O 11º Janela Internacional de Cinema do Recife divulga programação completa. O festival será realizado de 7 a 11 de novembro, no Cinema São Luiz e no Cinema da Fundação e reúne mostras competitivas, sessões de clássicos e programas especiais.
O vencedor da Palma de Ouro, Assunto de Família, de Hirokazu Kore-eda; Imagem e Palavra, novo filme de Jean-Luc Godard e uma cópia restaurada de Central do Brasil, de Walter Salles, estão entre os destaques.
Nesta edição, o festival terá duração menor que nos últimos anos, segundo os organizadores, devido a uma readequação orçamentária, mas o evento segue reunindo obras que ganharam destaque no circuito de festivais pelo mundo, além de descobertas e cópias restauradas.
“É uma edição especial, mais curta (5 dias no lugar dos 10). Com os cortes de patrocínio que atingiram muitos festivais de cinema esse ano, e com o clima geral do país, achamos que seria importante fazer uma edição especial, não só para juntar filmes mas também juntar as pessoas em torno de filmes e ideias. E estamos orgulhosos da programação de curtas e longas, da arte criada por Clara Moreira que mais uma vez expressa o que o Janela faz e sente, e também dos filmes que juntamos”, afirma Kleber Mendonça Filho, diretor artístico do festival.
“Estou feliz que o Janela, apesar das dificuldades num momento tenso no país, ofereça mais uma vez um espaço de cinefilia no Recife, um refúgio pautado pela arte e pela liberdade de expressão. Exibiremos 50 filmes do mundo inteiro, entre restaurações e premières mundiais de curtas e longas”, destaca Emilie Lesclaux, co-diretora e produtora.
Ingressos
A entrada para as sessões de longas no Cinema São Luiz custam R$ 6,00 (inteira) e R$ 3,00 (meia). As sessões de curtas no São Luiz custam R$ 3,00 (meia para todos). Já os ingressos para as sessões de longas no Cinema da Fundação e no Cinema do Museu custam R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia). As sessões de curtas no Cinema da Fundação e no Cinema do Museu custam R$ 5,00 (meia para todos).
As vendas antecipadas de ingressos pelo site Sympla são exclusivas para as sessões do Cinema São Luiz, iniciam terça-feira (06/11), às 10h, e continuam durante todo o festival . A plataforma cobra uma taxa adicional de R$ 2,00 por ingresso.
Os filmes
A programação do 11ª edição do Janela Internacional de Cinema do Recife inicia na quarta-feira (07/11). No Cinema São Luiz, o festival começa, às 15h15, com o Programa Brasil Distópico Vol. 1 com a exibição de Abrigo Nuclear, filme brasileiro de ficção científica de 1981, produzido e dirigido na Bahia por Roberto Pires. Às 17h, teremos Programa Especial de Curtas Estamos Todos Juntos, seguido pela sessão do longa-metragem russo O Homem Que Surpreendeu Todo Mundo (The Man Who Surprised Everyone), de Natalya Merkulova e Aleksey Chupov, em competição.
A abertura oficial começa, às 21h, com o curta Quantos Eram Pra Tá?, de Vinicius Silva (premiere mundial), que revela o cotidiano de três jovens negros estudantes da USP, e o longa-metragem brasileiro Temporada, de André Novais Oliveira, premiado melhor filme do 51º Festival de Brasília.
No Cinema da Fundação (Derby), a programação inicia, às 16h, com o programa da Mostra Competitiva de Curtas Internacionais “Feche os Olhos. Abra os Olhos”. Às 18h15, é exibido o longa chinês Longa Jornada Noite Adentro – segundo longa de Bi Gan, que teve seu Kaili Blues exibido no Janela -, um apaixonado acontecimento de cinema, um fluxo noturno de imaginação, delírio e virtuosismo com exibição em 3D. O filme fez parte da seleção Un Certain Regard, de Cannes 2018.
A Mostra Competitiva de Longas-Metragens reúne filmes nacionais e internacionais. Fazem parte da programação filmes expressamente ambientados em contexto de conflito político, como o documentário Kinshasa Makambo, de Dieudo Hamadi, observação ombro a ombro da impressionante militância no Congo, na intensa luta por eleições livres, ou Vermelho Sol, de Benjamin Naishtat (coprodução Brasil – Argentina), em que um advogado (vivido por Dario Grandinetti) se vê envolvido em investigação no ambiente de desaparecimentos políticos e paranóia geral na Argentina da década de 70.
Há também o filipino Tradução Nervosa (Nervous Translation), da jovem cineasta Shireen Seno, que acompanha uma garota de 8 anos que, entre fitas cassetes de música pop e exercícios de inglês, descobre uma caneta que pode “traduzir”, à maneira de uma escrita mágica, os pensamentos e sentimentos do complexo mundo dos adultos. Inspirado no folclore russo, O Homem Que Surpreendeu Todo Mundo (The Man Who Surprised Everyone), de Natasha Merkulova e Aleksey Chupov, se torna uma fábula política sobre um guarda florestal da Sibéria que assume a sua identidade de gênero e um novo padrão de comportamento como forma de enfrentar a sua própria mortalidade.
