Leia mulheres: 55 obras imperdíveis de autoras incríveis

MULHERES
Foto: AK Rockefeller/Flickr.

Por Renata Arruda

Celebrado dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher surgiu como uma homenagem à luta de operárias por melhores condições de trabalho e desde então, a cada março temos a oportunidade de utilizar a data da maneira certa: como uma celebração pelas conquistas femininas nos campos políticos, sociais e econômicos.

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Pensando nisso, me inspirei nos projetos #LeiaMulheres e #KDMulheres — o primeiro, uma iniciativa da escritora Joanna Walsh, com a proposta de fazer do ano de 2014 um ano para equilibrar a desigualdade de gênero no meio literário, lendo e valorizando a obra de mulheres escritoras; o segundo, um projeto da Casa de Lua, que vem questionar a visibilidade das mulheres no mundo da literatura, chamando atenção para a pouca quantidade de mulheres que geralmente são convidadas ou homenageadas em grandes eventos literários como a FLIP ou vencedoras em premiações — para bolar uma listinha de obras relevantes dos mais variados gêneros da literatura escritas por mulheres, dando ênfase à produção contemporânea, sem deixar de lembrar de grades nomes. Por uma questão de espaço, a lista será insuficiente e muitas autoras ficarão de fora; portanto, convido os leitores a deixarem suas sugestões nos comentários para deixá-la mais completa.

Ficção

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Por Escrito, Elvira Vigna (Companhia das Letras)
A prosa de Elvira Vigna ocupa um lugar único na literatura brasileira. Na contramão de tudo que soa tradicional ou corrente, a autora vem, desde o fim dos anos 1980, trilhando um caminho próprio, na criação de um universo pessoal que parece se expandir a cada romance ou conto que publica. Com uma linguagem cortante e antissentimental, e uma visão de mundo cáustica e desiludida, os personagens de Elvira caminham trôpegos por cenários de devastação afetiva, emocional e pessoal.

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Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente, Luisa Geisler (Alfaguara Brasil)
Luisa Geisler constrói em Luzes de emergência se acenderão automaticamente uma narrativa sutil, às vezes entremeada com um humor desconcertante, em outras com passagens cativantes. Ao compor esse mosaico, a autora desenvolve um romance surpreendente, emocional, sobre as incertezas do amadurecimento.

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Todos Nós Adorávamos Caubóis, Carol Bensimon (Companhia das Letras)
Todos nós adorávamos caubóis é uma road novel de um tipo peculiar; as personagens vagam como forasteiras na própria terra onde nasceram, tentando compreender sua identidade. Narrada pela bela e deslocada Cora, essa viagem ganha contornos de sarcasmo, pós-feminismo e drama. É uma jornada que acontece para frente e para trás, entre lembranças dos anos 1990, fragmentos da vida em Paris e a promessa de liberdade que as vastas paisagens do sul do país trazem. Um western cuja heroína usa botas Doc Martens.

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Opisanie Swiata, Veronica Stigger (Cosac Naify)
Embora a forma externa seja a da novela, o livro – dando seguimento às experimentações da autora com as formas literárias, recorrentes em seus livros anteriores – se compõe a partir de diversos registros, como o do relato em terceira pessoa, o da carta, o do diário, além de contar com inserções de imagens e fragmentos de textos da década de 1930 – época em que transcorre a ação. Primeiro romance da autora, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura e Prêmio Machado de Assis.

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Entre Rinhas de Cachorros e Porcos Abatidos, Ana Paula Maia (Record)
Nesta novela pulp, a autora mostra o cotidiano de homens que lutam para sobreviver em meio à pobreza e a falta de esperança de uma vida melhor. O volume reúne duas novelas. A primeira, que dá nome ao livro, tem como cenário um subúrbio distante, onde apostar em rinhas de cachorros assassinos é o divertimento mais saudável para homens que passam o dia a abater porcos. Na segunda narrativa, ‘O trabalho sujo dos outros’, o personagem principal recolhe o lixo numa cidade, na qual ‘tudo se transforma em lixo’ e a riqueza da sociedade pode ser medida pela sua produção de lixo.

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Esquilos de Pavlov, Laura Erber (Alfaguara Brasil)
Em Esquilos de Pavlov, a artista visual e poeta Laura Erber, que integrou a lista dos 20 melhores jovens escritores brasileiros selecionada pela revista Granta, entremeia a escrita do romance com uso de fotos conceituais que dialogam com a narrativa, criando uma intertextualidade entre a palavra e a imagem. A autora se apropria com liberdade das bases do romance de formação para construir uma ficção impiedosa, por vezes lírica, marcante não só pelas frases precisas e espirituosas, mas pela maneira distinta de fazer literatura hoje.

