Em novo disco, Spektor mantém drama e romance, mas com bom humor
Por Juliana Dias
É o sexto álbum da carreira da cantora russa naturalizada americana Regina Spektor, com onze músicas que misturam letras sentimentais, uma dose de otimismo e muitas brincadeiras com a voz. Produzido por Mike Elizondo (que realizou trabalhos do Avenged Sevenfold e Maroon 5), What We Saw From The Cheap Seats, possui mais arranjos de piano, mas continua pop e acessível, especialmente nas músicas sobre fim de relacionamento (“How”).
Sem perder o bom humor e a simplicidade, o disco possui músicas como “Ballad of a Politician”, quando compara políticos a prostitutas, “The Party”, que brinca com sons labiais e “Marcello”, arriscando um sotaque italiano, com falas, canto e alguns barulhos. “Ne me quit pas”, animada versão do clássico de 1959 de Jacques Brel, torna-se “Don’t Leave Me”, com partes em francês e em inglês.
Nas músicas, percebemos emoções espontâneas e muito do romance que caracteriza Regina Spektor. Mas também temos uma dose de realismo, não tão otimista assim, como é o caso de “Firewood” (“someday you’ll wake up and you’ll feel a great pain and you’ll miss every toy you ever owned” – “Algum dia você vai acordar e vai sentir uma grande dor e perderá todos os brinquedos que já possuiu”), sem perder a esperança de levantar por aí e viver, por mais que nem tudo esteja bem (“Jessica, wake up! It’s February again, we must get older, so wake up” – “Jessica, acorde! É fevereiro novamente, temos que envelhecer, portanto levante!”).
Spektor mostra que é uma das melhores vozes da atualidade e ainda há muito a ser feito, especialmente quando ela revisita clássicos e dá uma cara mais autoral. Na versão deluxe, ainda existem três faixas que valem a pena serem ouvidas: “Call them brothers”, “The prayer of François Villon” e “Old Jackson”.
REGINA SPEKTOR
What We Saw From The Cheap Seats
[Sire, 2012]
Nota: 7,8