RuPaul’s Drag Race, que existe há 17 anos. “Fico muito feliz, é sobre uma trajetória, trabalho e esforço, dedicação que a gente tem e, enquanto drag e profissional, reverencio cada uma das meninas da temporada”, discursou Nox, ao ser coroada no palco da Watch Party da Realness, realizada em São Paulo, com transmissão ao vivo. Organzza, vencedora da primeira temporada, também estava presente na festa.
Nesta quinta-feira (11), foi ao ar o último episódio da temporada. No Top4, Ruby disputou uma corrida acirrada contra Melina Blley, Poseidon Drag e Mellody Queen, mas acabou levando a melhor na final em um lip-sync de “O amor e o poder”, contra esta última. Além da coroa e o cetro, a pernambucana leva para casa um ano de produtos de maquiagem da Anastasia Beverlly Hills e R$ 150 mil. Para poucas, né?

reality show da arte drag. (Foto: WOW/Divulgação).
Sob o comando de Grag Queen e com os jurades fixos Dudu Bertholini e Bruna Braga, o reality brilhou mais uma vez com convidados especiais e desafios que testaram cada costura e cada dublagem. Outras seis queens completaram o casting: Adora Black, Bhelchi, Chanel, DesiRée Beck, Mercedez Vulcão e Paola Hoffmann Van Cartier.
Ao longo da atração, Ruby conquistou três vitórias e se destacou com suas performances e seus looks fashionistas, com inspirações artísticas baseadas no burlesco e valorizando as suas origens, com carisma e talento nos mais diferentes desafios da temporada. O sucesso da rainha no programa tem refletido nas redes dela e no carinho que tem recebido do público Brasil afora. “O público tornou tudo mais magnífico do que eu imaginava, Muito obrigado!”, comemorou, durante a watch party paulista, para a alegria dos fãs.
Tanto esforço e sacrifício da queen foram recompensados com a vitória. Antes de a atração chegar ao fim, bares e restaurantes lotaram de clientes com as watch parties, o que dá a dimensão de como o mundo queer conquistou admiradores. A Pink Flamingo, no Rio de Janeiro, além da Metrópole e Casa Bacurau, ambas na capital pernambucana, foram alguns dos espaços que abriram as portas para o público assistir à atração na TV. Mais de 2 mil pessoas compareceram à exibição do último episódio na Rua da Aurora, nesta quinta, no Centro do Recife, em evento promovido pela Casa Bacurau no projeto Cabaré da Ruby. Mesmo cenário com a Phenomena, na Metrópole.
Multitalentos
Ruby também é atriz, maquiadora, figurinista e produtora cultural. Ela começou a ter contato com arte desde muito cedo. “Sempre fui artista, desde pequeno dançava e sempre estive envolvido culturalmente, porque na minha cidade, Carnaíba, a gente respirava cultura, sobretudo música e dança. Isso tudo colaborou muito para minha formação”, contou, em entrevista à Revista O Grito!
Mesmo já tendo experimentando maquiagem, peruca, figurino até Ruby realmente nascer, demorou um tempo, até porque ela sempre viu drag como uma arte do palco. “Queria fazer drag nesse espaço para o público. Isso aconteceu em outubro de 2013 na antiga boate MKB, berço de muitas drags pernambucanas. E lá que a Ruby Aziza começou”, conta. Só depois de alguns anos que a artista criou a Haus of Nox, com os amigos Amber e Diesel, e tornou-se a Ruby Nox de hoje.






Desde sua primeira montação, a artista já ganhou diversos concursos, fez participação em filmes do cinema pernambucano e é figura conhecida na noite recifense, tendo vencido o Top Drag Pernambuco 2018 (que inspirou memes ao longo da temporada) e ganhado o 1° lugar no concurso de fantasias do Baile dos Artistas do Recife 2018.
Um dos temas que move a arte de Ruby é o burlesco, combinando elementos circenses em performances sensuais e autênticas, cheias de graça e força. “Carmen Miranda, Elis Regina, Whitney Houston até Britney Spears, Rihanna. Mas também bebo das minhas referências do burlesco e do teatro, como o Vivencial Diversiones”, detalha. O Vivencial do qual a artista menciona foi uma trupe teatral que revolucionou a cena pernambucana enfrentando a repressão durante a Ditadura Militar com toda transgressão possível.
Dentre os looks apresentados pela queen no Drag Race, destacam-se o da promo vestida de pavão, o icônico primeiro desafio que ela ganhou ao apresentar uma montação de Maria Bonita drag; a Onça Caetana; uma releitura da cantora Carmem Miranda; além da La Ursa.
Ruby Nox é a rainha de todas as eras, ao dar aula de cultura geral, de referência drag, tendo levado ao palco do Drag Race homenagens que vão do ator Erick Barreto ao dramaturgo Ariano Suassuna. A queen sertaneja valoriza e busca reconectar-se com as antigas artistas transformistas, reconhecendo-as como pioneiras da arte drag e parte fundamental da sua história e identidade, responsáveis por escancarar as portas na luta contra o preconceito com a população LGBTQIAPN+ em Pernambuco e no país.
Nox soube olhar para o passado, com apresentações que representam o presente e o futuro, sendo cuidadosa ao apresentar seu trabalho durante os 10 episódios do programa.
E por fim: long live Ruby Nox, nossa Drag Superstar 2025!

conquistou a coroa da 2ª temporada do Drag Race Brasil. (Foto: WOW/
Divulgação)


