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Os 25 Melhores Filmes de 2024

Do hit "A Substância", passando pelo fenômeno brasileiro "Ainda Estou Aqui", além de trabalhos mais experimentais como "Orlando: Minha Biografia Política", nossos críticos e colaboradores escolheram o melhor do cinema no ano que passou

O ano que está terminando foi repleto de bons lançamentos tanto nas salas de cinema quanto nas plataformas de streaming. Como nossa lista tem como critério o fato de o filme ter sido lançado comercialmente no Brasil (ou no Recife) este ano, alguns filmes que entraram em listas de publicações estrangeiras no ano passado, só agora aparecem por aqui.

Para os filmes brasileiros vale a mesma decisão, embora num sentido inverso. Assim, filmes que tiveram exibições em festivais no decorrer desse ano, mas só serão distribuídos em 2025, terão que esperar o próximo dezembro para entrar na lista. É o caso do premiadíssimo filme Baby, de Marcelo Caetano, que nós amamos, mas cuja estreia comercial está marcada apenas para janeiro do próximo ano. 

Todavia, o que não faltou foram bons filmes para compor a nossa lista dos melhores de 2024. Montar o ranking, porém, como sempre, não foi fácil. A diversidade de gêneros e experiências audiovisuais empolgantes que passaram pelas telas nos deixaram meio atordoados, mas chegamos a um acordo. Uma coisa boa em 2024 foi o número expressivo de obras pungentes do cinema brasileiro encabeçada por Ainda Estou Aqui, de Walter Salles Jr., filme que está com grandes chances de ser premiado no Oscar 2025.

No final, acreditamos que o panorama traçado por nossos editores e colaboradores dão uma visão bem completa dos realizadores e obras que não podem ser ignoradas por cinéfilos e espectadores que buscam entretenimento, mas também um cinema que provoque questionamentos e novas visões de mundo.

Edição: Paulo Floro. Textos: Alexandre Figueirôa, Alexandre Cunha, Isabela Ferro, Yuri Euzébio, Luciana Veras. Arte: Felipe Dário.

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Meu Amigo Robô, de Pablo Berguer

A improvável amizade entre um cão e seu robô na Nova York dos anos 1980 é o mote desse filme do espanhol Pablo Berguer indicado ao Oscar de 2024. O filme lida com temas como amizade e solidão e consegue ser expressivo e emotivo mesmo sem ter diálogos. Um ótimo exemplar de como a animação ainda pode caminhar por estradas pouco exploradas e surpreender. – Paulo Floro.


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Retrato de Um Certo Oriente, de Marcelo Gomes

 O romance de Milton Hatoum ganhou uma adaptação primorosa pelas mãos do realizador pernambucano Marcelo Gomes. A história de dois irmãos libaneses que migram para o Brasil em 1949 fala de memória, paixão e do confronto entre culturas. As escolhas estéticas do realizador e a atuação convincente do elenco principal transformam esse drama sobre imigrantes em uma obra profunda e expressiva que merece muito ser vista – Alexandre Figueirôa.


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Guerra Civil, de Alex Garland

Num primeiro momento, achamos Guerra Civil um filme de guerra meio apelativo. Aos poucos, porém, o delírio distópico de Alex Garland começa a ganhar algum sentido, sobretudo se tomarmos como referência os Estados Unidos hoje. A polarização política, atos impensáveis até pouco tempo, como a invasão do Congresso pelos seguidores de Donald Trump, e o caos crescente protagonizado pelas redes sociais, acabam justificando uma trama que mostra dois jornalistas (Kirsten Dunst e Wagner Moura) acompanhando as tropas de uma aliança militar que quer derrubar o presidente. A narrativa atira para todo lado, mas, ao final, levanta algumas questões instigantes – Alexandre Figueirôa.


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A Quimera, de Alice Rohrwacher

A diretora italiana Alice Rohrwacher fez um “drama arqueológico” com esse A Quimera, que explora o tema das pilhagens de artefatos históricos, no caso aqui relíquias etruscas. Assim como seu longa anterior, Lazzaro Felice, Rohrwacher consegue trazer uma ambientação naturalista, em que os visuais repletos de textura dão corpo a um enquadramento narrativo bastante sentimental e, por vezes, nostálgico. – PF.


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Pobres Criaturas, de Yorgos Lanthimos

Pobres Criaturas, de Yorgos Lanthimos, indicado a 11 Oscar, é uma epopeia visual impressionante que tenta discutir essas questões, mas se apoia sobretudo na potência da experiência humana e todas as suas possibilidades. O resultado é um espetáculo fílmico, com um design de produção e fotografias bem cuidados, que conferem bastante personalidade à narrativa. Leia a resenha completa. – Paulo Floro.