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A Vendedora de Fósforos, Adriana Lunardi (Rocco)
Em seu segundo romance, Adriana Lunardi retoma os temas que marcam sua elogiada trajetória na literatura contemporânea, entre os quais o hálito da morte – sua presença nas entrelinhas -, como elemento que redimensiona a trama. A autora também volta a explorar as muitas faces da atitude narrativa, com o que ela tem de pecado e redenção, para interligar cacos de uma história contada de forma não linear, embaralhada e densa como é, sempre, a composição do passado.

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Ponciá Vicêncio, Conceição Evaristo (Mazza Edições)
Exemplo de romance afro-brasileiro, falando da identidade negra, Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo, vai de encontro à tese segundo a qual a escrita dos descendentes de escravos estaria restrita ao conto e à poesia.

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A Chave de Casa, Tatiana Salem Levy (Record)
Passando por temas como a morte da mãe, a relação com um homem violento, viagem, raízes, herança e etc, A Chave de Casa é um livro pulsante, cheio de vida e emoção. A autora tece um romance de vozes diversas – como são as vozes da memória -, histórias que se complementam num tom de densa estranheza.

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A Vez de Morrer, Simone Campos (Companhia das Letras)
Simone Campos estreou na literatura aos 17 anos e em seu quarto romance, a jovem autora constrói peça a peça uma trama de alta voltagem sexual, um retrato de geração ao mesmo tempo ácido e delicado, violento e bucólico.

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Para Cima e Não Para Norte, Patricia Portela (LeYa)
Um romance original que se baseia na história verídica de um Homem Plano que vive em um mundo de duas dimensões. Um dia ao se encantar com uma impressão digital em um livro, passa a investigar essa estranha letra. Até chegar a uma descoberta mais profunda e se desafiar a passar para um mundo tridimensional. O livro integra a Coleção Novíssimos, que reúne algumas da vozes mais emblemáticas da nova literatura portuguesa.

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Americanah, Chimamanda Ngozi Adichie (Companhia das Letras)
Principal autora nigeriana de sua geração e uma das mais destacadas da cena literária internacional, Chimamanda Ngozi Adichie parte de uma história de amor para debater questões prementes e universais como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero. Bem-humorado, sagaz e implacável, Americanah é, além de seu romance mais arrebatador, um épico contemporâneo. Vencedor do National Book Critics Circle Award, o livro teve os direitos comprados para o cinema pela atriz vencedora do Oscar Lupita Nyong’o.

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Os Luminares, Eleanor Catton (Biblioteca Azul)
Em 2013 o Man Booker Prize consagrou uma obra que quebrou paradigmas: Os Luminares, o livro mais longo e a autora mais jovem, Eleanor Catton, a receber o prêmio. A autora buscou no movimento dos astros as influências para seus personagens, dividindo o livro em partes que seguem as posições astrológicas dos signos de cada um dos envolvidos. Mas, se a Lua em Leão não explica desaparecimentos nem mortes suspeitas, a destreza de Catton costura as histórias mais surpreendentes, criando viradas repentinas na narrativa, conexões inesperadas, experiências com o misticismo e fecha firmemente as várias camadas da trama com clareza.

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O Pintassilgo, Donna Tartt (Companhia das Letras)
Vencedor do Pulitzer, ‘O pintassilgo’ é uma hipnotizante história de perda, obsessão e sobrevivência, um triunfo da prosa contemporânea que explora com rara sensibilidade as cruéis maquinações do destino.

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O Corpo Em Que Nasci, Guadalupe Nettel (Rocco)
Primeiro livro da mexicana Guadalupe Nettel, uma das escritoras mais representativas de sua geração na América Latina, a ser publicado no Brasil, pela coleção Otra Língua, O corpo em que nasci é inspirado na infância da autora, indelevelmente marcada por um problema no olho direito e um permanente sentimento de inadequação, bem como pelo ambiente em que cresceu, nos anos 1970 e 80, caracterizado pelas tentativas de quebra de padrões e pelos regimes autoritários em todo continente sul-americano. O último livro da autora, “Depois do Inverno”, ganhou o 32 prêmio Herralde, da Espanha.

