a continuação de “sex and the city – o filme” brindará fãs de todo mundo com mais um prolongamento para a série, que terminou em 2004. caso a leitora ainda não tenha assistido ao filme de 2008 e deseja fazê-lo, recomendo que termine a leitura da colunano fim deste parágrafo: nos próximos, recapitularei a primeira película e, em seguida, elaborarei uma sinopse do que penso ser um destino justo para cada personagem da continuação, que começou a ser filmada na semana passada.
no “sex and the city” que foi aos cinemas em 2008 vimos carrie, a protagonista vivenciada por sarah jessica-parker, ficar noiva do namorado, o eterno canastrão mr. big. a notícia causa frisson e carrie não apenas ganha um editorial na vogue falando sobre o casamento como amealha um vestido de noiva de vivienne westwood – presente da própria estilista. só que o pesadelo de qualquer futura esposa se torna realidade: tomado por um cagaço disparado num jantar na noite anterior, quando miranda, traída pelo marido, pragueja contra matrimônios em geral, mr. big resolve dar o bolo em cima da hora. sim, carrie é abandonada na porta da igreja. a partir daí o cinema cai em prantos; mesmo os esforçados namorados e maridos das espectadoras falham em conter as próprias lágrimas.
para apoiar integralmente a devastada carrie, miranda, charlotte e samantha decidem acompanhá-la àquele que seria seu destino de lua de mel: um resort no méxico. situações engraçadas e reflexões a respeito de suas vidas ocorrem paralelas à lenta recuperação da heroína. de volta aos stêitz, a devoradora de homens samantha, há anos fiel ao galã smith, luta com todas as forças para não cair em tentação com um vizinho garanhão; após passar a série inteira pensando ser estéril e ter adotado uma chinesinha, charlotte descobre que está grávida; e miranda volta pro marido steven, que no fundo é gente fina. nos últimos minutos, big finalmente ressurge, reconquista carrie e os dois se casam no cartório.
uma vez exposta a situação, creio que a continuação de “sex and the city – o filme” deveria se chamar “sex and the city – a vingança de carrie, a estranha”. após muitos anos sendo feita de idiota por big, culminando exponencialmente com a tragédia do casamento, é mais que justo que carrie vire o jogo. sugiro que ela tenha um caso com aidan, o ex-namorado amoroso, sensível e dedicado, e passe um momento bela da tarde em casa com ele, de modo que big os pegasse entre lençóis no final do dia. ia ser bem feito. não apenas seria a vingança de carrie como também de aidan, que sofreu um bocado quando soube que big tinha seduzido sua então namorada na terceira temporada.
mas acontece que carrie herself não merece aidan. aidan é demasiado incrível e possível para as expectativas macho alfa/ conto de fadas da moça. então aidan, mais pleno de amor próprio, descartaria carrie com açúcar em cima – o que não chega a ser um problema, já que, sem planejar, ela acabou cumprindo a merecida vendetta. o preço que carrie sempre pagou por suas necessidades afetivas medíocres foi alto demais com big; agora eles estão quites.
big, no entanto, não concorda: uma vez ornamentado com um par de cornos, ele revê seus longos anos de comportamento cretino e conclui que carrie ainda está no crédito. decide perdoá-la, mas nossa bonita reconheceria a própria verdadeira natureza interior: you´re not the marrying kind, já teria dito o ainda marido quando ambos apenas flertavam, e ela decide se separar. ficaria com o apartamento e abraçaria os quarenta e poucos anos à moda – e ao lado – de samantha, a loba ícone da saga, que agora está com cinqüenta e mais apetite do que nunca. resultado: muito mais assunto para a colunista do new york star, possibilitando o retorno de uma série que nunca deveria ter fim.
para ser muito honesta, e já que agora charlotte terá um bebê próprio, eu adoraria que ela devolvesse a filha adotiva para pequim. poucas crianças me despertaram tanta fúria quanto a sino-pirralha ao desligar o telefone celular de carrie no dia do casamento. inclusive sobraria espaço físico para que miranda entregasse o filho braidy diariamente para ser cuidado por charlotte, podendo finalmente abraçar a sociedade de um escritório de advocacia e recuperar o gracioso look executivo e tom cínico que sempre a caracterizou.
em suma: meu roteiro seria um retorno às origens – uma ótima notícia para as quatro amigas. embora carrie e charlotte tenham passado os oito anos de série preocupadas com o status de solteiras, não restam dúvidas de que a primeira estava bem melhor sem big. charlotte, por sua vez, nasceu casada, e continuar assim no segundo filme é redundante. já samantha e miranda fariam todo jus às grandes maravilhas da autonomia feminina: cada uma desempenharia seus papéis ainda mais fabulosamente que antes – uma na cama, outra no escritório – e provariam aquilo que muita gente já sabe: a idade de ouro da mulher começa mais tarde do que os desavisados imaginam.