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, de Rafael Conde

Zé (2024), longa-metragem do diretor mineiro Rafael Conde, adaptação do livro homônimo, escrito por Samarone Lima, investiga a vida do militante em arquivos da repressão, entrevistas com militantes contra a ditadura, familiares e amigos. Conde opta por evitar a dramatização excessiva e cenas de violência, prefere focar no nas atribulações do cotidiano, nos dramas éticos e nos conflitos familiares e pessoais dos personagens. Deste modo, temos uma visão mais íntima dos impactos do regime autoritário nas vidas dos militantes. Leia a resenha completa. – Yuri Euzébio.


rivais filme de luca guadagnino ganha data de estreia no prime video

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Rivais, de Luca Guadagnino

Luca Guadagnino transforma o tênis em metáfora para os embates psicossexuais e emocionais de seus protagonistas. Com Zendaya, Mike Faist e Josh O’Connor em performances cheias de subtexto, o filme explora as tensões humanas nos olhares e silêncios. A fotografia de Sayombhu Mukdeeprom e a trilha de Reznor & Ross ampliam a intensidade, enquanto o roteiro captura o subentendido como força narrativa. – IF.


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Duna: Parte 2, de Dennis Villeneuve

Duna: Parte Dois reafirma o poder da ficção científica como ferramenta de reflexão sobre questões humanas. Sob a direção de Denis Villeneuve, a obra expande com maestria o universo criado por Frank Herbert. O diretor aposta na força das imagens e sons, com cenografia e caracterização que nos imergem na riqueza de Arrakis e na cultura dos fremen. Com momentos de ação grandiosos e um mais olhar crítico em relação ao primeiro longa, Duna: Parte Dois solidifica sua posição como uma das adaptações mais ambiciosas e sofisticadas do gênero. – IF.


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O Mal Que Nos Habita, de Demián Rugna

Na fronteira entre a crítica social e o terror escatológico, esse filme dirigido pelo argentino Demián Rugna é uma boa surpresa. De cara podemos afirmar que ele não é uma obra para corações sensíveis. A trama se passa numa região agrícola em que uma história de possessão demoníaca vai ganhando contornos fantásticos e escapar dela é quase impossível. Desconcertante pela imprevisibilidade de cada sequência, O Mal que Nos Habita assusta pela escatologia que brota da tela a cada instante e nos leva a pensar sobre a violência silenciosa de uma sociedade em desarranjo – AF.


todos nos desconhecidos capa

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Todos Nós Desconhecidos, de Andrew Haigh

Se em um primeiro momento, Todos Nós Desconhecidos nos parece uma história de fantasmas, assim que nos adentramos na narrativa fica claro que o diretor inglês Andrew Haigh busca fazer um estudo muito sincero sobre a necessidade de ser amado, do papel que o afeto tem na vida de todo mundo (ou a falta dele, em alguns casos). Com quatro interpretações inspiradas, o longa conta ainda com uma fotografia meio etérea que ajuda a criar um clima entre o onírico e o real  – PF.


longlegs vinculo mortal terror com nicolas cage estreia nos cinemas brasileiros

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Longlegs – Vínculo Mortal, de Osgood Perkins

Osgood Perkins atingiu a direção mais hábil da sua carreira em Longlegs – Vínculo Mortal, excelente horror da distribuidora Neon – que fez campanha de divulgação extremamente eficiente para a obra. Com sua narrativa de investigação policial submersa em elementos de satanismo, o filme tem a proeza estética de estabelecer uma atmosfera sufocante e, de brinde, entrega ao público ótima atuação de Nicolas Cage na pele do grotesco maníaco. – Alexandre Cunha.


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Love Lies Bleeding: O Amor Sangra, de Rose Glass

Love Lies Bleeding, mostra que as narrativas conduzidas por protagonistas LGBTQIA+ não precisam mais ficar restritas às mesmas histórias, quase todas calcadas no drama mais clássico. Dirigido pela inglesa Rose Glass, essa explosiva história de ação noir traz um humor ácido e aposta no nonsense para abordar a história de amor destrutivo de uma gerente de academia de ginástica (Kirsten Stewart) e sua namorada viciada em anabolizantes (Katy O’Brian). O longa se aproxima do chamado “cinema extremo” francês, sobretudo no seu final, mas a trama como um todo é intensa o suficiente para prender a atenção do espectador. – Paulo Floro.