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NW, Zadie Smith (Companhia das Letras)
Considerado um dos melhores livros do século XXI até o momento, por um grupo que inclui críticos de publicações como a revista Time e o jornal The New York Times, o livro de Zadie Smith volta o olhar para Londres, sua cidade natal, e mais especificamente para o bairro de Kilburn, na região de NW, onde culturas do mundo inteiro se encontram e se transformam, uma zona moldada por sucessivas ondas migratórias.

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A Visita Cruel do Tempo, Jennifer Egan (Intrínseca)
Partindo de um olhar cáustico sobre os caminhos imprevisíveis da indústria musical e o vaivém das celebridades, passando por uma análise impiedosa do casamento e da família e uma visão provocante do futuro dos Estados Unidos, A visita cruel do tempo é um livro incômodo, empolgante e irresistível. Vencedor do prêmio Pulitzer em 2011.

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Amada, Toni Morrison (Companhia das Letras)
A história de Amada se passa nos anos posteriores ao fim da Guerra Civil, quando a escravidão havia sido abolida nos Estados Unidos. Sethe é uma ex-escrava que, após fugir com os filhos da fazenda em que era mantida cativa, foi refugiar-se na casa da sogra em Cincinnati. No caminho, ela dá à luz um bebê, a menina Denver, que vai acompanhá-la ao longo da história. Amada tem uma estrutura sinuosa, não-linear – viaja do presente ao passado, alterna pontos de vista, sonda cada uma das facetas que compõem esta história sombria e complexa. Considerado um clássico contemporâneo, o livro da vencedora do prêmio Nobel faz um retrato a um tempo lírico e cruel da condição do negro no fim do século XIX nos Estados Unidos.

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A Louca da Casa, Rosa Montero (Nova Fronteira)
Em A louca da casa , a jornalista e ficcionista Rosa Montero fala da literatura, dos escritores com suas histórias e personagens, da imaginação e da narrativa ficcional. Mas aos poucos, para a surpresa de quem lê, a autora se oferece em espetáculo no ato de imaginar e criar uma narrativa literária com a sua própria biografia, e do mesmo modo vai revelando os segredos da corporação dos escritores. Surgem então os fingimentos de Goethe, a doença de fracasso de Walzer e a síndrome do sucesso de Capote, o drama do reconhecimento póstumo com Melville, o egoísmo de Tolstoi, a vaidade de Calvino, de modo que as entranhas da criação literária vão se tornando íntimas. Enfim, ficção, ou uma fabulação sobre os inventores de fábulas, a obra vai revelando como a vida de qualquer um de nós não funciona de modo diferente das narrativas ficcionais.

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A Redoma de Vidro, Sylvia Plath (Biblioteca Azul)
Único romance da poeta americana Sylvia Plath. O título retornou às livrarias no ano passado, 51 anos depois da primeira publicação e do suicídio da autora, em 1963. Sutilmente, a autora apresenta ao leitor o ponto de vista de quem vivencia o colapso. Esther tem uma visão muito crítica, às vezes ácida, da sociedade e de si mesma, mas aos poucos a indiferença se instaura, distanciando a moça do mundo à sua volta. Me sentia muito calma e muito vazia, do jeito que o olho de um tornado deve se sentir, movendo-se pacatamente em meio ao turbilhão que o rodeia.
Ao lidar com sua depressão, Esther também realiza a transição de menina para uma jovem mulher. Mais que um relato sobre problemas mentais, A redoma de vidro é uma narrativa singular acerca das dores do amadurecimento.

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A Última Névoa e A Amortalhada, María Luisa Bombal (Cosac Naify)
Romance de estreia de María Luisa Bombal, A última névoa, lançado em 1935 em Buenos Aires, marca um dos momentos iniciais da escrita feminina contemporânea latino-americana e narra a história de uma mulher aprisionada no casamento com o primo, um fazendeiro viúvo que não esqueceu a primeira mulher. Em A amortalhada, escrito três anos mais tarde, Ana María repassa sua vida e seus amores a partir do leito de morte. Em ambos os casos, a atmosfera onírica e a linguagem poética confundem os limites entre razão e imaginação.