Da produção nacional, participam Temporada, de André Novais Oliveira, e Inferninho, de Guto Parente e Pedro Diógenes. O primeiro é uma fábula realista do Brasil contemporâneo, enquanto o segundo é ambientado num bar no Ceará, um refúgio para criaturas incríveis que abriga um conto de fadas em defesa da possibilidade de amar e do que o amor pode mudar.
Os clássicos
O festival mais uma vez tem programa de clássicos. Entre os filmes, estão títulos com cópias recém-restaurada, como os brasileiros Central do Brasil (1998, de Walter Salles), que completa 20 anos, e Pixote – a Lei do Mais Fraco (1980, de Hector Babenco). A mostra de clássicos traz ainda A Morte do Demônio (The Evil Dead, 1981, Sam Raimi, Estados Unidos), Asas do Desejo (1988, Wim Wenders, Alemanha Ocidental), também com cópias restauradas no último ano, além da descoberta do raro Oponentes Invisíveis (Invisible Adversaries, 1977, VALIE EXPORT, Áustria) e a oportunidade de ver em cinema A Ascensão (1977, Larisa Shepitko, União Soviética). A exibição de Central do Brasil no dia 10 de novembro, no Cinema São Luiz, será seguida de debate com o ator Vinícius Oliveira, que protagonizou o filme ao lado de Fernanda Montenegro.
Na faixa de programas convidados, o festival conta com um recorte da Mostra Brasil Distópico, já realizada no Rio de Janeiro, com curadoria de Rodrigo Almeida e Luís Fernando Moura. O programa conta com quatro filmes que levaram para as telas de cinema desencantos e assombros coletivos próprios aos presentes em que foram produzidos. Por vezes esses filmes apresentaram visões futuristas, com recursos da ficção científica, seja na ecodistopia Abrigo Nuclear (1981), de Roberto Pires; ou nas visões ainda infantis, impressionantes, de Brasília em Amor e Desamor (1966) e Brasília, Capital do Século (1959), ambos de Gerson Tavares.
A faixa conta também com exibição de Conversas do Maranhão (1983), documento fundamental do contato do diretor Andrea Tonacci com os índios Canela Apãniekra nos anos 1970, que se tornaria um manifesto pela demarcação de terras em imagens raras e antológicas. Todos os filmes serão exibidos em cópias restauradas nos últimos anos.
O festival apresenta filmes que se destacaram no circuito dos festivais recentemente em sessões especiais, fora de competição. Entre eles, estão o longa pernambucano Azougue Nazaré, de Tiago Melo, que estreou no Festival de Roterdã; Domingo, de Clara Linhart e Fellipe Barbosa, que teve estreia no Festival de Veneza; Los silencios, de Beatriz Seigner, exibido na Quinzena dos Realizadores de Cannes; Diamantino, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, que passou na Semana da Crítica, também em Cannes; e Futebol Infinito, do romeno Corneliu Porumboiu, exibido no Festival de Berlim e grande alegoria para o pensamento em tempos de opressão e resistência. O Janela exibe ainda o curta Liberdade, de Vinícius Silva e Pedro Nishi, vencedor do Prêmio Especial do Júri no último Festival de Brasília.
Alguns dos principais filmes do ano terão pré-estreia no Janela. O vencedor da Palma de Ouro, Assunto de Família, de Hirokazu Kore-eda; Imagem e Palavra, novo filme de Jean-Luc Godard; Verão, de Kirill Serebrennikov, drama sobre o rock na Rússia soviética.
Da nova safra da produção pernambucana, são exibidos ainda os curtas Guaxuma, de Nara Normande; Reforma, de Fábio Leal; Caçador, de Leonardo Sette, em sessão especial no Cinema São Luiz.
O cineclube pernambucano Toca o Terror, dando continuidade à sua participação no Janela, apresentará a sessão em pré-estreia do longa brasileiro Morto Não Fala, história de terror sobre o trabalhador de um necrotério, vivido pelo ator Daniel de Oliveira, que tem o dom paranormal de se comunicar com os mortos. O sangrento longa de estreia do gaúcho Dennison Ramalho teve première mundial no Fantasia International Film Festival.
Os curtas
As mostras competitivas de curtas-metragens nacional e internacional reúnem 19 obras, sendo dez curtas brasileiros e nove estrangeiros. Os filmes irão competir nas categorias melhor som, montagem, imagem e melhor filme. As obras brasileiras concorrem ainda ao prêmio Canal Brasil de Curtas que estimula a nova geração de cineastas, contemplando o curta vencedor com o troféu Canal Brasil e um prêmio no valor de R$ 15 mil. Além disso, o Canal Brasil exibe em sua programação o curta vencedor, que no ano seguinte concorre ao Grande Prêmio Canal Brasil de Curtas, no valor de R$ 50 mil. Veja a programação completa dos curtas.
Aula de cinema
A roteirista e realizadora Anna Muylaert participa do Janela com uma aula de cinema no dia 10 de novembro, às 10h, no Cinema da Fundação. Realizadora de Durval Discos e Que Horas ela Volta?, convida cinéfilos, realizadores e roteiristas para a leitura do seu próximo roteiro, com a participação dos atores Fábio Leal e Maeve Jinkings. A leitura de um roteiro de cinema antecede a existência de um filme e é uma oportunidade única de compartilhar e testar ideias para o novo projeto. As inscrições são gratuitas através do email janeladecinema.recife@gmail.com.