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O Dia Em Que Te Conheci, de André Novais Oliveira

Em um ano tão fértil para o cinema nacional, O Dia Que Te Conheci está entre as mais belas narrativas que chegaram às salas de cinema em 2024. Novo acerto da produtora Filmes de Plástico, o filme de André Novais Oliveira é um mosaico sensível sobre a vida da classe trabalhadora – e como os afetos e as conexões verdadeiramente humanas são o melhor remédio para a existência. Em seus concisos 71 minutos, a produção mineira consegue construir personagens cativantes, cheios de camadas e que evocam a identificação imediata do público. – Alexandre Cunha.


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Queer, de Luca Guadagnino

Quando foi publicado em 1985, o romance homônimo do escritor beat William S. Burroughs, surpreendeu pela força da história de amor entre dois homens, embora o autor negasse ser gay. Agora, o cineasta italiano Luca Guadagnino nos oferta a sua leitura pessoal da obra por meio de um filme em que sensualidade, alucinação e amor obsessivo andam lado a lado para contar a relação entre Lee (Daniel Craig) e o jovem Allerton (Drew Starkey) na cidade do México nos anos 1950. O maneirismo estético do filme lhe dá um charme a mais que tem na trilha sonora clássicos do Nirvana e do New Order – Alexandre Figueirôa.


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Orlando: Minha Biografia Política, de Paul B. Preciado

O filme de Paul B. Preciado tem status de obra-prima contemporânea. E ele não o é apenas por causa da perenidade de Virgínia Woolf, e sim porque se trata de um trabalho corajoso e político. Inventivo na forma e disruptivo na encenação, é propositor e balizador de questões essenciais para contemporaneidade – como se dão e se estruturam, na concretude do cotidiano, as vidas trans? Quem são essas pessoas? Como se posicionam perante os gestos banais do dia a dia – andar na rua, fazer compras, cumprimentar transeuntes – ou diante dos desafios que atravessam suas existências – como viver em países que na maioria das vezes querem nos exterminar? – Leia a resenha completa de Luciana Veras.


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Vidas Passadas, de Celine Song

Filmado de maneira elegante, sempre em uma distância segura, dando todo o espaço necessário para a reconstrução do laço entre Nora (interpretado brilhantemente por Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo), a diretora Celine Song mostra o talento de conseguir trabalhar as nuances de uma paixão como poucas vezes foi vista no cinema. A câmera está sempre olhando de longe, procurando ângulos discretos, sob uma luz quente e aconchegante. As cenas parecem durar o tempo necessário, muitas vezes com um silêncio e troca de olhares, sempre expressivos. É tudo calibrado a partir dos detalhes, tanto por parte da direção de Song quanto pela interpretação do trio de atores. Leia a resenha completa. – Paulo Floro.


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A Substância, de Coralie Fargeat

Coralie Fargeat entrega uma sátira provocante que mistura body horror e crítica social em um conto sobre obsessão estética e padrões inalcançáveis. Estrelado por Demi Moore, em uma de suas melhores atuações, o filme explora a degradação física e psicológica de uma atriz em busca de juventude eterna. Fargeat utiliza o absurdo e o gore para denunciar as pressões do olhar objetificante e o impacto do sexismo na indústria do entretenimento. – IF


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Ervas Secas, de Nuri Bilge Ceylan

Nome consagrado nos festivais de cinema pelo mundo, Nuri Bilge Ceylan parece ter alcançado o raro terreno de artista em domínio da sua própria arte. Ervas Secas é uma complexa sondagem às questões humanas, de pés no chão, sem qualquer mirabolância cinematográfica. Entre o dito e o subentendido, o diretor turco investiga contradições e desejos intrínsecos a personagens que tentam respirar em meio à severidade climática da região onde se encontram. Pelo seu papel no filme, a ótima atriz Merve Dizdar conquistou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes. – Alexandre Cunha.


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Zona de Interesse, de Jonathan Glazer

Zona de Interesse é uma aula sobre como o fascismo, sorrateiramente, penetra a vida de pessoas comuns, ao ponto destas serem capazes de naturalizar atos de barbárie. Vigorosa experiência sensorial, graças a uma das direções mais criativas dos últimos anos, o filme de Jonathan Glazer descortina o horror através da sugestão, sem jamais explicitar a violência que ouvimos ao longe ou logo ali, por trás do muro. Merecidamente, venceu as categorias “Melhor Filme Internacional” e “Melhor Som” no Oscar 2024. – Alexandre Cunha.


