Sábado, 17 de outubro, o Manhattan Café Theatro recebe o primeiro show da turnê Piano e Batucada da pianista e cantora carioca Maíra Freitas.
Este é o segundo disco de Maíra que abre mão de cordas e sopros para experimentar. Apoiada pelo produtor Sacha Amback e pelas percussões de Guilherme Oliveira, Maíra se apoia nos seus teclados, feitos, loops, sintetizadores e na sua voz. O álbum Piano e Batucada conta também com participações especiais de parceiros como sua irmã Martn’ália, o também carioca João Sabiá, o gaúcho Filipe Catto, o paraense Felipe Cordeiro e, ainda, o grupo baiano Ilê Aiyê, com quem gravou em Salvador sua versão para “Feeling Good”, sucesso interpretado por Nina Simone.
Conversamos com Maíra sobre o show abre-alas da turnê do disco que acabou de sair.
Maíra, você possui formação em piano clássico, música erudita, e ultimamente tem se aventurado na música popular. Como foi esta transição para você?
A música erudita e a popular sempre estiveram muito presentes na minha vida. Estudei piano erudito desde muito pequena até a faculdade, trilhei os caminhos do estudo formal em todas as etapas. O piano erudito preparou minha técnica, minha base, graças a ele tenho liberdade para fazer o que eu quiser musicalmente. Ao mesmo tempo, a música popular está presente em todos os cantos do mundo, em todas as casas. Dessa forma, a minha transição foi muito natural. Chegou uma hora em que eu cansei de tocar Beethoven e, de repente, me vi estudando as levadas do Cesar Camargo Mariano. Depois me descobri cantora e agora estou nesse caminho fazendo o segundo disco. Quem sabe o que virá depois?
Você vem de uma família musical de peso e referência para a música brasileira. Quais são as vantagens e desvantagens?
Como toda família, eu aprendo muito com meu pai, meus irmãos e toda a família musical que nos rodeia. É um privilégio ter contato direto com grandes músicos desde pequena, ouvir histórias, compartilhar experiências, entrar e sair do palco e do estúdio como se esses lugares fossem a extensão da nossa casa da maneira mais natural, com alegria, carinho e cuidado. Sou muito grata por tudo isso.
Quais são as suas principais influências?
Difícil dizer. Gosto de tanta coisa… As vezes me perguntam em que rótulo a minha música se encaixa, MPB? Samba? Jazz? Música instrumental? World music? Pop? Eletrônica? Não faço ideia. Eu ouço quase tudo, ouço música boa, feita com esmero, com o coração. Ouço os grandes mestres da música. Meu ipod vive num eterno shuffle que vai da música clássica à mpb, jazz, musica contemporânea, novos artistas brasileiros, phunk norte-americano, pop, r&b, música nordestina, folk, sei lá. Hoje em dia a tecnologia te proporciona isso. Ouvir de tudo mesmo.
O que é música para você?
Música é a minha vida, minha casa, minha comida.
Qual seria o ambiente perfeito para escutar “Piano e Batucada”?
Em casa com um vinho e um amor ao lado, no fone de ouvido andando de bicicleta ou num ônibus lotado, em dias de festa pra animar a galera num churrasco, num quarto de hotel pensando na vida, num subwoofeer de um carro aberto com som nas alturas em frente à praia tomando cerveja. Ou seja, qualquer lugar!
Você a descreve “Lembrar de que” [lançada para download pela Natura Musical] como “a música é de balançar o corpo e se deixar levar”. Você poderia falar um pouco da inspiração para criar esta música?
A maioria das minhas músicas e arranjos nasce no piano, escolho um tom e começo a viajar, tocar, pensar na vida e cantarolar. Essa música foi um desses casos, ela nasceu da levada do piano, uma coisa meio África, meio Pará. No meio de tudo isso fui dar uma volta pela casa e achei um livro de poesias do Fernando Pessoa. Era aquilo, foi pura sorte na verdade, a letra nasceu daquele poema. Tenho que me lembrar, mas me lembrar de quê? Achei isso incrível, super Maíra. Pronto, a música nasceu.
O primeiro show da turnê do disco será aqui no Recife. Está ansiosa para colocar o bloco na rua? Você poderia falar um pouco do que preparou para esta apresentação?
Adoro Recife, já passei o carnaval lá, amo. Estou bem ansiosa pra esse show Piano e Batucada. Temos uma formação um pouco fora do comum, eu toco piano e teclados e sou acompanhada por Cassius Theperson, na bateria, e Guilherme de Oliveira, na percussão. No último ano eu mergulhei a fundo no mundo dos loops ao vivo e entrei numa com a tecnologia. Acho muito interessante pois vão ter alguns momentos do show que eu vou gravar ao vivo o teclado e soltar em seguida, tudo programado por computador, temos loops de voz, baixo sintetizado analógico, e timbres diversos. São diversas Maíras tocando pianos diferentes e explorando timbres. Nada é previamente gravado, estamos colocando o estúdio dentro do palco e tudo pode acontecer!