Crônicas

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A Menina Quebrada, Eliane Brum (Arquipélago)
Eliane pode escrever sobre a Amazônia profunda, como alguém que cobre a floresta desde os anos 90; ou pode provocar pais e filhos, com uma observação aguda das relações familiares marcadas pelo consumo; ou pode refletir sobre a ditadura da felicidade, que tanta infelicidade nos causa. O que não muda são a profundidade e a seriedade com que ela trata cada tema. O que não é surpresa é seu enorme talento para enxergar muito além do óbvio. Essa combinação transformou sua coluna de opinião em um fenômeno de audiência. Este livro reúne seus melhores textos e dá ao leitor uma fotografia do nosso tempo, visto pelo olhar de uma repórter que observa as ruas do mundo disposta a ver. E que escreve para desacomodar o olhar de quem a lê.

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O Louco de Palestra, Vanessa Bárbara (Companhia das Letras)
Em O louco de palestra estão reunidos alguns dos melhores e mais deliciosos textos da jovem escritora brasileira. Originalmente publicadas em jornais (como Folha de S.Paulo e Estado de S. Paulo) e revistas (como piauí), as crônicas versam sobre o bairro paulistano do Mandaqui – a zoada Combray de Vanessa -, seus tipos peculiares e sua animada vida social, hilariantes resenhas de linhas de ônibus, comentários sobre televisão, observações sobre o urbanismo paulistano e (como no caso da crônica que empresta seu título ao livro) a cristalização de um tipo que sempre existiu, mas que, graças às palavras de Vanessa Barbara, alcançou a eternidade: o louco de palestra, aquele sujeito meio abilolado que intervém, comenta e causa em palestras, conferências, debates, colóquios. O texto, publicado na revista piauí, é hoje um pequeno clássico da nova crônica brasileira.

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A Descoberta do Mundo, Clarice Lispector (Rocco)
Seleção de crônicas publicadas originalmente na coluna semanal que Clarice Lispector escrevia aos sábados, no Caderno B, do Jornal do Brasil, entre agosto de 1967 e dezembro de 1973. Nela, divagava sobre temas variados: da infância no Recife a uma passeata contra a ditadura nas ruas do Rio de Janeiro; seu processo de criação; a satisfação em receber o carinho dos leitores e as particularidades da sua vida familiar. Em A descoberta do mundo, Clarice mostra-se disponível em externar seus sentimentos sem pudor nas páginas do jornal.

Contos

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Fugitiva, Alice Munro (Biblioteca Azul)
Vencedora do Nobel de Literatura de 2013, Alice Munro apresenta em Fugitiva as obscuras e frágeis fundações de relacionamentos, de descobertas juvenis ou tardias, de enfrentamento ou aceitação de mistérios no universo feminino. As mulheres de Munro, e especialmente neste livro, se encontram em constante questionamento: a idade, o trágico e o belo de correr atrás de um homem que acaba-se de encontrar no trem, a insegurança e o desejo em forças opostas na relação entre marido e esposa.

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A Estrutura da Bolha de Sabão, Lygia Fagundes Telles (Companhia das Letras)
Esta reunião de oito contos escritos por Lygia Fagundes Telles em épocas e circunstâncias diversas atesta não apenas a excelência da prosa da autora mas também a sua condição de notável “pesquisadora de almas”, conforme a definiu o crítico Nogueira Moutinho.

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Tipos de Perturbação, Lydia Davis (Companhia das Letras)
Tipos de perturbação reúne 57 narrativas breves de uma das mais potentes e originais contistas em atividade, Lydia Davis. São peças literárias de difícil classificação, trafegando na fronteira entre o conto, o ensaio, a poesia e a filosofia. O elemento comum, além da maestria técnica da autora, é o desejo de colher os personagens em suas íntimas inseguranças e em seus desajustes com o meio circundante – os “tipos de perturbação” que dão título a um dos contos e ao livro.

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A Mulher Desiludida, Simone de Beauvoir (Nova Fronteira)
O livro reúne três narrativas sobre uma questão central, que poderia ser definida como “a condição feminina”, numa sociedade ainda dominada pelos homens. Simone reuniu nesse livro três novelas de mulheres de meia idade que, repentinamente, enfrentam crise, solidão e fracasso.

Não Ficção

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Quarto de despejo, Carolina Maria de Jesus (Ática)
Do diáro da catadora de papel Carolina Maria de Jesus surgiu este autêntico exemplo da literatura-verdade, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. Com uma linguagem simples, mas contundente e original, a autora comove o leitor pelo realismo e pela sensibilidade na maneira de contar o que viu, viveu e sentiu durante os anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com seus três filhos.

