Crítica: Janelle Monáe | The Electric Lady

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FUTURISTA E FEMININA
Novo disco de Janelle Monáe mostra que a cantora segue acertando com sua mistura de funk, soul e ficção-científica

Por Josafá Santana

Depois de três anos do aclamado disco The ArchAndroid (Suites II and III), Janelle Monáe chega em 2013 com The Electric Lady, um trabalho que mantém seu compromisso com as influências do funk, R&B e soul sem perder de vista a modernidade confusa da contemporaneidade. Recheado com participações, o disco escorre naturalmente entre as pegadas eletrizantes (à James Brown) e as batidas melódicas clássicas. O desafio do disco é criar um universo metafórico da convergência de um futuro hipotético dominado por androides – “Is your food taste plastic?” e a força feminina.

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Os grandes destaques ficam por conta dos convidados que dividem os vocais com a cantora. De lendas vivas como Prince e Erykah Badu a artistas mais jovens como Speranza Spalding, Miguel e Solange, essas participações conseguem extrair a essência desses artistas e contribuem para solidificar a personalidade de cada faixa. E claro, reafirmar o estilo de Janelle, cada vez mais reconhecível e isolado dentro do pop mainstream.

A colaboração do eterno “Purple Man” na música Give ‘Em What They Love embala e celebra uma negritude que exala das vozes e acordes num fluxo de notas agudas. Já na conhecida faixa Primetime, é fácil se deixar seduzir pelos versos lascivos de Miguel Bang bang, I’m calling your name/You’re like a fire the world can’t tame/ Tonight is me and you alone/This’ll be a personal private dance, um verdadeiro convite à total entrega sem culpa e pudores – O que mais desejar?

Janelle mostrou uma grande evolução desde o último trabalho no sentido de não fazer muito esforço para deixar sua assinatura em cada faixa. É tudo uníssono. Cada riff parece preenchido com referências, de forma metódica, colocado para nos submergir nesse apocalipse emergente. Na parceria com Solange Knowles, a música tema ganha todo o gingado da mulher do guetto que leva sua vida independente e sem medo dos padrões sociais taxativos. Seguindo a vibe girl power, o dueto com Erykah Badu e carro-chefe do álbum Q.U.E.E.N., floresce como hino à liberdade feminina no século 21 Baby, aí vem a música da liberdade. Não há dúvidas que as lutas pela igualdade estão mais acesas que nunca.

Como não podiam faltar, as batidas marcantes de funk alucinantes corroboram para a imposição da originalidade da cantora, como em We Were Rock and Roll” e “Dance Apocalyptic. Speranza Spalding colabora com uma canção que flutua entre o soul e o jazz, marca registrada de sua carreira e contribui para o equilíbrio rítmico do disco. Para finalizar a obra, Janelle traz What Experience uma canção suave (no melhor estilo Michael Jackson) para acalmar os ânimos que foram eletrizados pela carga explosiva desse tal apocalipse.

Consonante com sua proposta musical e estética, The Electric Lady consolida Janelle como uma das artistas mais criativas de sua geração, conseguindo arquitetar as heranças da música negra e as propostas musicais da atualidade. E é com esse pé no passado com olhos no futuro que ela postula sua musicalidade excêntrica e nos convida a vislumbrar esse universo surreal da pós-modernidade com um toque feminino que só ela é capaz de oferecer.

janelle-monae-electric-lady-standard-coverJANELLE MONÁE
The Electric Lady
[BadBoy/Wondaland, 2013]
[Recomendado]

Nota: 8,5