Lajeiro, primeiro trabalho de estúdio do compositor Phylipe Nunes Araújo, é um salto para dentro do Agreste pernambucano. De uma terra onde ecoa o som das máquinas de costura, Phylipe faz, com seu violão, barulhos aprendidos ainda na infância com o seu avô João. Explorando através de sua música, escala as pedras da estrada para admirar a paisagem, pedindo passagem para entoar seus versos junto de suas parcerias.
O EP Lajeiro inicia com Brasil, música de trabalho com participação da também santacruzense Agda, que compôs e canta com Phylipe. Uma balada de letra descontraída, parecida com quase todas as outras. Longe de ser uma crítica, é na verdade um grande trunfo para uma canção que fala da loucura de fazer poesia depois da juventude. Despreocupadamente, rompe toda descontração para que voltemos a atenção para as imagens bonitas de uma procissão de interior, na canção Fruta.
Uma longa camada de sintetizadores abre caminho para “Estrela”, balada rock quase completa. Novamente numa formação com banda, agora a voz já distorcida canta lembranças de um cenário distante, que tem o mar como protagonista. O silêncio é interrompido por mais uma canção voz e violão. “Mansinho”, uma música feita de silêncios, é um respiro. Um momento que chama pra dentro, onde afloram as rochas, para sentir o vento soprando no rosto.
Em seguida, “Lajeiro” nos apresenta uma canção que é como um sonho. Em “Peixe”, que experimenta com ritmos tradicionais brasileiros, os arranjos anteriores tem o auxílio de mais percussões e coros. Numa brincadeira entre o rítmico e o lúdico, Phylipe beira o absurdo imaginando frutos e bichos híbridos numa floresta diferente. Na última faixa, temos novamente a participação de Agda nos vocais, numa canção que contempla e reverencia as paisagens e amigos que fazemos no caminho. Num ajuntamento desses poetas, “Lajeiro” nos presenteia com um coro final que reúne todos os músicos que participaram do trabalho.
Com um repertório de 06 faixas autorais, o EP Lajeiro foi incentivado através do edital Funcultura da Música 2019/2020. o trabalho conta com participações de músicos de Pernambuco, como Zeh Lucas (percussão/bateria/voz), Jonatas Onofre (teclados) e Ágda Moura (voz), além dos alagoanos Fellipe Pereira (bateria/guitarra/violão/synth/prod. musical) e Nyron Higor (baixo). Lajeiro é fruto de um projeto elaborado e coordenado por Cássio Sales (Estúdio Glândula/O Criatório, Gravatá/PE), tem produção musical assinada pelo próprio Phylipe em parceria com Fellipe Pereira, e é o primeiro lançamento do catálogo do selo muuu records (Gravatá/PE).
