Especial Rússia: GUM

GUM2 Moscou

GUM2 Moscou

GRANA QUE DESVENDA A RÚSSIA
Lenin se revira no mausóleu em frente à loja GUM, antiga loja do Estado, hoje símbolo da abertura econômica do Leste

O dinheiro é a resposta para o enigma que é a Rússia. A alcunha de misteriosa foi pintada por Wiston Churchill na primeira metade do século passado, mas hoje ocidentais endinheirados sentem-se em casa nas enormes butiques de luxo de Moscou e São Petersburgo. O maior símbolo do triunfo do capitalismo sobre os tempos de regime fechado e zero de futilidade é o shopping GUM. As ironias são muitas: o shopping de três andares fica na histórica Praça Vermelha, exatamente em frente ao mausoléu de Lenin, onde está guardado o corpo mumificado do antigo líder. E a proposta está longe de ser popular: marcas como Lacoste, Dolce & Gabbana, Dior, Adidas e HP, além de restaurantes de alta gastronomia preenchem suas mais de 200 lojas.
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Construído em 1893, ainda na imperialista, o local tinha cerca de 1200 lojas em 1917, ano da Revolução Russa. Foi usada pelo regime comunista como a loja oficial do Estado a partir de 1953. Um dos únicos lugares onde a população poderia ter contato com roupas e utensílios do ocidente, toda a União Soviética vinha ao GUM fazer compras, como uma espécie de meca do consumo nos tempos da Cortina de Ferro. “Lembro de como meu pai gastava tempo em Moscou para nos conseguir roupas decentes.

As filas eram enormes”, lembra Anton Kodenko, autor de um guia online sobre Moscou. Vendida para a iniciativa privada nos anos 90, o local se tornou termômetro para a abertura da economia. As marcas de alta costura dominam os corredores do segundo e terceiro andar, enquanto o térreo, as joalherias gritam no melhor estilo exagerado russo. Tudo é pomposo.

O lugar ainda vende memorabilia dos tempos soviéticos e peças do folclore, tudo com detalhes que encarecem o preço. Nada pode ser popular ali. Moscou ainda tem outros shoppings que impressionam pelo tamanho. O Evropeisky, tido como o maior centro de compras da Rússia tem oito andares, dezenas de restaurantes, supermercados, feira e até um metrô interligado. Ocidentais podem se assustar ao ver pessoas fumando na praça de alimentação. De resto, o consumo é bem familiar. [Paulo Floro]

 

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