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Um teto todo seu, Virginia Woolf (Tordesilhas)
Baseado em palestras proferidas por Virginia Woolf nas faculdades de Newham e Girton em 1928, o ensaio Um teto todo seu é uma reflexão acerca das condições sociais da mulher e a sua influência na produção literária feminina. A escritora pontua em que medida a posição que a mulher ocupa na sociedade acarreta dificuldades para a expressão livre de seu pensamento, para que essa expressão seja transformada em uma escrita sem sujeição e, finalmente, para que essa escrita seja recebida com consideração, em vez da indiferença comumente reservada à escrita feminina na época.

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Memórias de Uma Mulher Impossível, Rosie Marie Muraro (Rosa dos Tempos)
Memórias de uma mulher impossível’ aborda a vida de Rose Marie Muraro, uma testemunha dos acontecimentos políticos, culturais e ideológicos do século XX no Brasil.

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Só Garotos, Patti Smith (Companhia das Letras)
‘Só Garotos’ é uma autobiografia nada convencional. Tendo como pano de fundo a história de amor entre Patti e Mapplethorpe, o livro é também um retrato confessional da contracultura americana dos anos 1970.

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Eu Sou Malala, Malala Yousafzai e Christina Lamb (Companhia das Letras)
O livro acompanha a infância da vencedora do Nobel da Paz de 2014 no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã. Escrito em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, este livro é uma janela para a singularidade poderosa de uma menina cheia de brio e talento, mas também para um universo religioso e cultural cheio de interdições e particularidades, muitas vezes incompreendido pelo Ocidente.

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Orange is The New Black, Piper Kerman (Intrínseca)
Livro que originou a premiada série da Netflix, em ‘Orange Is the New Black’, Piper apresenta casos curiosos, perturbadores, comoventes e divertidos do dia a dia no presídio. Cercada de criminosas, logo percebe que aquelas mulheres são muito mais complexas do que ela imaginava. Ao mesmo tempo que aprende a conviver com regras arbitrárias e um rigoroso código de conduta, Piper revela as alegrias e angústias das presidiárias e analisa a crueldade com que o sistema carcerário as desumaniza e faz com que sejam invisíveis ao mundo exterior.

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Persépolis, Marjane Satrapi (Companhia das Letras)
Marjane Satrapi tinha apenas dez anos quando se viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita – apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão do povo persa. Vinte e cinco anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que se transformou, Marjane emocionou leitores de todo o mundo com essa autobiografia em quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares e que também ganhou adaptação para o cinema, dirigida pela própria Marjane, sendo indicada ao Oscar de melhor animação em 2008.

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Você é minha mãe?, Alison Bechdel (Companhia das Letras)
Nesta continuação de Fun Home, Bechdel segue na trilha de seu passado, investigando agora a relação com a mãe, uma atriz amante de música e literatura presa a um casamento infeliz. Num relato emocionante e divertido, a autora se debruça sobre o abismo que a separa de sua mãe – que parou de tocar ou beijar a filha antes de dormir, “para sempre”, quando ela tinha sete anos – em busca de respostas e de novas perspectivas para o futuro de ambas.

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Último Aviso, Franziska Becker (Boitempo Editorial)
Oscilando brilhantemente entre a profunda seriedade e bobagens absurdas, Franziska criou, com o conjunto de seus trabalhos, uma grande crônica sobre o contemporâneo, abordando situações familiares e atuais, mas de relevância atemporal. Sua visão do mundo apresenta um retrato surpreendente e, por vezes, irritante de nossa existência, colocando o leitor entre o sonho e a realidade.

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Azul é a Cor Mais Quente, Julie Maroh (Martins Fontes)
Clementine é uma jovem de 15 anos que descobre o amor ao conhecer Emma, uma garota de cabelos azuis. Através de textos do diário de Clementine, o leitor acompanha o primeiro encontro das duas e caminha entre as descobertas, tristezas e maravilhas que essa relação pode trazer.
Em tempos de luta por direitos e de novas questões políticas, “Azul é a Cor Mais Quente” surge para mostrar o lado poético e universal do amor, sem apontar regras ou gêneros. O livro ganhou uma bela (e polêmica, gerando controvérsia até mesmo com a autora) adaptação para o cinema em 2013.

