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“Existe um Homem Selvagem”, de Hugo Dubeux, lida com dilemas da masculinidade contemporânea

A partir de uma escrita que mais parece um apelo, o autor discute erros e dores do homem moderno em meio a uma sociedade patriarcal

Existe Um Homem Selvagem
Hugo Dubeux
Independente, 2024. 134 páginas. R$ 39,90


Existe um Homem Selvagem, obra poética de Hugo Dubeux, emerge como um manifesto de autocompreensão e crítica aos dilemas da masculinidade contemporânea. Neste livro, o autor se propõe a lançar um olhar penetrante sobre os erros e as dores do homem moderno, situado em uma sociedade patriarcal e colonial, em um esforço para reconectar-se com sua essência primitiva e natural.

Através de uma escrita que mais se assemelha a um apelo íntimo, quase uma carta endereçada ao leitor, Dubeux procura oferecer não apenas uma reflexão sobre os excessos da opressão masculina, mas também um convite ao resgate de um prazer genuíno e à cura das feridas históricas que os homens carregam. Contudo, ao longo da obra, o autor se vê aprisionado em sua própria busca por redenção, resultando em um texto que não convence, uma vez que sequer deveria convencer.

A leitura da obra de Dubeux se desenrola com um tom de confissão que tenta, repetidamente, justificar o peso da dor masculina. Em vez de provocar uma reflexão genuína sobre os efeitos nefastos da opressão, o texto se perde em uma autocomiseração que, em muitos momentos, beira o autoengano. A reflexão proposta sobre o corpo, o prazer e a liberdade, temas centrais na obra, perde força quando os próprios questionamentos do autor parecem ficar limitados a uma busca por justificação.

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O leitor, portanto, é constantemente convidado a sentir o desconforto das falhas de um homem que se coloca em uma posição de fragilidade, sem, contudo, provocar uma real transformação ou reconstrução do seu lugar nesse sistema opressor. A tentativa de construir um novo olhar sobre a masculinidade parece ser mais uma tentativa de auto perdão do que uma reflexão que nos conduza a uma ação coletiva e efetiva.

 Existe um Homem Selvagem é uma obra que, apesar de suas intenções sinceras, não logra êxito em estabelecer um diálogo significativo e revolucionário sobre os desafios da masculinidade contemporânea. Ao invés disso, ela recorre a uma autoindulgência excessiva que, mais do que contribuir para o debate, acaba enfraquecendo-o. 

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