A atriz e diretora Vitória Vasconcellos será uma das representantes do Brasil e de Pernambuco no 76º Festival de Cannes, que acontece entre os dias 16 a 27 de maio, na França. Está será a segunda vez que a recifense marca presença no evento. Desta vez, ela exibirá o recém-lançado curta Bleed, Don’t Die (Sangra, Não Morre), que foi selecionado para o Marché du Film, o Mercado do Filme de Cannes.
“Ser selecionada novamente do mercado de Cannes é um privilégio enorme e uma oportunidade única de compartilhar meu trabalho, fortalecer conexões interacionais e aprender com as inúmeras obras do multiverso que é Cannes. Nosso curta foi feito por um pequeno grupo de recém-formados e gravado entre uma floresta e a pequena sala da minha casa, e poder estar com ele no maior mercado de cinema do mundo, discutindo projeto do longa, é uma conquista pra gente”, celebra Vasconcellos, que, em 2021, esteve na França com seu primeiro trabalho profissional, Pathei Mathos.
De gênero fantástico, Bleed, Don’t Die acompanha duas irmãs que tentam consertar seu relacionamento conturbado no dia em que o mundo vai acabar. Para a cineasta, o que parece ser o fim, pode ser a oportunidade para o recomeço. “O fantástico tem essa força para debater elementos humanos que tentamos esconder de forma sutil. Queremos mostrar que as vezes o primeiro passo para ‘salvar’ o mundo é curar as feridas que dividimos com aqueles que amamos. Nos inspiramos no poema medieval Perceval, que fala sobre a morte e a vida que vem da cura. É algo que sempre existiu, mas que ficou escancarado com tudo que aconteceu nos últimos anos”, explica.
O filme surgiu quando a pernambucana foi uma das 20 cineastas emergentes selecionadas para o Laboratório de Desenvolvimento do Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF). A produção conquistou o prêmio TIFF Canadá Goose Share Her Journey e fez da diretora a embaixadora do prêmio em 2022.
“Apesar do projeto ser uma co-produção EUA e Canadá, trata-se de uma produção dirigida por uma nordestina de Recife. Gosto de enfatizar isso porque quero que meu trabalho represente que, assim como a gente fala em Recife, ‘quem tem limite é munícipio’. Que nós nordestinos podemos ocupar todos esses espaços que parecem inalcançáveis. Estou no começo de uma carreira que não existiria sem os artistas do nordeste, que romperam barreiras internacionais e nos mostraram que é possível sonhar além. Por isso eu trabalho para que minha voz se junte a esse coro, e fortaleça ainda mais nosso Nordeste”, reflete.