Erotismo

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Pornô Chic, Hilda Hilst (Biblioteca Azul)
Em 1990, Hilda Hilst completava 60 anos, 40 deles dedicados à literatura. Insatisfeita com a publicação de seus livros em pequenas tiragens, o silêncio da crítica e a repercussão restrita, a poeta decidiu escrever “adoráveis bandalheiras”. A experiência deu origem à Trilogia Obsena formada por O caderno rosa de Lori Lamby, Contos d’escárnio – textos grotescos, Cartas de um sedutor e ao livro de poemas Bufólicas. Pornô chic reúne os quatro títulos, ilustrados, traz o inédito Fragmento pornográfico rural e fortuna crítica que aborda a polêmica fase erótica de Hilst.

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Delta de Vênus, Anaïs Nin (L&PM)
Escritas no início da década de 40 sob a encomenda de um cliente misterioso, estas histórias se passam num mundo europeu-aristocrático decadente, no qual as crenças de alguns personagens são corrompidas por novas experiências sexuais e emocionais. Discípula das descobertas freudianas, Anaïs Nin aplicou nestes textos a delicadeza de estilo que lhe era característica e a pungência sexual que experimentou na sua própria vida. Mais do que contos eróticos, Delta de Vênus oferece ao leitor histórias de libertação e superação.

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História de O, Pauline Réage (Ediouro)
A História de O é uma novela sadomasoquista que veio a público poucos anos antes da morte da autora. Publicada em 1954, é uma fantasia de submissão feminina de uma fotógrafa parisiense de moda que é vendada, acorrentada, chicoteada, marcada, feita para usar máscara, e ensinada a estar sempre disponível para o sexo oral, vaginal e/ou anal. Em fevereiro de 1955, o livro ganhou o prêmio francês de literatura Prix des Deux Magots, embora isso não tenha evitado que as autoridades francesas acusassem o editor de obscenidade. As acusações foram rejeitadas pelos tribunais, mas um boicote publicitário ocorreu durante longos anos. Isso porque a sociedade não teve cabeça aberta o suficiente para entender o caminho que a sexualidade pode tomar em seus momentos mais escuros.

Poesia

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Um útero é do tamanho de um punho, Angélica Freitas (Cosac Naify)
Em seu segundo livro, a gaúcha Angélica Freitas reúne 35 poemas que têm a mulher como centro temático: procurando definir que figura feminina é essa que nossa cultura trata de desenhar e que se desconstrói incessantemente, a autora questiona de um lado o mundo, de outro a própria identidade.

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Poética, Ana Cristina César (Companhia das Letras)
Ana Cristina Cesar deixou em sua breve passagem pela literatura brasileira do século XX uma marca indelével. Tornou-se uma das mais importantes representantes da poesia marginal que florescia na década de 1970, justamente pela singularidade que a distanciava das ‘leis do grupo’. Criou uma dicção muito própria, que conjugava a prosa e a poesia, o pop e a alta literatura, o íntimo e o universal, o masculino e o feminino – pois a mulher moderna e liberta, capaz de falar abertamente de seu corpo e de sua sexualidade, derramava-se numa delicadeza que podia conflitar, na visão dos desavisados, com o feminismo enérgico, característico da época.

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Euteamo e suas estreias, Elisa Lucinda (Record)
O escritor Antonio Olinto classifica como “neopagãos” os versos de Elisa Lucinda, e afirma que “sua poesia é a de plena emoção, que não se pode deixar de ler ou, se a autora estiver perto, ver e ouvir”. Como afirma Alice Ruiz na apresentação do livro, “hoje, sim, o ser mulher está dito… E, bem no centro… a voz lúcida de Elisa Lucinda. Corajosa, desabrida, sem-vergonha, forte e guerreira, desvendando os mistérios do pensamento e dando um banho de sentimentos.

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Rabo de Baleia, Alice Sant’Anna (Cosac Naify)
Rabo de baleia é o segundo livro da poeta carioca Alice Sant’Anna. São trinta e cinco poemas: intervenções no cenário cotidiano irrompendo sem aviso, como um rabo de baleia na superfície da água, para transformar a percepção do que parecia acabado e impermeável. Nas palavras da crítica Heloisa Buarque de Hollanda, Alice é sem dúvida uma protagonista da nova poesia no Brasil, e Rabo de baleia um livro “já definitivo”.