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Malu, de Pedro Freire

Uma atriz de teatro vivendo das lembranças de uma carreira que frutificou nos anos 1970 e da esperança de construir uma sala de espetáculos em um bairro da periferia é o mote deste filme contundente, um dos melhores do cinema brasileiro este ano. A história nos leva a refletir sobre a geração de artistas que nos anos de chumbo da ditadura sonhava com as artes como forma de luta e libertação e que, nos anos 1990, após a redemocratização, foi vendo seus ideais serem pouco a pouco substituídos. Pedro Freire, de forma sensível, mas dura e sincera, desenvolveu uma trama potente sobre a resiliência de uma mulher que apesar do caos familiar em que está imersa ainda tem esperança de voltar ao palco.  As atrizes que protagonizam essa pequena tragicomédia suburbana – Yara de Novaes, como Malu, Carol Duarte, como a filha Joana e Juliana Carneiro da Cunha, a mãe – dão um show de interpretação e só por elas vale a pena ver esse filme. –  – Alexandre Figueirôa.


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O Quarto ao Lado, de Pedro Almodóvar

Vencedor do último Festival de Veneza, esse é o primeiro filme do cineasta espanhol em língua inglesa. Protagonizado pelas incríveis Tilda Swinton e Julianne Moore, a trama transcorre em torno do direito à eutanásia em pacientes terminais. Como sempre, Almodóvar capricha na mise-en-scène, atento a cada detalhe, desde o enquadramento das personagens ao figurino e performance das atrizes. Elas estão sublimes na composição de seus papéis que alternam momentos prazerosos de cumplicidade e intimidade com a tensão da morte próxima da personagem vivida por Swinton. Um filme sem grandes arroubos dramáticos, mas que nos toca profundamente – Alexandre Figueirôa.


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O Mal Não Existe, de Ryûsuke Hamaguchi

O cinema de Ryûsuke Hamaguchi pede um outro tempo. Não é tempo de um story (em que precisamos segurar com o dedo aquele momento fugidio, de menos de um minuto). Também não é o tempo de impacto imediato, do torpor provocativo de imagens bem pensadas para traduzir uma ideia. O Mal Não Existe, assim como o anterior, Drive My Car, pede um período mais longo para as ideias assentarem, para que aquelas imagens possam, a partir das conversas iniciadas, nos levarem a um outro lugar. O longa fala sobre a decadência da nossa relação com a natureza a partir da complexidade das relações humanas. – Paulo Floro.


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Ainda Estou Aqui, de Walter Salles

Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, é um retrato íntimo das marcas deixadas pelo regime militar no Brasil. A direção de arte recria com fidelidade o Rio de Janeiro dos anos 1970, enquanto Fernanda Torres e um elenco harmonioso dão vida à narrativa. Filmado em 35mm e com uso de super 8, Salles entrega uma obra visualmente refinada que une memória, política e emoção. Mais que um filme, é um registro essencial contra o esquecimento e o autoritarismo. – IF. 


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Anatomia de Uma Queda, de Justine Triet

Justine Triet não apenas subverteu as convenções de “filme de tribunal” em Anatomia de uma Queda; pode-se afirmar, sem exagero, que a diretora francesa triunfou em todas as instâncias narrativas que fazem do Cinema uma arte única. Montagem, fotografia, roteiro, som: a engenhosidade da história é belamente arquitetada nesta produção primorosa, que ainda engrandecida pela atuação magistral de Sandra Hüller como a mulher acusada de assassinar o marido. Duas horas e meia de deleite cinematográfico. – Alexandre Cunha.


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Dias Perfeitos, de Win Wenders

O cineasta alemão Wim Wenders estava nos devendo um grande filme do mesmo quilate de Paris, Texas (1984) um dos seus trabalhos mais incríveis. Ele chegou. Dias Perfeitos é uma obra de uma beleza imensurável construída a partir de um argumento simples e prosaico: um homem de meia-idade com uma vida modesta, cujo trabalho é limpar banheiros públicos da cidade de Tóquio. Metódico e introspectivo, Hirayama (Koji Yakusho) tem na música, literatura e fotografia a companhia para preencher sua vida solitária. A partir de uma série de encontros fortuitos, aos poucos vamos descobrindo a história desse homem e com ela uma série de questões que tocam de perto a vida de qualquer habitante das grandes cidades do mundo. Wenders filma sem pressa, dá espaço para os silêncios, a contemplação, tudo isso expressado também de maneira impecável por Yakusho, que ganhou a Palma de Ouro de Melhor Ator do Festival de Cannes por este trabalho – Alexandre Figueirôa.

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