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Duda Beat volta mais refinada e dançante em “Tara & Tal”

Bastante consciente de sua própria estética, cantora pernambucana se volta para inspirações na música eletrônica, mas mantém apelo melancólico

Duda Beat volta mais refinada e dançante em “Tara & Tal”
4.5

Duda Beat
Tara & Tal

Universal, 2024 / Gênero: Pop


Duda Beat ainda segue como um nome refrescante no pop nacional. Longe de estar saturada, ela conseguiu se consolidar no mainstream da música brasileira em um tempo curto, sem perder sua identidade indie. Nessa trajetória interessante, uma coisa é certa: ela se reinventa na sua sonoridade, embora mantenha o lado emotivo e melancólico das composições que acabaram virando sua “marca”. Não é diferente em Tara & Tal, no qual ela parece ter refinado ainda mais esse processo artístico.

Como a própria Duda já declarou, Tara & Tal é um álbum sobre o desenvolvimento de uma relação em dois momentos: “Tara”, primeiro instante de tensão sexual, exploração de corpos e seus desejos; seguido pela paixão frustrada, desilusões e melancolia, o “Tal”. Um conceito que foi transmitido pela própria divisão de faixas do disco, com as seis primeiras músicas cantando sobre a “Tara” e as seis últimas sobre o “Tal”. Uma abordagem que funciona muito bem e que demonstra a capacidade da cantora pernambucana de montar a narrativa de seus trabalhos, tão bem executada no seu lançamento anterior, Te Amo Lá Fora (2021), e agora superada. 

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Foto: Gabriela Schmidt / Divulgação.

Na sua estética sonora, esse álbum é o mais dançante da cantora, com uma pegada muito forte nos gêneros de música eletrônica, principalmente influências do Miami Bass, bem presente em “SAUDADES DE VOCÊ” – que foi o primeiro single do disco -; o Jersey Club em “doidinha” e o drum & bass de “teu beijo”. Além de tudo isso, ainda há muito proveito de instrumentos de corda, principalmente guitarras potentes, incluindo a presença de Lúcio Maia e seus acordes em “Cocodub (Afrociberdélia)”, logo na abertura do disco. 

Aliás, a produção do disco, coproduzido pela cantora, Tomás Tróia e Lux Ferreira – que estão com ela desde 2018 – é um dos destaques do projeto como um todo. Há muita originalidade, sobretudo pela criatividade em compor músicas multifacetadas, com mudanças bruscas no instrumental, sendo “NiGHT MARé” o melhor exemplo dessa exploração. Com músicas que fogem do previsível, algumas faixas se apequenam por serem mais “fechadas” na sua sonoridade, como “PREPARADA” e “Quem Me Dera”, parceria com Liniker que traz inspirações do samba, sem nenhuma novidade. 

Ainda que existam esses pequenos tropeços, Tara & Tal os supera, e não apenas pela sofisticação sonora. As letras de Duda Beat aparecem melhores do que nunca, principalmente na segunda metade do álbum, quando a melancolia e a desilusão ganham espaço. “BABY” e “Na Tua Cabeça” são poeticamente detalhadas e capturam o ouvinte nos momentos de identificação entre os versos e situações emocionais que todos nós já passamos nessa vida. 

Tara & Tal se mostrou o melhor álbum de Duda Beat até agora. Um trabalho polido, que conseguiu amalgamar referências vindas de muitos lugares e moldar todas dentro do seu território artístico, um trabalho que só pode ser bem executado dessa maneira por artistas muito cientes de sua própria identidade.

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