Ficção Científica

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A Mão Esquerda da Escuridão, Úrsula K. Le Guin (Aleph)
Livro vencedor dos Prémios ‘Hugo’ e ‘Nebula’ (1969) traça um caminho de extrema originalidade por um mundo gelado de seres andróginos. Le Guin explora criativamente os temas da identidade sexual, incesto, xenofobia, fidelidade e traição deixando, como na maior parte dos seus trabalhos, uma poderosa mensagem social que nos convida a ir além do racismo e sexismo. Um livro fascinante do princípio ao fim descrito como “um brilhante rasgo de imaginação” e considerado um dos grandes romances do século XX. Um imperdível clássico de ficção científica.

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O Conto da Aia, Margaret Atwood (Rocco)
Com esta história assustadora, Margaret Atwood leva o leitor a refletir sobre liberdade, direitos civis, poder, a fragilidade do mundo tal qual o conhecemos, o futuro e, principalmente, o presente. O conto da aia já foi transformado em filme, peça de teatro, ópera, audiolivro e dramatização radiofônica.

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Universo Desconstruído, Aline Valek e Lady Sybylla (Independente/Clube de Autores)
Dez contos, dez universos que desconstruíram os estereótipos de gênero, de cor, de sexualidade dentro da ficção científica, através do viés feminista e inclusivo.

Policial

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Objetos Cortantes, Gillian Flynn (Intrínseca)
Famosa por seu best-seller Garota Exemplar, adaptado no ano passado para o cinema, Objetos Cortantes é o livro de estreia da autora e se trata de um romance policial com nuanças psicológicas recebido com entusiasmo pelo público e pela crítica dos EUA que prende o leitor do início ao fim.

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Inferno, Patrícia Melo (Rocco)
Vencedor do Prêmio Jabuti, Inferno narra o dia a dia de Reizinho, menino pobre que começa a trabalhar para o tráfico de drogas aos 11 anos e se torna líder do morro. Em uma narrativa rápida e tensa, a autora cria uma teia de eventos que tem como resultado um olhar sobre a metrópole, a miséria do morro e os contrastes entre esses dois universos.

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O Talentoso Ripley, Patricia Highsmith (Companhia das Letras)
Clássico da literatura policial, o livro ganhou duas versões para o cinema: a primeira, feita em 1959 pelo diretor René Clémente, tinha Alain Delon no papel de Ripley e, no Brasil, ganhou o título de
O sol por testemunha; a segunda, com Matt Damon no papel principal, filmada por Anthony Minghella em 1999, recebeu o nome de O talentoso Ripley.

Aventura e Horror

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Insanas…elas matam!, Celly Borges (Estronho)
Publicada por uma pequena editora, Insanas é uma antologia escrita somente por mãos femininas que procurou “tirar dessas mulheres o que elas têm de mais cruel de dentro delas. Nem nos piores dias de TPM da sua namorada ou esposa você poderia imaginar tanta violência, descontrole e sadismo”.

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Crônicas Vampirescas, Anne Rice (Rocco)
Crônicas Vampirescas é o nome dado ao conjunto de nove livros de Anne Rice, que narra a história dos vampiros Lestat, Louis, Armand e outros. O primeiro volume foi Entrevista com o Vampiro, traduzido por Clarice Lispector no Brasil e que ganhou uma famosa adaptação para o cinema em 1994. Neste ano, a editora Rocco lançou “Entrevista Com o Vampiro: a história de Cláudia”, adaptação em graphic novel feita por Ashley Marie Witter que reconta a história sob um ponto de vista inédito: o da vampira criança Cláudia, a imortal de 6 anos de idade, órfã e assassina, vítima e monstro, representada por Kirsten Dunst na versão cinematográfica.

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As Brumas de Avalon, Marion Zimmer Bradley (Imago)
Neste romance, a lenda do rei Artur é contada pela primeira vez através das vidas, das visões e da percepção das mulheres que nela tiveram um papel central. Trata-se, acima de tudo, da história de um profundo conflito entre o cristianismo e a velha religião de Avalon.

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Jonathan Strange & Mr. Norrell, Susanna Clarke (Companhia das Letras)
Misturando ficção e fatos históricos, Jonathan Strange & Mr. Norrell levou dez anos para ser escrito e foi baseado em uma extensa pesquisa da autora sobre a história da magia inglesa. O livro combina a mitologia fantástica de J.R.R. Tolkien com a comédia de costumes de Jane Austen, de quem Clarke é admiradora confessa, e ainda acena ao romantismo, à observação social de Charles Dickens e à literatura gótica de Anne Radcliffe. Recebeu o Hugo Award e foi adaptado para a TV pela BBC.