Crítica: Tão Forte e Tão Perto, de Stephen Daldry

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LUTO DIFÍCIL DE ENTENDER
Melodramático, filme trata da tragédia do 11 de setembro pela perspectiva de um menino excepcional

Por Paulo Floro

O 11 de Setembro ainda não conseguiu firmar uma obra com impacto suficiente dentro da história do cinema, como já aconteceu em outros momentos da história. Talvez por ter sido explicitamente registrado a ponto de esvaziar espaço para imaginação (vimos tudo ao vivo, logo em seguida pelo YouTube, não precisamos dos filmes), ou porque ainda seja um pano de fundo para histórias pouco compreendido. Tão Forte e Tão Perto, dirigido por Stephen Daldry é ousado ao tratar abertamente do tema, a ponto de utilizar imagens que até hoje perturbam o espectador. Tudo isso, contado através da perspectiva de um pré-adolescente com necessidades especiais.

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Baseado no elogiado livro Extremamente Alto e Incrivelmente Perto, o longa não consegue causar o mesmo impacto que o autor Jonathan Safran Foer teve na literatura. É que no livro há pequenas ousadias estéticas e narrativas que o filme decidiu ignorar. Na verdade, Daldry levou sua trama de modo tradicional, apostando basicamente no melodrama – muita gente saindo do cinema às lágrimas, com certeza. A história fala do menino Oskar Schell, que perde o pai (Tom Hanks) nos ataques ao World Trade Center, em setembro de 2001. Excepcional, ele tem dificuldades em se relacionar com as pessoas, e é obcecado por segurança. Também não tem uma boa relação com a mãe (Sandra Bullock), esta também fragilizada e solitária e tão vítima quanto Oskar daquele “pior dia”.

Tudo muda quando Oskar encontra uma chave em um envelope no armário do pai, onde não entrava há um ano. Ele então parte em uma busca para encontrar a fechadura ideal por cinco distritos de Nova York. Desta forma, ele acredita receber uma última mensagem de seu pai morto. A maior parte do longa é dedicada a esta saga, topando com tipos dos mais variados, com destaque para Viola Davis, numa participação pequena, mas muito tocante.

A tragédia do 11 de Setembro não chega a ser literal em nenhum momento, e ganha ares de “onde você estava naquele dia”. Nesse mote, Tão Forte e Tão Perto é um drama familiar (dramalhão, na verdade) sobre como lidar com a perda. Mas, diz muito sobre como os americanos em particular, ainda sofrem para entender o ocorrido. Daldry, que especializou-se em emocionar plateias, caso dos filmes As Horas e Billy Elliott, pesou um pouco a mão no melodrama, chegando a dar toques teatrais em como o luto das torres afetou a vida dos personagens.

Outro problema do filme é que o personagem principal, cativante e desafiador no livro, é um garoto insuportavelmente antipático na tela. Revelação do ano passado, o pequeno Thomas Horn, 14 anos, saiu-se muito bem como o superprecoce Oskar. Mas é mesmo um personagem difícil. O longa ganha em delicadeza quando aparece Max Von Sydow, que interpreta o inquilino na casa da avó do menino. Neste momento, Tão Forte e Tão Perto abandona por um momento o tom estridente e melodramático que imprime desde os créditos iniciais.

Com boa passagem pelo circuito de festivais, onde foi destaque na Berlinale do ano passado, o filme ganhou duas indicações ao Oscar, melhor filme e ator coadjuvante para Max Von Sydow. Mas, ainda é um registro irregular de um momento tão importante das sociedades modernas que foi a queda do WTC.

loudTÃO FORTE E TÃO PERTO
Stephen Daldry
[Extremely Loud & Extremely Close, EUA, 2011]
Warner Bros.

Nota: 7,0