Ícone do funk e da música eletrônica global, a carioca Deize Tigrona está de volta com um novo EP: NÓS É FIRME, NÃO É CREME, disponível nas principais plataformas digitais desde a última sexta-feira (18). A produção musical é de Mahal Pita, KD SOUNDSYSTEM e DJ Chernobyl. As pistas deste lançamento são lançadas por Deize logo de cara no nome do EP, que encapsula um significado próprio da artista, relacionando o funk clássico com o contemporâneo.
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NÓS É FIRME, NÃO É CREME finca uma postura de reposicionamento do funk e, principalmente, da favela, como berço central do eixos culturais brasileiros, perscrutando ideias há muito lançadas por Carolina de Jesus e mais recentemente, Conceição Evaristo: “o funk tem o poder de mudança, só falta a sociedade admitir que […] querem usufruir do funk esquecendo da origem, (a) favela”.
O EP é um manifesto frente à tentativa de induzir uma palatabilidade do funk e seu consequente embranquecimento. “Diz que tapinha não dói, dou outro em você”, canta Deize, na faixa de abertura do trabalho, “Atual MTG”, com a irreverência que é sua marca registrada.
A segunda faixa do disco, “Emanuel”, começou a ser escrita por Deize há 10 anos atrás e lentamente foi tomando forma, sendo apresentada ao mundo da forma que é hoje. A faixa aborda temas pertinentes à sociedade atual e seu entrelaçamento com as mídias e redes digitais, mostrando o olhar afiado de Deize para o mundo ao seu redor e suas mudanças. “Eu era pura e vou te matar”, canta a protagonista da canção, vítima da misoginia e da exploração costumeira dos corpos femininos, mas que promete retaliação sem meios termos.
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“Melhor Amiga”, única parceria do projeto, a primeira entre Deize e a paulista MC Tha, é a terceira e a última faixa do EP. A canção surge de um lugar íntimo das raízes familiares da artista carioca, principalmente a relação de Deize com a sua avó. “Receba essa reza/ E nunca duvide de mim”, é a mensagem que a divindade que protege Deize reitera na faixa.

Deize diz que as músicas de Thá são “alimentos para a natureza, tão suaves quanto um vento fresco” e que canções como “Rito de Passá” a transportaram para memórias afetivas de outros tempos, de sua infância, no terreiro, ao lado da avó. “Quando mandei minha escrita para Thá, expliquei que eu estava agoniada. Ela sacou na hora e depois de um tempo me enviou a parte dela na música. Eu fiquei tão eufórica que abri meu coração. Foi lindo a conversa e foi lindo no estúdio”, relatou Deize.


