Assim como o Globo de Ouro, o Grammy seguiu o tom do momento de mudanças e empoderamento da mulher. Diversas estrelas que passaram pelo tapete vermelho ou pelo palco da premiação, neste domingo (28), usaram seu espaço para se se manifestar contra os assédios e abusos sexuais cometidos por figuras de poder do meio e que foram denunciados em 2017.
Famosos cruzaram o tapete vermelho com uma rosa branca em apoio às estrelas do Time’s Up, organização de Hollywood fundada por mulheres como Reese Witherspoon e Shonda Rhimes e que promove não só o apoio às sobreviventes de violência sexual no cinema e na tevê, como também a educação de mulheres a respeito de seus direitos diante de desigualdades de gênero.
A cantora começou sua performance de Praying, canção dirigida ao seu abusador – o produtor Dr. Luke -, e logo ganhou a companhia de outras estrelas femininas da música, todas vestidas de branco. Entre elas Camila Cabello, Cyndi Lauper, Julia Michaels, Bebe Rehxa e Andra Day.
Antes da bombástica performance da colega Kesha, a cantora fez um discurso emocionante em apoio ao movimento Time’s Up. “Artistas, compositoras, assistentes, CEOs, produtoras, engenheiras e mulheres de todos os setores, também somos filhas, esposas, mães, irmãs e seres humanos. Viemos em paz. E para aqueles que ousam tentar nos silenciar, oferecemos duas palavras: Time’s up. é hora de acabar com pagamentos desiguais, com descriminação, com assédios de todos os tipos, com o abuso de poder. Não está acontecendo só em Hollywood, nem só em Washington, está em nossa indústria também. Vamos trabalhar juntas, mulheres e homens, como uma indústria musical unida, comprometida com a criação de ambientes de trabalho mais seguros, pagamentos iguais e acesso para todas as mulheres”.
A jovem, que começou fazendo no seu quarto vídeos que se tonaram virais no YouTube, se transformou em uma cantora pop com consciência social, ganhou neste domingo o Grammy de artista revelação. A canadense de 21 anos, que cresceu em um subúrbio de Toronto, ganhou na categoria que incluía o jovem cantor Khalid, com quem colaborou na música sobre uma linha telefônica de prevenção do suicídio 1-800-273-8255. Ao lado de Shakira, que ganhou como melhor álbum latido de pop, a artista foi uma das poucas vencedoras do sexo feminino na premiação.
Depois de se negar a se apresentar na premiação por não ter direito a uma performance solo, como muitos homens, a cantora neozelandesa fez um protesto diferente. Em seu Instagram ela revelou sua “versão para a rosa branca”. Poucos perceberam, mas ela escondia em seu vestido vermelho uma mensagem de empoderamento da artista Jenny Holzer, Inflammatory Essay, que diz: “Animem-se. Nossos tempos são intoleráveis. Tenham coragem, pelo menos o pior é o prenúncio do melhor. Só circunstâncias terríveis podem precipitar a queda dos opressores. O antigo e corrupto deve morrer para que o justo possa triunfar. A contradição será elevada. O apocalipse vai florescer”
Vestida com uma calça jeans, camiseta e descalça, a cantora interpretou Wild Hearts Can’t Be Broken em homenagem ao movimento Time’s Up.